quarta-feira, outubro 14, 2009

Um travesseiro e o peso de uma mala

(Esse título dá direito ao leitor a compreendê-lo com seu duplo sentido)

Eu carrego o meu travesseiro pra todo canto. Ele é velho, achatado, duro, com um buraco no meio, e eu só consigo dormir com ele. Se pego um daqueles altos pela frente, sofro, tenho insônia. Tem que ser o meu velhinho, da época que eu era criança. Casei, e o meu marido começou a brigar comigo por causa do travesseiro. Ele também gosta do meu, o que torna isso uma tragédia grega.

Hoje, enquanto fazia a minha mala, lembrava da história da chupeta. Como falei aqui em outro post, estou usando aparelho. É transparente, tudo bem, quase imperceptível, mas é um aparelho nos dentes e é fixo. E, principalmente, dói. Tenho certeza que boa parte da causa que me fêz colocar esse aparelho foi o fato de ter chupado chupeta até tão tarde. Acho que larguei a chupeta aos sete anos, já com um defeito nos dentes que só foi piorando ao longo do tempo.

A mamãe foi a grande responsável por pôr um fim àquela angústia da chupeta. Ficávamos sempre discutindo quando eu largaria a chupeta, até que um dia ela inventou uma história e eu caí direitinho e nunca mais pedi chupeta para dormir.

E lembrando da história da chupeta, me peguei pensando no travesseiro, que pesa na mala, ocupa um espaço danado (que eu poderia ocupar com mais bobagens - que eu não páro de comprar) e que acaba sendo como a chupeta, que eu não largo.

Mas, afinal, por que eu tenho que ser tão apegada às coisas e principalmente às pessoas?

Enfim, no aeroporto de Dallas, enquanto fazia conexão para Washington, DC, vi uma garotinha linda, loirinha, de chupeta na boca, e carregando um paninho que arrastava pelo chão. De tempos em tempos, ela enrolava a pontinha do paninho e a enfiava no nariz. Eu era igualzinha quando criança, como eu me lembrei de mim, meu Deus.

Tenho que me livrar destas manias. Tenho certeza que serei uma pessoa muito melhor. Ah, serei.

3 comentários:

Anônimo disse...

Como me lembrei daquele tempo ...
Bj
Aurea

simone couto disse...

Querida, adorei o texto. Se você perguntar ao nelson Rodrigues o que ele acha disto tudo, ele te diria para abraçar tuas obsesssões!

Eu também.

(PS: ainda durmo no meu travesseiro de infância)


Bjs,
Simone

Letícia disse...

Fica com o travesseiro!
Não o abandone!