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terça-feira, setembro 17, 2013

Piruá

Tenho pra mim que a Martha Medeiros é uma sábia mulher, assim como a Lya Luft. Elas conseguem filosofar sobre coisas simples e cotidianas. Esses dias, li um trecho de um livro dela (tenho vários) que dizia...


"Pesquisando sobre o tema, descobri que o milho que não estoura se chama piruá. Sabe aquele milho que sobra na panela e se recusa a virar um floquinho branco, macio e alegre? Piruá. E aí tenho que concordar com o escritor Rubem Alves, que já escreveu sobre o assunto: tem muita gente piruá neste planeta. Gente que não reage ao calor, que não desabrocha. Fica ali, duro, triste e inútil pro resto da vida. Não cumpre sua sina de revelar-se, de transformar-se em algo melhor. Não vira pipoca, mantém-se piruá. E um piruá emburrado, que reclama que nada lhe acontece de bom. Pois é. Perdeu a chance de entregar-se ao fogo, tentou se preservar, danou-se."


Pois é, depois de velha, esse se tornou meu maior medo. Não estourar, virar piruá. Quero muito do mundo, da vida, quero realizações, como se eu tivesse que realizar algo todos os dias para ser feliz! Por isso, anoto tudo que eu faço, como num diário. E como se eu pudesse quantificar e qualificar minhas realizações, vou levando a vida. Certa ou errada, esse é meu jeitim de viver...



Só sei que essa gana de viver e de realizar me impulsiona a viver e a caminhar, mesmo naqueles dias piores, onde a gente não tem força nem para levantar da cama. E assim a gente vai vivendo, fazendo bonito...

A única coisa que falta é o RISCO. Tenho que me conscientizar que viver é correr riscos, e botar mais adrenalina na história... mas, isso é assunto pra outro post.

terça-feira, julho 02, 2013

O que realmente importa...



Um professor estava diante de sua classe de filosofia e tinha alguns itens na sua mesa em sua frente.

Quando a aula começou, ele sem dizer uma palavra pegou num frasco de maionese grande e vazio e começou a enchê-lo com bolas de golfe.

Ele então perguntou aos alunos se o vidro estava cheio.

Eles concordaram que estava.

O professor, então, pegou uma caixa de fósforos e despejou dentro do vidro. Ele agitou-o levemente.

Os palitos de fósforo rolaram para os espaços entre as bolas de golfe.

Ele então perguntou novamente se o vidro estava completo.

Eles concordaram que estava.

O professor pegou uma caixa com areia e despejou dentro do frasco de maionese.

Claro, a areia preencheu todo o resto.

Ele perguntou novamente se o vidro estava cheio ..

Os alunos responderam com um unânime 'sim'.

O professor em seguida pegou duas cervejas que estavam debaixo da mesa e despejou o conteúdo do frasco preenchendo todos os espaços vazios entre a areia.

Os estudantes riram ..

'Agora', disse o professor como os risos, 'eu quero que vocês reconheçam que este frasco é a VIDA.

As bolas de golfe são as coisas importantes --- sua família, seus filhos, sua saúde, seus amigos e suas paixões favoritas --- e se tudo estivesse perdido, elas continuariam ali, sua vida ainda estaria cheia.

Os palitos de fósforos são as outras coisas que importam, como o seu emprego, sua casa e seu carro ..

A areia é todo o resto --- as pequenas coisas.

"Se você colocar a areia primeiro no vidro", ele continuou," não há espaço para os palitos de fósforo e as bolas de golfe.

O mesmo vale para a vida.

Se gastar todo o seu tempo e energia com as pequenas coisas, você nunca vai ter espaço para as coisas que são importantes para você.

Preste atenção às coisas que são determinantes para a sua felicidade.

Gaste tempo com seus filhos.

Gaste tempo com seus pais.

Visite seus avós.

Cuide da sua saúde.

Leve o seu cônjuge para jantar fora.

Haverá sempre tempo para limpar a casa e cortar a grama.

Tome cuidado com as bolas de golfe primeiro --- as coisas que realmente importam.

Defina suas prioridades.

O resto é só areia.

Um dos estudantes levantou a mão e perguntou o que a cerveja representava.

O professor sorriu e disse: "Estou feliz que você perguntou."

