segunda-feira, junho 02, 2008

O Lado B do Carioca - Coisas que fazemos, mas que temos vergonha de confessar...

I

Sábado passado eu vi uma briga no supermercado. Um senhor resolveu questionar o gerente porque havia um rapaz na fila de idosos. Queria porque queria que o rapaz saísse dali. No princípio, era a razão. Todo mundo estava concordando com ele.

Mas depois de alguns minutos de alteração total, nos quais o senhor (que a essa altura já estava sendo chamado de 'velho careca e gagá') gritou e esbravejou com o pobre do rapaz que estava na fila, exigindo que ele retirasse suas compras do caixa para que ele, o velho, passasse e fosse atendido, e eu comecei a ter um ódio mortal daquela criatura. Precisava esculachar o cara deste jeito? O rapaz não reagiu, não teve nenhuma reação, deixou que o senhor passasse a sua frente, mas se recusou a tirar as compras. E o velho gritava com o gerente:

"Não vai sair? Não vai sair? É por isso que as coisas no Brasil estão desse jeito! Ninguém respeita mais nada!!!!!"

E o gerente dizia: "O senhor vai ser atendido, deixa o rapaz em paz!"

Enfim, que vontade de sair em defesa do rapaz. Sabe-se lá se ele não era apenas uma pessoa humilde que não sabia ler, ou que simplesmente alguém que entende que não há problema algum em passar suas compras num caixa vazio, mesmo que ele seja destinado a maiores de 65 anos.


II

Eu também já presenciei uma briga num banheiro de shopping. A moça, apertadíssima para um número 1, depois de alguns minutos na fila, notou que a cabine para deficientes estava vazia. Foi então dirigindo-se para ela, quando, de repente, a faxineira começou a dizer em voz alta, para todo mundo ouvir:

"Aqui no meu banheiro não! Pode esquecer! Esta cabine é para deficientes! Não pode ser utilizada por gente normal. Tem que estar disponível para se algum deficiente entrar no banheiro e precisar utilizá-la!"

No que a moça retrucou, pausadamente:

"Mas, não tem nenhum deficiente na fila. Eu estou apertadíssima, por favor, vou fazer xixi nas calças. Não estou conseguindo segurar mais!!!!"

Ninguém na fila se dignou a defendê-la. Nem a primeira da fila foi capaz de ceder seu lugar. Afinal, ninguém sabe o que é isso, ?

Olhei para trás e vi que ainda haviam mais umas dez pessoas atrás de mim, e umas oito na minha frente. A moça devia ser a quinta da fila.

Rolou o maior barraco, a moça pediu ajuda, a faxineira postou-se diante da cabine e eu abandonei o banheiro, para não presenciar aquilo tudo. Sou muito esquentadinha para não fazer nada. Se eu entrasse na briga, ia presa. Surreal!

III

O pior acontece todos os dias quando passo pela rua perto da minha casa, onde há uma pizzaria. Os motoboys trafegam pela calçada. Eles têm trinta minutos para entregar a pizza, se não pagam pela mesma. E, por isso, se acham no direito de fazer as maiores barbaridades. Se você estiver caminhando tranquilamente, pensando na vida, sem olhar para frente ou para os lados, corre o risco de ser atropelada(o).

E também ninguém faz nada. Reclamar para quê? O gerente vê e acha bom! O guarda de trânsito vê, e finge que não vê. A população vê e continua comprando nesta pizzaria. Eles tinham mesmo que falir! Mas, por aqui, é melhor esquecer...

IV

Num post futuro, vou falar dos singelos atos de caridade com o chapéu alheio, comportamento característico do carioca!

Um comentário:

Letícia disse...

É por isso que, em geral, eu não gosto das pessoas. São muito poucas as exceções!