segunda-feira, junho 19, 2006

Um segredo

Verdes, laranjas e violetas iluminam
uma pequena igreja que brilha sozinha
emoldurada pelo crepúsculo do anoitecer.
No rádio, um blues romântico embala meus sonhos.

Se eu sonho acordada, não vejo mais nada.
Me sinto inebriada com tantos devaneios...

A igreja, o anoitecer e o blues
compõem um cenário bonito e melancólico
para um sonho de amor.

Fecho os olhos e esqueço
que estou nesse ônibus
rodeada de pessoas que desconheço.
Elas não escutam meu blues,
não sonham o meu sonho,
sequer percebem o cenário a nossa volta.

Não sabem com quem eu sonho, umas tolas.
Nem vêem a boca que eu beijo, os olhos que eu vejo.
Não sabem que mãos enlaçam as minhas mãos,
nem os braços, que me envolvem num forte abraço,
tão reconfortante!

Não sabem de nada. É o meu segredo!

De olhos fechados, seu cheiro me invade,
me toma conta, parece que você está aqui,
ao meu lado, tão real,
tão perto, tão certo.
Quase posso sentir seu hálito, seu perfume,
ouvir o seu riso,
rever a linha da sua mão, tão longa,
tanto para viver...

No blues, a mulher pede mais uma chance...
Mais uma chance.

A paisagem se torna mais familiar...
as ruas, as árvores, as pessoas,
esse lugar que é tão meu.
E não é de ninguém.

Vida real que me chama.
Estou quase chegando.

Acordo sem você desse sonho de amor,
Sabendo que amanhã tem mais.

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