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quarta-feira, julho 25, 2012

Memórias vãs...

Existem programas na tv - à cabo, infelizmente - que são realmente instigantes. Um dos que eu realmente amo é o "Saia Justa", principalmente agora, com a participação dos maravilhosos Xico Sá, Dan Stuback, Dú Moscovis e Léo Jaime. Eles são realmente demais.


No programa de hoje, discutiram um tema sobre a infância, se a criança que fomos um dia se reconheceria no adulto que somos hoje. Eu fiquei pensando a meu respeito, se eu era essa criança responsável que se tornou essa mulher batalhadora... acho que era...

E isso me lembrou de tempos idos, de coisas que eu fazia na infância, do que eu gostava e do que eu não gostava,..., ai, acho que abriu uma porteira enorme de recordações....

Estes dias mesmo estava conversando com o meu marido a respeito dos Trapalhões, personagens também mencionados pelo Dú Moscovis no programa de hoje. O fato é que o meu marido O-D-E-I-A os Trapalhões (pelo menos, o Didi, disso eu tenho certeza)... ele sempre reclama aos domingos, quando eu esqueço a tv ligada e ele me pega na cozinha 'vendo' os Trapalhões.

Eu então me lembrei dos domingos na casa do meu tio-avô, Seu Mário, no Humaitá. Ele morava numa casa grande, de três andares, mas que não tinha muito espaço para brincar. Tinha um terraço, mas nós não podíamos ficar sozinhos por lá porque os adultos não deixavam. Lembro da programação de domingo: subir a ladeira de carro no maior esforço, porque a ladeira era íngreme e o carro não tinha lá tanto motor assim, manobrar bem lá em cima (onde o povo gostava de fumar uma erva), estacionar o carro (acho que ainda era um fusca o que o meu pai tinha), entrar na casa pela porta da garagem. Aí começava o meu sofrimento, porque a casa cheirava a cachorro, eles ficavam na sala de estar na maior parte do tempo, deitados sobre os sofás. Minha tia tinha um dinamarquês enorme, branco malhado de preto, que se chamava King, e um cocker spainiel preto chamado Xereta. Eles tinham pulga. E cheiravam a cachorro mal lavado que secou à sombra. King morreu atropelado por um ônibus, num dia de descuido e porta da garagem aberta. Xereta morreu de velho. Eram ícones daquela casa.

Eu não sentava naquele sofá nunca. Nós constumávamos chegar na casa deles à tarde, lá pelas cinco horas. Antes do Fantástico, passava uma sessão de uma hora de "Os Trapalhões", naquele que se podia considerar os áureos tempos, com a turma completa: Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Lembro de ouvir meus primos dando risada sobre as besteiras que eles faziam, mas eu confesso que achava o programa um festival de piadas sem graça. Confesso que durante muito tempo tive medo de ir ao teatro para assistir a uma comédia ou a um stand-up por medo de não rir. Será que o meu problema é que eu não entendia as piadas? Eu ainda gostava um pouquinho do Mussum, e seu jeito de falar errado, mas o Didi era sempre tão cruel com todo mundo, que eu não curtia... aliás, como ele é até hoje...


Depois dos "Trapalhões", começava o Fantástico, e a gente sempre via ainda por lá o placar da rodada com o Léo Batista dando o resultado da loteria acompanhado da Zebrinha, que volta-e-meia dizia "Coluna do Meio", para alegria de todo mundo lá de casa (que ria da piadinha idiota a que a expressão "coluna do meio" fazia referência). Então, o sofrimento estava completo. Titia trazia a canja de galinha, numa louça brança com desenhos azuis que ela tinha - e adorava - e nós éramos obrigados a comer aquilo antes de qualquer sanduíche ou cachorro quente. Com bastante hortelã. Eu acabei me tornando uma pessoinha que odeia canja de galinha por causa disso, talvez pelo mesmo motivo que eu odeie beterraba e miolo de boi, ou seja, o fato de ter sido obrigada, em um dado momento da minha vida, a comer essas coisas, seja lá de que jeito...

O que salvava era o bolo de chocolate, que levava coca-cola na receita e ficava beeeeeemmmmm molhadinho... era sempre a sobremesa final, com um sorvete de flocos, e eu amava. Muito frustrante foi, tempos depois, descobrir que a velhice havia feito a titia a esquecer do bolo e de sua receita... Ela sequer se lembrava que fazia esse bolo pra gente...