A cerveja só mostra que não importa quão cheio sua vida possa parecer, há sempre espaço para um par de cervejas com um amigo!


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Recebi esta mensagem pelo Facebook, não podia deixar de compartilhá-la com vocês por acreditar na beleza da mensagem.

domingo, maio 12, 2013

Fotografando Londres

Quando estive em Londres, em 2008, amei fotografar detalhes da vida cotidiana, daqueles que parece que ninguém vê. Nem os dois rapazes que estavam comigo.

A despeito da inexistência do Instagram na época, o que eu dispunha era o meu FickR, onde eu tratei de fazer upload de todas as fotos da viagem, mas que, a estas alturas, está me cobrando uma grana para que eu acesse as minhas fotos (a-d-o-r-o-i-s-s-o!).

Esta semana, estive revisitando as fotos, resgatando as lembranças daquela viagem pelas terras da Rainha. Por este motivo, e por ainda ter algumas delas guardadas e acessíveis em meu HD, resolvi postá-las aqui.
God save the Queen!











Londres foi para nós uma passagem muito breve, estivemos por lá em dias nublados (ora, o que esperar mesmo?), frios e com pouco tempo para passeios. Mas, é uma cidade para onde eu gostaria de voltar!

As fotos são sem legenda que é pra você tentar imaginar por onde eu andei!


Música do dia: Yesterday, The Beatles

sexta-feira, julho 15, 2011

Jardins


Como é a sua vida? Ela é como o seu jardim pessoal? Você o rega todos os dias? Aduba? Escolhe sementes de flores para espalhar por ele? Seu jardim tem luz? Atrai abelhas, borboletas? Passarinhos? Beija-flores? O quanto você investe do seu tempo para cuidar do seu jardim?

Um amigo me perguntou isso hoje... eu respondi: "É claro que eu cuido do meu jardim..."

E cuido mesmo... os passarinhos me visitam, há luz, e essa luz é intensa até... mas, eu também conto um pouco com a sorte, porque tem dias que eu nem vou lá. Fecho as cortinas da sala que dão para a varanda, onde fica o meu jardim, e esqueço que ele existe.

Às vezes, faço o mesmo com a vida. Fecho os olhos subitamente, quando chego do trabalho, e durmo pesado, até o momento em que desperto, muitas vezes perdida sem saber se ja é hora de começar um novo dia, ou se ainda há uma noite inteira pela frente. E é nessas horas em que eu esqueço do mundo, ... de regar, cultivar, podar, semear, adubar e cuidar do meu jardim pessoal.

Meu amigo ainda me disse: "Olha, na vida a gente não pode jogar as sementes displicentemente e largar o jardim aos cuidados de um espantalho abandonado. Há que se ter responsabilidade, porque um dia a vida acaba." É duro, mas ela acaba, pelo menos nesse plano.

Eu sei bem disso. Nos meus vasinhos de planta, nascem ervas daninhas e matinhos indesejáveis frequentemente. Como na vida, quando a gente menos espera, já tem um "vampirinho" querendo morder nosso pescoço. Muitos seres vivem de simbiose, outros são apenas parasitas. A gente precisa ser capaz de reconhecê-los para afastá-los de nós, porque eles roubam a nossa luz.

Meu amigo hoje usou uma metáfora para me dar uma grande lição. E para dizer, à sua maneira, que se preocupa comigo. Ele certamente vai ler esse post aqui no blog. Eu só queria dizer obrigada. De novo.

segunda-feira, março 29, 2010

Cachorros, sentimentos e nós na garganta

Coloque um cachorro bem grande numa jaula bem pequena.

Imagine assim: se ele for alto e magro, coloque numa jaula mais baixa do que ele e bem estreita, um pouquinho maior do que a sua largura.

Faça-o se sentir apertado, encurralado, sem saída, sem poder se mexer.

Prenda-o a uma corrente, ponha nele uma focinheira que o impeça de uivar.

Deixe-o acoado, acossado, de orelhas baixas.

Hoje eu vi alguém assim.

Eu já me senti assim.

O tempo não passa.

Qualquer tentativa de grito é pouco esforço para abafar a dor.

O esôfago se contrai.

O estômago se retrai.

Mas, uma hora, o cansaço te vence.

O pior é saber que o alívio só viria se se pudesse proferir aquilo que não pode ser dito, que não deve ser dito.

