terça-feira, agosto 09, 2011

Carpinejando

Desde que comecei a ler o livro do Fabrício, e a partir do momento em que posso levá-lo para qualquer lugar, sem ter que me ater a pequena tela do computador onde encontro seus maravilhosos escritos em blogs e colunas de revistas, me pego pensando cada vez mais no que ele escreve e no quanto compartilho de suas opiniões. No último texto, ele escreveu assim o que pensa sobre "ser grande":

"Não há mais adultos no mundo. Ninguém mais pede para ser adulto. O tempo parou afetivamente, e raros são os corajosos que desejam envelhecer".

Ah, como eu concordo com o Carpi. A gente está se perdendo num mundo pasteurizado. No alto dos meus 41 anos, muitas são as vezes em que eu me pego experimentando uma roupa numa loja e me perguntando: "vem cá, isso aqui não é roupa de adolescente, não?"

Está tudo muito igual. O que é roupa de mulher de 40 e poucos anos? Não há mais distinção... somos todos iguais, correndo atrás da fonte da eterna juventude, dos cremes aos ácidos hialurônicos que nos tiram as rugas, do botox que nos congela a expressão, estamos todos com a mesma cara, a cara que tínhamos quando ainda não havíamos deixado a vida nos marcar com suas experiências boas e ruins.

Não decidimos mais nossas questões como adultos, estamos sempre precisando de muletas e é cada vez mais difícil pensarmos por nós mesmos. Estamos criando uma legião de terapeuta-dependentes, aqueles que só são capazes de ouvir o que pensam naquela horinha de análise. Por que é tão difícil chegarmos a uma conclusão sobre uma análise de trade-off : chegar ao que vale, avaliar custo x benefício é difícil pra todo mundo, mas parece que muitos não conseguem mais sozinhos.

E a super-exposição? Nos abrimos na rede como flores na Primavera e depois ficamos reclamando que todo mundo se mete em tudo o tempo todo? Afinal, o que queremos? Há o tempo de sermos crianças, o de começarmos a crescer, e o de sermos adultos... o que precisamos é guardar todo esse arsenal de vivências e construir um adulto melhor, que é capaz de deixar um legado para aqueles que gostam de nós...

Você já se fêz essa pergunta? Eu me faço o tempo todo...

Música de hoje:



PS.: Essa música que eu amo tanto é para minha amiga Maria Cecília, que sempre dá um jeito de dar uma passadinha por aqui. Beijo Ciça!

Um comentário:

Arquitetura Organizacional disse...

"É preciso muito tempo para se tornar jovem."

(Se Pablo Picasso pudesse visitar seu blog, aposto que deixaria este comentário).

Ismael