Ah, não posso esquecer. A sensação da casa da minha tia eram duas, na verdade. Uma delas era vê-la preparando o macarrão na máquina artesanal, naquela cozinha espremida. Eu sempre me oferecia para ajudar, pela curtição de ver uma massa disforme virar macarrão fresco. A outra era um melro-preto, um pássaro para quem ela assoviava e que lhe oferecia em troca a cabeça para coçar... todo mundo queria coçar a cabeça daquele melro...

Foi na casa da minha tia que eu descobri a minha intolerância ao álcool e aos pobres bêbados... mas isso já é outra história...

quarta-feira, outubro 14, 2009

Um travesseiro e o peso de uma mala

(Esse título dá direito ao leitor a compreendê-lo com seu duplo sentido)

Eu carrego o meu travesseiro pra todo canto. Ele é velho, achatado, duro, com um buraco no meio, e eu só consigo dormir com ele. Se pego um daqueles altos pela frente, sofro, tenho insônia. Tem que ser o meu velhinho, da época que eu era criança. Casei, e o meu marido começou a brigar comigo por causa do travesseiro. Ele também gosta do meu, o que torna isso uma tragédia grega.

Hoje, enquanto fazia a minha mala, lembrava da história da chupeta. Como falei aqui em outro post, estou usando aparelho. É transparente, tudo bem, quase imperceptível, mas é um aparelho nos dentes e é fixo. E, principalmente, dói. Tenho certeza que boa parte da causa que me fêz colocar esse aparelho foi o fato de ter chupado chupeta até tão tarde. Acho que larguei a chupeta aos sete anos, já com um defeito nos dentes que só foi piorando ao longo do tempo.

A mamãe foi a grande responsável por pôr um fim àquela angústia da chupeta. Ficávamos sempre discutindo quando eu largaria a chupeta, até que um dia ela inventou uma história e eu caí direitinho e nunca mais pedi chupeta para dormir.

E lembrando da história da chupeta, me peguei pensando no travesseiro, que pesa na mala, ocupa um espaço danado (que eu poderia ocupar com mais bobagens - que eu não páro de comprar) e que acaba sendo como a chupeta, que eu não largo.

Mas, afinal, por que eu tenho que ser tão apegada às coisas e principalmente às pessoas?

Enfim, no aeroporto de Dallas, enquanto fazia conexão para Washington, DC, vi uma garotinha linda, loirinha, de chupeta na boca, e carregando um paninho que arrastava pelo chão. De tempos em tempos, ela enrolava a pontinha do paninho e a enfiava no nariz. Eu era igualzinha quando criança, como eu me lembrei de mim, meu Deus.

Tenho que me livrar destas manias. Tenho certeza que serei uma pessoa muito melhor. Ah, serei.

terça-feira, outubro 13, 2009

Por um pouco mais de gentileza neste mundo...

Lá estava eu viajando de novo. Dessa vez, uma viagem maior, para fora do país. Vamos de American Airlines, eu e meu chefe. Ele tem o cartão fidelidade da companhia aérea, Gold. Euzinha, querida(o), nunca voei de American, que dirá ter o cartão de fidelidade.

Ao chegarmos no decrépito aeroporto do Galeão, ele me disse: "Vem comigo!" E me orientou a acompanhá-lo para fazermos o check-in na área para os VIPs (que poderia ser a tradução "pessoas que viajam muito e só por esta companhia"). Eu imediatamente pensei: "vai dar m...!"

Na hora H, a moça que estava fazendo o check-in me perguntou um monte de coisas, inclusive se eu tinha o tal cartão. Eu, imediatamente tirei meu corpo fora, e disse que só estava acompanhando o meu chefe, mas que se tivesse que encarar a outra fila, ia na boa (mas ela era quilomééééééétrica!). A moça então me deu um sorriso amarelo - euzinha, que sabia que estava errada, fiquei passada - e já ia me enfiando na outra fila, quando apareceu o Super Gilvan!

O Super Gilvan é um empregado da AA, que além de ser simpatissíssimo, na mesma hora disse:
-"Não, você pode ficar aí, você está acompanhando ele, não é? É comum abrirmos esse tipo de exceção!" (ufa, escapei da outra fila!)

