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quarta-feira, julho 22, 2009

Viver e morrer

"A morte já está acontecendo. Quer você a encare ou não, quer você olhe pra ela ou não, ela já está presente.

É exatamente como a respiração. Quando uma criança nasce, ela inala, ela inspira pela primeira vez. É o começo da vida. E quando um dia ela ficar velha e morrer, ela exalará.


A morte sempre acontece com a exalação e o nascimento com a inalação. Mas a exalação e a inalação estão acontecendo continuamente. Em cada inalação você nasce; em cada exalação, você morre.


Assim a primeira coisa a ser compreendida é que a morte não está em algum lugar do futuro, esperando por você, como ela sempre foi pintada. Ela é parte da vida, ela é um processo contínuo - não no futuro, mas aqui, agora.


Vida e morte são dois aspectos da existência, simultaneamente acontecendo juntos".


OSHO - Vida, amor e riso. Editora Gente. Pp. 71.

Esta semana, Ana Lúcia, uma colega de trabalho incrível, fêz a passagem. Foi seguir o seu caminho longe de nós. Ana foi acometida por uma doença que a tirou do nosso convívio cedo demais. Sentimos sua falta desde que ela teve que se aposentar e, agora, que ela virou mais uma estrela no céu, sentiremos mais ainda. Lembro sempre de seu senso de humor e das palavras carinhosas com as quais sempre se dirigia a mim.

"A vida é cheia de som e de fúria... e eu não entendo nada!" Mas, eu me esforço pacas.

quarta-feira, junho 03, 2009

Gostar de alguém

O problema de você gostar de alguém é você acabar gostando mais do que deve.

(a frase é minha mesmo!)

quarta-feira, outubro 22, 2008

Pequenos milagres

Saiu do Centro Cultural Banco do Brasil, onde dava aula, e dobrou na Avenida Primeiro de Março. Eram cinco e meia da tarde e ela resolveu apertar o passo para ver se ainda encontrava a livraria do Paço Imperial aberta. Ela adorava uma livraria e, uma vez lá dentro, sabia que o gerente só poderia fechar suas portas depois que o último cliente - quem sabe, ela? - saísse.

Aquele era um horário de muito movimento. Pelas calçadas, pessoas andavam apressadas, sem se darem conta uma das outras. Tráfego intenso nas ruas, carros "costurando" o trânsito, guiados por seus condutores ansiosos, tudo isso era percebido por ela. Havia muita pressa em chegar por todos, mas sabe-se lá em que lugar!

De repente, ela, que subia a rua pela calçada da antiga farmácia Granado, atravessou em direção à igreja da Nossa Senhora do Carmo, subitamente atraída para o seu interior. Desviou-se do seu caminho para o Paço e, entrando na igreja, sentou-se e ficou admirando o altar. Percebeu que aquela igreja que ela não conhecia era realmente muito bonita, mas precisava de uma boa reforma, de reparos, de cuidado. Ficou olhando as imagens por breves cinco minutos e, do nada, o padre saiu da sacristia e veio em sua direção, dizendo:

- Oh! Que bom que você veio! Estávamos te esperando!

Ela olhou para os lados, para trás, e não havia ninguém, só ela. Então, concluiu, era com ela mesmo que aquele padre desconhecido estava falando. Ela nada respondeu, apenas levantou-se, permanecendo imóvel naquele lugar. O padre se aproximou dela e a abraçou, agradecendo a sua visita mais algumas vezes. Depois, tirou uma medalhinha da Nossa Senhora do Carmo do bolso da batina marrom e prendeu em sua blusa, do lado esquerdo, um pouco acima de seu coração, com a ajuda de um pequeno alfinete de fralda dourado. Não pediu doação alguma em troca, nem ela fez alguma menção de abrir a carteira. Apenas agradeceu. Disse-lhe que fosse com Deus, que já era hora, e que Nossa Senhora estaria sempre com ela. E ela foi.

Deixando a igreja, ela se deparou com uma cena inusitada. Um motociclista perdeu o equilíbrio e caiu com a moto no meio da avenida, na pista da esquerda, junto a calçada em que ela se encontrava esperando para atravessar. Sem pensar nas consequências, ela se jogou na frente dos carros para impedir que o rapaz fosse atropelado. Foi um ato-reflexo. Literalmente, ela parou o trânsito. Outros transeuntes ajudaram o rapaz a se levantar e levaram-no para a calçada, junto com a motocicleta avariada. Ela correu junto ao grupo para checar se ele estava bem, mas logo viu que ele já estava sendo assistido por aquelas pessoas solidárias. Despediu-se do grupo, ainda sem entender a gravidade do que fizera, e voltou-se para atravessar a rua em frente a igreja.

Lembrou-se de agradecer a Deus pela proteção ao chegar à livraria, já que ela poderia ter sido atropelada, não fosse por Ele (ou por essa força que rege o mundo terreno). Levou a mão à medalhinha presenteada e descobriu que não havia medalha, nem alfinete, nem furo em sua roupa. Surpresa, retornou à igreja. No caminho, procurou pela medalha no asfalto, nas calçadas, e nada.

Retornando à igreja, ela já estava fechada, aliás, como se nunca estivesse estado aberta. Há anos aguardava por verbas para uma reforma total.

Milagres acontecem?, ela se perguntou. E seguiu para casa sem resposta, mas com uma sensação de calor no coração.

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Este fato aconteceu comigo em 2001. Não é ficção. A igreja estava fechada mesmo há muitos anos. No dia 11 de agosto de 2006, foi assinado um contrato entre a Prefeitura do Rio de Janeiro – por meio da Secretaria Extraordinária do Patrimônio Cultural e Secretaria das Culturas – e a Fundação Roberto Marinho para a realização do projeto de revitalização da igreja. Nesta ocasião, também foi assinado um termo de cooperação técnica que envolveu, além das duas instituições, a Mitra Arquidiocesana e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. A igreja ficou muito bonita depois de recuperada e hoje, há uma grande fila de espera de noivos que querem realizar sua cerimônia de casamento nela.

sexta-feira, setembro 26, 2008

Ela acreditava em mim

Foi com olhar curioso e indiscreto que me deparei com aquela tatuagem. Pulando da nuca da moça, saiu a frase "Ela acreditava em mim". Com letras bem escritas, delineadas, perfeitas, me arrebatou e me deixou mais perplexa do que toda a exposição da Clarice.

O que será que aquilo significava? Quem acreditava nela, no tempo passado? A mãe? A irmã? A amiga? Uma namorada?

Criei um enredo. E descobri que sou dada a enredos, que começam e não têm fim, como os contos de Clarice. Como assim tatuar algo deste tipo na nuca e ainda deixá-la a mostra para que qualquer estranho - como eu - dê uma olhadinha?

Se é alguém que acreditava, não acredita mais. Então, como eu acho que quando nossos entes queridos morrem, continuam olhando por nós, esta pessoa - que acreditava, no passado (pretérito imperfeito) - não está morta. Estarão brigadas? Será ela, ela mesma, numa tremenda crise de auto-estima, quando se tatuou?

Enfim, miserável, você me deixou encafifada! Pena que eu não tive coragem de te cutucar e esclarecer este enigma. Mas, tudo bem, amanhã já esqueci!