Um dia, conversando com uma amiga que frequenta aqui o blog, ela me relatou uma experiência sobre uma de suas amigas que a tinha associado a um momento ruim de sua vida e que, por conta disso, tinha se afastado dela, o que a princípio, a havia deixado muito triste. Mas, depois ela entendeu.
Aquilo me deixou encafifada por muito tempo, pensei à beça naquilo, porque pra mim era quase inimaginável que alguém a quem você ajudou num momento difícil de repente se afastasse de você simplesmente para não se lembrar do momento. Não dizem que a gente pode até se esquecer daqueles com quem rimos, mas nunca daqueles com quem choramos?
Acho que talvez esse seja o X da questão. A gente pode até não se esquecer das pessoas com quem choramos, e talvez, justamente por isso, a gente se afasta, para não se lembrar do momento da dor.
Essa semana, numa conversa com o maridão, ele me disse que existem mesmo pessoas que classificam as demais segundo a situação que viveram, e se foi um momento triste, colocam esse grupo de pessoas numa “gaveta” específica do cérebro. Se foi uma situação feliz, a “gaveta” é outra. E assim vão vivendo.
Isso me veio novamente à mente porque eu tenho vivido isso constantemente. Para alguns, sirvo como o ombro amigo... Constatei que como ombro amigo, não sirvo para soltar fogos com alguns amigos quando eles estão bem. Sou só um ombro, uma escora, em quem as pessoas se apóiam quando precisam.
Sei que isso é assunto para terapia, que talvez não seja tão simples assim, mas o fato é que Lacan foi o grande responsável por aproximar a psicanálise da literatura, então, enquanto seu lobo não vem, isso é, minha terapeuta, eu vou escrevendo nesse espaço aqui.
Eu não sei se sou tão evoluída quanto a minha amiga, que entendeu. Eu não entendo, não. Acho que amigos são para todas as horas. Não me venha chorar as pitangas se na hora da comemoração, eu não te sirvo. Pronto, falei!
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