Gilvan é um homem alto, gordo, de cavanhaque, que eu não consegui mensurar quantos anos tem, e que, quando te olha, sorri de orelha a orelha. Uma simpatia em pessoa.

Não é então que eu tive a grande idéia de tirar uma pashmina de uma das malas, para o caso de estar frio dentro do avião?! Então, qual não foi a minha supresa, mas na pressa, eu havia colocado o cadeado quebrado na mala. E então, Super Gilvan entrou em ação novamente!

De repente, o cara entortou um clips, tirou a capinha de plástico que encobria o cadeado, e prontamente descobriu que se tratava de um cadeado comum. Foi lá atrás, no escritório da companhia, e demorou, mas trouxe um chaveiro com um milhão de chaves de cadeado diferentes.

Eu, que já estava marcando o meu assento, estava ansiosa por sua volta, até que ele chegou, testou um monte de chaves e, então, ao achar a que abria o meu cadeado, fez questão de entregá-la para mim... e ainda disse sorrindo:
- "Voilá, seus problemas acabaram!"

Eu fiquei tão feliz com o Gilvan. Nossa, foi um alívio saber que eu não precisaria chegar nos EUA e procurar um lugar para arrebentar o meu cadeado. Pois onde é que eu ia encontrar alguém com tamanha gentileza? Em lugar nenhum...

Para uma pessoa que parece uma grande criança, pois parece estar se divertindo o tempo todo, um VIVA para o Super Gilvan!

sexta-feira, outubro 09, 2009

Saudades do que não vivi

No shopping Barra, de Salvador, vi uma coisa muito bacana. Queria ser criança pra poder me permitir uma brincadeira dessas...



Eu só precisava ter uns 30 anos a menos. Feliz dia das crianças pra todo mundo!

quinta-feira, outubro 08, 2009

Saudades da infância


Eu adorava me balançar. Um dia, brincando numa pracinha no Leme, caí e ralei feio a coluna. Não sei porquê, não me lembro mais de brincar de balanço depois disso. A gente fica com cada coisa boba na cabeça, não é mesmo?

Acho que qualquer dia desses, vou me balançar a valer por aí!

segunda-feira, abril 27, 2009

A difícil tarefa de ser feliz

Enquanto a maioria sofre por aí e outros se apoiam na tv para esquecer do mundo, alguns ainda tentam ser felizes, um pouquinho todo dia, e sofrem também na busca por esta tal de felicidade, que é tão efêmera e parece só existir nos livros.

Eu, que não sou boba, ponho um sorriso no rosto, como sugeria o Chaplin na canção Smile.

Não sei se vocês viram, mas o Hugo Chavez deu um livro ao Obama do Eduardo Galeano. Chama-se "As veias abertas da América Latina", excelente livro sobre política deste pensador uruguaio.

Vi que este livro já está totalmente disponível para download na internet, é só procurar. E procurando outros textos sobre o Galeano, encontrei esta citação fantástica:



"Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar.
Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa:
É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem.
Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca."
Eduardo Galeano


Rogo a Deus todos os dias que as pessoas nunca deixem de brincar. No dia que nos despedirmos da criança que há dentro de nós, seremos como um leito seco de um rio... mesmo com toda a pressa que temos de sermos felizes, o que precisamos agora e sempre é de brincar!

sábado, agosto 30, 2008

Crianças

Apesar de não ter filhos, me interesso muito pelo que elas pensam e são capazes de fazer.

Por isso, leio o caderno infantil que vem encartado no jornal, com um certo encantamento.

Hoje, li uma poesia da Jaqueline, de 9 anos, que não resisti em não publicar aqui. Lá vai a reprodução:




Meu pai*


Meu pai é sensacional.
Não. Não é argentino.
Nem inglês. É
nacional.
Meu pai não é pop
star, nem presidente.
É feliz, está sempre
sorridente.
A ele, eu agradeço,
com ele aprendi a
andar,
agora as escadas eu
subo e desço.
A primeira palavra
que eu disse foi
"papai".
Sabe por que?
Naquele dia eu estava
feliz, não brava.
Você é meu pai
e o orgulho da nação.
Você é também o meu
grande amigão.

*Jaqueline Mariquito de Sousa

Não é uma delícia? Vejam a quantidade de traços culturais embutidos neste texto, essa garota é uma fofa. E o quão feliz deve se sentir o pai dessa menina.

É por isso que eu penso que ainda há esperança...