A covardia mata lentamente.

Entorpecido, dependente, se opta pela droga à cura.

O final, este já se conhece.

sexta-feira, dezembro 25, 2009

Natal 2009

Tem gente que apronta no Natal. Bebe muito, come muito, sai da dieta. Eu também aprontei esse ano. No dia 24, enquanto dava os últimos retoques nos presentes, tomei um tombo. Um verdadeiro estabaco. Estava com inveja de Caetano, caí da cadeira, enquanto tentava pegar umas caixas que estão numa prateleira que quase ninguém alcança. Por que será que a gente faz isso, né?

Saldo do dia 24: me ralei toda! Fiquei com dor nos braços, na perna e principalmente na banda-da-direita-da-minha-bunda, que ficou toda arranhada. Mas, como eu estava com um vestido novo, e não queria descer do salto, aguentei firme.

No dia 25, estava encarregada de fazer o arroz de passas, que minha mãe pediu. Fui pra cozinha e fiquei logo pensando em que pirex eu colocaria o bendito arroz, já que, como somos só eu e meu marido, não temos recipientes muito grandes. Antes de ligar pra minha mãe, pedindo "arrego", eu havia até escolhido um pirex para esta finalidade, mas depois que ela me disse que eu levasse o arroz na panela porque ela tinha um maior, resolvi guardá-lo de volta no armário. E foi aí que eu vi que sou cabeça dura.

A cena foi daquelas em que você sabe o que vai acontecer. Tudo começa a cair na sua cabeça. E você só pensa que seria bom que você tivesse oito braços e oito mãos para segurar todos os itens que insistem em cair. Pois é, hoje, a minha garrafa de suco caiu e se quebrou no meu côco. Nunca vi coisa pra doer tanto. Se fosse só isso, estávamos no lucro. Mas, como gatilho que é gatilho nunca vem sozinho, junto com ela, caíram mais um monte de coisas, o que transformou o chão da minha cozinha em um monte de cacos de vidro.

Saldo do dia 25: um galo na cabeça e a certeza de que eu preciso de mais armários na cozinha, para evitar esse tipo de coisa.

Conversando com a minha prima, ela me disse pra eu acender um defumador, que é bom. Deve ter algum moleque matreiro querendo me pregar uma peça. Ou sou eu mesma querendo voltar a ser criança.

Esta história toda me fez lembrar da vez que eu abri a cabeça, li-te-ral-men-te! Estava estudando na sala de jantar, ainda pequena, na casa dos meus pais, quando a borracha caiu próximo à arca onde minha mãe guardava a louça da casa. Cada porta possuía uma chave. Eu simplesmente não quis me levantar para pegar a borracha e fiz balanço com a cadeira para conseguir alcançá-la. Resumo da história: dei com o côco na chave e ela fez um "pequeno" rombinho.

O mais interessante foi quando chegamos no ambulatório da clínica que mamãe levava a gente, perto de casa. O médico disse que ia ter que costurar. Não ia doer nada, ia ser uma raspadinha em volta, para tirar o cabelo e "pá-pum". Só que na cabeça não se dá anestesia, ainda mais no alto do côco. Então, enrolamos uma toalha para eu morder e foi no susto mesmo.

Até hoje me lembro daquele dia... hoje em especial, porque o côco está doendo até agora.

Memórias... a vida é muito curta para que se tenha medo dela!

quarta-feira, julho 22, 2009

Viver e morrer

"A morte já está acontecendo. Quer você a encare ou não, quer você olhe pra ela ou não, ela já está presente.

É exatamente como a respiração. Quando uma criança nasce, ela inala, ela inspira pela primeira vez. É o começo da vida. E quando um dia ela ficar velha e morrer, ela exalará.


A morte sempre acontece com a exalação e o nascimento com a inalação. Mas a exalação e a inalação estão acontecendo continuamente. Em cada inalação você nasce; em cada exalação, você morre.


Assim a primeira coisa a ser compreendida é que a morte não está em algum lugar do futuro, esperando por você, como ela sempre foi pintada. Ela é parte da vida, ela é um processo contínuo - não no futuro, mas aqui, agora.


Vida e morte são dois aspectos da existência, simultaneamente acontecendo juntos".


OSHO - Vida, amor e riso. Editora Gente. Pp. 71.

