terça-feira, fevereiro 09, 2010

Etiqueta corporativa num Rio bem acima dos 40

12:30, Largo da Carioca. O "picolé" marca 47o C. Eu páro na frente dele e não acredito. Não pode ser. É muita coisa. Como não "fritar os miolos" desse jeito? Tento tirar uma foto, para ter certeza de que não estou ficando louca, mas o reflexo do Sol no vidro do termômetro é implacável.

Ontem, eu já tinha ficado louca ao ver o mesmo "picolé" marcar 48oC às 16:30, quando desci para tomar um suco. Não pude acreditar que era verdade. Mas, hoje, ao constatar uma temperatura parecida, percebi que estamos vivendo o final dos tempos.

Indo para o centro da cidade, o "downtown" do Rio de Janeiro, às vezes me pego reparando nos homens de gravata, com suas pastas imponentes e seus sapatos combinando, e me pergunto todas as vezes: "Como é que eles não estão assando nesta roupa"? "Como eles aguentam essa mortalha"? É uma tortura, já às 8:00 da manhã.

Na minha empresa, desde que liberaram o traje formal, como meio de encarar o verão, os homens relaxaram um pouco, mas não a ponto de substituir a manga comprida pela curta. Eles a preferem enrolada nos braços, que uma manguinha curta fresquinha. A camisa pólo, só às 5as e 6as, como era antes. Ninguém precisou dizer como deveria ser esse novo formal, eles simplesmente adotaram essa "moda" e assim vêm fazendo desde que o Presidente pôs um fim ao terno-e-gravata no verão.

Mas, e as mulheres? Como ficam? Qual é o novo formal das mulheres, sem o terninho convencional? Eu ainda não sei. Temos apelado para as saias e vestidos. Eles têm dado conta. Mas, pouco vemos as cores. Na maioria das vezes, não vemos estampas grandes, cores fortes e trajes parecidos. Só os lisos, saias envelopes, sapatos "peep-toe" (aqueles fechados com os dedinhos à mostra) e blusas de algodão, bem abertas e frescas.

Mas, e quando o informal fica vulgar? Como saber a medida? Como saber que certas blusas não caem bem ao ambiente corporativo, que calça branca às vezes chama atenção demais, que alguns decotes pedem um pouco de moderação?

Como combinar calor com profissionalismo? Você já pensou nisso? Como é que você faz? Se você tem que visitar um cliente, invariavelmente vai de terno e gravata? O cliente te espera nestes trajes? Ele está nestes trajes? O que vale mais, chegar limpo e fresquinho numa roupa mais leve ou com aquela incrível poça de suor embaixo do braço?

Se continuarmos como estamos, vamos acabar nos vestindo como os tuaregues no deserto do Sahara, tendo que usar roupas de algodão compridas, com um pano que proteja a cabeça do sol. É ou não é o final dos tempos?

E como diz um grande amigo meu, será que o motivo de tudo isso não se deve ao fato da Terra estar supostamente inclinando 1 ou 2 graus?

Nenhum comentário: