quarta-feira, dezembro 16, 2009

Amores que vem, amores que vão, amores que vem de novo...

A vida é tão louca que às vezes chega a ser engraçada. Eu andei pensando esses dias na poesia que é amar e deixar de amar, gostar desesperadamente de alguém e depois passar a olhar apenas com uma leve simpatia, quase uma dó.

Eu sou uma pessoa que já vivi alguns amores intensos, alguns realizados, outros não. Sempre achei que o platonismo fosse coisa de adolescente, até que entendi, por meios nada agradáveis, que as pessoas mais velhas, adultas, também podem sofrer deste mal. Querer alguém, e não poder realizar o desejo, é algo por demais dolorido, mas a gente sobrevive.

O que tem me deixado curiosa é o fato, cada vez mais comprovado pelos indivíduos normais através de experiências empíricas, que quando você deixa de amar alguém, esta pessoa então passa a demonstrar estrondoso interesse por você.

Será por que? Será medo de perder aquele que se sabe apaixonado? Será por insegurança? Será que, ao chegarmos a certa idade, temos tanto medo da rejeição que optamos por não nos aventurar? Mas, será que não deveria ser justamente o contrário?

Parece a música do Lulu (posso tratá-lo assim de forma tão íntima porque ele já "cuidou" de mim noites e mais noites com suas músicas incríveis), a vida vem em ondas com um maaaaaaaaarrrrrr... num indo e vindo infinito... É como se alguns se negassem a deixar seu posto de amado, de criatura adorada, e insistissem em permanecer ali, naquele pedestal em que a gente, burra e inutilmente, coloca alguns seres.

E quando você nem se lembra mais da pessoa, nem se lembra de mandar-lhe um cartão de Natal, nem se lembra de passar um sms pelo seu aniversário (é, meus queridos, porque na vida, tudo passa mesmo), a pessoa reaparece, e te liga com um sorriso de orelha-a-orelha do outro lado da linha (que você não vê, mas sabe que está amarrado que nem um laço, como diz minha amiga Clarice). E te convida para um projeto, um trabalho, um almoço, uma visita a uma exposição daquela artista famosa... e você, que em outros tempos estaria com o coração aos pulos, diz apenas, "é, pode ser, qualquer dia desses, quem sabe?" e fica se olhando no espelho e perguntando: "Cadê aquela mulher apaixonada de anos atrás? Onde é que ela foi parar?"

Então, entende que, na vida, tudo é relativo mesmo. E que é importante relativizar para tornar os amores mais suaves, as paixões menos intensas, as dores mais suportáveis, e a vida mais fácil de viver... porque senão a gente "pira na batatinha", sem direito a "maionese"...

E é tão interessante, tão mesmo esta história de se sentir desejado, ou apenas procurado pelo seu obscuro-objeto-do-desejo, que me faz lembrar uma frase que ouvi recentemente:

"Na vida, não devemos colocar ninguém num pedestal: certamente, esta pessoa terá que olhar pra baixo para falar com você e você terá que olhar pra cima pra falar com ela. É muito perigoso".
(Kent Greenes)

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