quarta-feira, julho 11, 2012

A violência e a não-violência

Onde está a violência?

Você já se deu em conta? Ela parece estar em todo lugar. No trânsito, no shopping, no restaurante, no trabalho - ainda que velada -, nas famílias...

Tenho pensado muito sobre isso. A violência é a falta de educação, é o berro ao invés da voz doce, é o descaso, é a falta de atenção, é a ausência do olho-no-olho, é a falta de carinho...

Estamos construindo uma sociedade violenta, ao contrário do que pregava Gandhi, quando falava do conceito da não-violência. Ele adotou este conceito, que mais tarde viraria quase que uma filosofia, ao lutar pela independência da Índia, que era colônia da Inglaterra.
"Mas creio que a não-violência é infinitamente superior à violência, o perdão é mais nobre que a punição. O perdão enobrece um soldado. Mas a abstenção só é perdão quando há o poder para punir; não tem sentido quando pretende proceder de uma criatura desamparada. Um camundongo dificilmente perdoa um gato que o dilacera. Compreendo os sentimentos daqueles que clamam pela punição condigna do General Dyer e outros iguais. Haveriam de esquartejá-lo, se pudessem. Mas não creio que a Índia seja desamparada. Não me considero uma criatura desamparada. Apenas quero usar a força da Índia e a minha própria para um propósito melhor.” - Mahatma Gandhi
Quem praticou ou pratica a não-violência entende que os fins são resultados dos meios, num ciclo de causas e efeitos que se correlacionam e se estendem numa espiral evolutiva. Assim, a paz não pode ser obtida através de métodos violentos e repressivos. Uma "paz" que se pretende obter através da opressão, cessa assim que os instrumentos de repressão deixam de ser utilizados, logo, um estado real de paz não se mantém quando ela não se estende a todos os indivíduos de uma sociedade.

Mas, e se a tal Sociedade de repente fica violenta em todos os seus atos? Se fica impaciente, se se torna descortês, se usa palavras agressivas, se simplesmente finge que não vê quem está precisando de ajuda e passa direto...?

O que adianta a pessoa frequentar igreja, ser devota de algum santo, se dizer muito temente a Deus, se quando tem uma oportunidade, uma só oportunidade, não pratica um ato sequer de bondade? E se de sua boca só saem impropérios?

Eu tenho pensado mesmo muito sobre isso. Penso que ser democrático é tratar os diferentes como diferentes. Por exemplo, eu só vou me lembrar que preciso construir uma rampa de acessibilidade para deficientes físicos numa calçada se eu reconhecer, enquanto faço o projeto, que nós não somos todos iguais e que a acessibilidade é para todos. É o direito de ir-e-vir, que todos temos.

Recentemente, recebi novamente uma propaganda muito tocante, que mexeu de novo com o meu coração. Aqui vai ela.

Exemplo "Pais e Filhos"


Onde queremos chegar como sociedade? Quando seremos uma sociedade justa, aquela que preza a amizade e a solidariedade, que valoriza a competência e não a corrupção e a ganância, que se mobiliza em prol de bens comuns, que é responsável, que enfrenta os problemas e procura consertar as coisas na medida do possível?

Quando teremos consciência que temos direitos mas precisamos cumprir também com os nossos deveres, lembrando sempre que não estamos sozinhos?

Quando?

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