terça-feira, junho 21, 2011
Pequeno conto de fadas xadrez
Evitando perder o rei, entregou a rainha ao bispo negro. Deu sua cabeça numa bandeja de prata e torceu para achar saída que lhe permitisse manter o reino. A rainha obteve clemência e sua cabeça de volta. Colocaram-na em seu corpo, mas restou-lhe a cicatriz. Estava lá, para lembrar-lhe que, na hora de maior ameaça, de nada lhe servira a fidelidade ao reino, ao rei. Vão se as rainhas, ficam-se os anéis. Manteve-se ao lado do rei, ainda que magoada, por medo de se aventurar em outras terras, em aldeias longínquas. Não mais como rainha, mas como criada. Optou pela dor a lidar com o desconhecido. Mas, ao contrário do que esperava, a mágoa corroía-lhe o corpo, marcava-lhe o rosto, envelhecia a rainha, pobre e medrosa rainha. Tinha estado tão bem ali e por tantos anos. Quanto ao rei, quanto mais ela permanecia ao lado do rei, mas ele se enfraquecia. Perdera seu bem mais precioso: o respeito dos súditos. Um dia, em visita àquele reino, um trapezista do circo concedeu à rainha um grande ensinamento. É preciso voar, se aventurar, mas não sem antes assumir o seu lugar... de rainha. E foi então que ela despiu-se da capa do medo, que há anos lhe acompanhava e acolhia e partiu. Viveu grandes momentos felizes, até que a cicatriz finalmente desapareceu...
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