quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Uma ode às tardes ardentes do Rio de Janeiro que para muitos têm terminado em banhos de mar (mas não pra mim!)

a tarde*

As tardes que serão e as que têm sido
são uma só, inconcebivelmente.
São um claro cristal, só e dolente,
inacessível ao tempo e a seu olvido.
São os espelhos dessa tarde eterna
que em um secreto céu se entesoura.
Naquele céu estão o peixe, a aurora,
a balança, a espada e a cisterna.
Um arquétipo, e todos. Assim Plotimo**
em seus livros (são nove) nos descreve;
bem pode ser que nossa vida breve
seja um fugaz reflexo do divino.
A casa a tarde elementar devassa.
A de ontem, a de hoje, a que não passa.

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* Jorge Luis Borges, poesia.
** Mais sobre Plotimo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Plotino

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