Esta semana, Ana Lúcia, uma colega de trabalho incrível, fêz a passagem. Foi seguir o seu caminho longe de nós. Ana foi acometida por uma doença que a tirou do nosso convívio cedo demais. Sentimos sua falta desde que ela teve que se aposentar e, agora, que ela virou mais uma estrela no céu, sentiremos mais ainda. Lembro sempre de seu senso de humor e das palavras carinhosas com as quais sempre se dirigia a mim.

"A vida é cheia de som e de fúria... e eu não entendo nada!" Mas, eu me esforço pacas.

quarta-feira, setembro 24, 2008

O cheiro do lixo

Saiu do cinema depois de ver "O cheiro do ralo", excelente interpretação do Selton Melo, e só pensava no quanto havia gostado do filme: podre, imoral, machista, mas um retrato da nossa hipocrisia.

Estava se habituando a ir ao cinema sozinha e gostava cada vez mais da sua companhia. Pegou um táxi para casa, um carro velho, meio sujo.

Deu boa noite ao motorista e lhe informou o destino. Ousou até dizer o itinerário que queria, e ele acatou sem reclamar.

De repente, parou atrás de um caminhão de lixo extraordinário. Os vidros do táxi estavam abertos pela metade. Havia um homem pendurado no caminhão, com a cara enfiada na caçamba. Ela teve ânsia de vômito e pensou no filme. Vomitou palavras, já que o estômago estava vazio:

- Quanto tempo será que esse homem teve que conviver com este cheiro até se acostumar a ele?

Não se deu conta que o motorista podia achar que ela estava falando com ele. Mas, se bem que ele achou, e respondeu:

- A gente se acostuma com tudo nesta vida. Só não se acostuma com a morte.

Seguiram em silêncio o resto da viagem.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Tsunami

As coisas estavam mudadas. Era como se a Terra tivesse levado dois anos para dar a volta ao redor do Sol. O tempo estava meio congelado, lento, devagar.

Durante esse período, ela sofrera com as mudanças inconstantes das marés, alterando sua regulação hormonal. Esteve duas vezes muito próxima do outro lado: como o bêbado que entrega a sua vida ao desequilíbrio no parapeito do terraço no alto do edifício, ela entregara a sua ao mesmo anestesista, fornecendo-lhe uma aura mística que ele não pedira, mas insistindo em debater-se como alguém que é quase um "herói da resistência".

Se em momentos de maré alta, ela fortaleceu-se, revelando-se uma mulher guerreira e corajosa, nos de maré baixa, ela surpreendeu-se e quase entregou os pontos. Entretanto, agora ela sabia que a grande onda estava de volta, feito tsunami, a devastar com a sua energia o que encontrasse pela frente.

Parte de um oceano sem memória, mas imponente e inebriante, a onda dificilmente a reconheceria. Não se lembraria que havia passado por ela há dois anos e levado tudo que ela possuía, deixando-a viva para assistir à reconstrução do mundo. Ela se perguntava se seria poupada, se a ela seria concedido o direito de sobreviver à onda, a chance de ver o desastre e ser imune a ele novamente. Se, ao menos, sofreria menos ao ver a morte alheia.

Ela sabia que o medo paralisa, mas, como dizia Vinicius, era preferível viver que ser feliz. O ritual era sempre o mesmo, havia um toque de sedução no ar, um cortejo, como que se fosse a preparação para aquela iniciação. A onda era tão forte, tão poderosa, ao mesmo tempo devastava, mas deixava saudade. Ela sentia arder dentro de si a energia. Como se pedisse a sua volta.

O dia da grande onda estava quase chegando. Só ela, como uma das pouco sobreviventes, havia recebido os sinais, havia sentido sua presença. De repente, a lua cheia se firmou no céu, deixando a todos mais sensíveis e abertos às mudanças, criando um clima de quase devoção àquela luz. No horizonte, só se podia ver a retração do mar.

Ela parou em frente à praia e abriu os braços. A brisa da noite enluarada envolveu-lhe o corpo. Pisou a areia úmida e esperou.

E, em segundos, em pleno janeiro de Capricórnio, sem medo, sem dor, sem razão, ela que sempre sonhou com o mar, olhando para aquele paredão de água salgada, entendeu o mistério da vida...