quinta-feira, agosto 25, 2011

Reflexões de uma enfêrma - 1

Ninguém gosta de ficar doente. Muito menos eu. Interessante ver a quantidade e a diversidade de pessoas que ligaram para mim para saber como eu estava. Estou melhorando, mas bem lentamente. No início, deu medo. Os dois médicos com quem eu me consultei disseram que não havia remédio, que eu teria que me recuperar sozinha. Daí a gente faz os exames e não melhora, "fica estável", como a própria médica disse. E tem que esperar.

Há muito tempo que eu aprendi que o meu karma é ter paciência. Eu nunca gostei de esperar, sempre sofri de ansiedade, sempre quis resolver as coisas ontem. Mas, agora, só me resta esperar. Até porque não consigo ler, pouco escrevo, nem o jornal eu encaro. E se deixo a tv ligada é para fazer barulho, não para acompanhar o que está passando.

E, já tendo ficado 15 dias em casa, escuto a médica me dizer que provavelmente vou ficar mais 15. Ninguém merece. Isso não é coisa para uma pessoa ativa como eu. Daí eu tento trocar os lençóis da minha cama, e vejo como é uma tarefa difícil. Cansa muito. Vestir o colchão com o lençol de elástico é quase uma tortura. Depois, levar para a área de serviço, programar a máquina, organizar tudo, esperar bater. Ai, deixa eu me sentar um pouco que meu coração já começou a palpitar novamente.

Uma coisa que não sai da minha cabeça é por quê isso acontece com pessoas legais. Porque eu sou legal, eu me esforço para ser legal. Não me meto na vida dos outros, sou honesta, sou fidelíssima aos meus amigos, sou uma boa filha, sou uma pessoa bacana com todo mundo, não me furto a trabalhar e adoro o meu marido. Então, por que? Eu queria entender.

Ainda mais uma doença silenciosa como a anemia. Uma doença que não avisa, que vai tomando o corpo, transformando tudo aqui dentro numa batalha intensa, entre glóbulos brancos, vermelhos, baço, coração, corpo e mente (a gente tem que se reorganizar para não entregar os pontos).

Eu sei que tenho muito que aprender com tudo isso. Aliás, com esse meu ano, que está sendo brabíssimo. Ô, 2011, você podia dar uma aliviada, né? Ainda não descobri o que tenho que aprender. Talvez, seja hora de entender quem são de fato os meus amigos, aqueles que retribuem com o mesmo carinho tudo o que eu faço. Mas, como eu disse pra mamãe outro dia, talvez também seja hora de reconhecer que ninguém dá o que não tem, como diz o mestre Alan Kardec.

Eu ainda vou postar muitas outras reflexões por aqui, se Ele quiser.

2 comentários:

Bia Prado disse...

Querida, olha só, se tem uma coisa que tenho aprendido, é que ninguém merece sofrer. Pelo menos, ninguém bacana como vc, nem como um monte de gente que temos assistido sofrer tanto, né?
Mas outra coisa que aprendi mto nos últimos tempos, é que precisamos ficar junto da família, dos amigos, receber a alegria e o amor das pessoas. Isso ajuda mto a curar a doença e a dor que ela nos dá.
Tenha certeza que estarei aqui na maior torcida pra vc ficar boa logo! Lembra do nosso mantra... Tudo tudo vai dar pé! Sempre!
Mil beijos com amor!
Bia

Rebecca Leão disse...

Amiga, não estou me queixando nem com peninha de mim, não! É que às vezes, life sucks! De qualquer forma, obrigada! Bjs