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sexta-feira, dezembro 06, 2013

20 segundos de coragem

É só disso que eu preciso!

Eu me arrependo repetidas vezes de coisas que eu não fiz ou não disse. O beijo que eu não roubei, a verdade que não contei, o abraço que não pedi... Como esta foto aí em cima, o que me falta é pular de peito aberto.

Sou uma conservadora de carteirinha. Observo isso nos meus investimentos no banco. São, na sua maioria, conservadores. Me arrepio toda quando me falam de carteira de ações, que dirá jogos de azar. Não é pra mim.

Como pode então uma pessoa tão segura, tão confiante, tão cheia de si, ser tão medrosa e tão incapaz de lidar com questões do cotidiano, principalmente as emocionais, de relacionamento? Não pode, não é mesmo?

Mas, lá se vão anos de terapia e eu continuo sem conseguir dizer o que quero e preciso dizer. Medo de pular de paraquedas e asa-delta? Não tenho nenhum!

Só que se o assunto é exposição, nossa, daí eu não consigo mesmo. Será que eu tenho jeito?

Acho que o que me incomoda de fato é o meu pré-julgamento e o julgamento das pessoas. Seria isso fruto de vaidade e medo de errar?

Lá vou eu, continuar por aqui, dando tratos a bolas...

quarta-feira, maio 11, 2011

Angústia

Dor no peito. Uma agulha. Duas agulhas. Três agulhas. {nossa, como dá vontade de chorar} Sinal de angústia. Vai passar, já passou, tá passando? {não, continua doendo}. Ai, agora é a minha cabeça que dói. Tudo dói. A jaula {capa} que protege também enclausura. Tenho que me libertar da armadilha que eu mesma criei. Coragem. Angústia. Medo. Desalento.

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Dor no peito. Dor em tudo.

sábado, setembro 05, 2009

Do modo que as pessoas vêem a vida e o amor - parte II

Eu cheguei a conclusão que a parte complicada do meu post anterior foram os exemplos. Quem se der ao trabalho de ler o post sem os exemplos, vai entender o modo como eu penso. Caso contrário, vai ficar achando que eu concordo com tudo isso.

De qualquer modo, são com os exemplos que a gente constrói o nosso ponto de vista. Eu queria aqui aproveitar pra citar três, entre parênteses.

-- Abre parênteses --

O primeiro é de uma mulher bem sucedida no amor, se é que podemos dizer assim. Ela se casou três vezes. O primeiro casamento durou dez anos, lhe deu filhos, mas não deu certo e ela pediu a separação. Incompatibilidade de gênios. O segundo, foi resultado de algo que as pessoas não constumam acreditar que possa acontecer. Ela conheceu um senhor casado, mais velho que ela, eles se apaixonaram e depois de um tempo, ele se separou e casou com ela. E foram felizes até que ele adoeceu e faleceu. Mas, ela gostou muito dele e foi bom enquanto durou. O terceiro, foi por acaso, eles viveram juntos, mas em casas separadas, numa relação moderna em que ficavam juntos quando estavam a fim. Agora ela está sozinha, mas feliz. Faz o que quer, é independente, e tem uma agenda cheia.

O segundo exemplo retrata uma menina que foi namorada / noiva por nove anos de um cara que todo mundo achava que não fazia a menor força pra ficar com ela e que ela amava de paixão. Depois que eles se separaram, ela encarnou o espírito da "Dominatrix" e apronta à vera por aí. Sem contar muitos detalhes, eu posso dizer que adoro a história do cara da manutenção do computador de vez em quando ser feito de homem-objeto e ela pedir manutenção pra ela também. É engraçadíssima.

O terceiro exemplo é uma amiga que foi casada muitos anos, pediu a separação, achando que em pouco tempo ela já estaria casada novamente e quem acabou se casando muito antes foi o ex-marido dela, que não prestava pra nada. Ela está sozinha, frequenta lugares onde 'acha' que pode encontrar um parceiro, tenta, tenta, e não dá em nada. Se ressente do fato de ser poderosa, bem cuidada, interessante, inteligente, e se já acha meio fora do mercado.

-- Fecha parênteses --

Será que o problema é a ansiedade? Será que isso vale tanto pra homens quanto mulheres? Por que será que os caras bacanas, de cabeça boa, que não pensam assim, também fogem da raia quando o assunto é companheirismo, parceria, e até, vamos dizer compromisso? Será que isso também vale para algumas mulheres?

Agora, mudando um pouco o foco, vocês já repararam como para algumas pessoas tudo isso é bem natural (quase animal mesmo)? É só olhar, gostar, chegar junto, tocar, e começar um relacionamento!

Será que análise dá jeito em cabeças confusas?

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PS.: Letícia, me desculpa a insistência no tema, mas vocês me levaram a refletir mais a respeito. Eu prometo que em seguida viro o disco.

domingo, agosto 30, 2009

Do modo que as pessoas vêem a vida e o amor

Eu tenho um monte de amigas da minha geração que ainda estão solteiras. Já os amigos, a maioria deles casaram ou se arrumaram. Uns demoraram mais, outros menos, mas o que a gente ouve falar mesmo é da mulherada que está sozinha, e se ressente da solidão. Solidão tem um peso danado.

Recentemente, um grande amigo se separou da esposa e já arrumou uma namorada. É natural ouvirmos dizer que o homem não consegue ficar sozinho e que, por isso, emenda um relacionamento no outro. Quanto às mulheres, o que a gente escuta é: não vá trocar um problema por outro, resolve esse seu problema primeiro para depois partir pra outro relacionamento. Enfim, é mais comum as pessoas aceitarem o fato das mulheres terem que passar por um momento de "luto" do antigo relacionamento pra poder começar outro de peito aberto.

Eu, particularmente, acho isso tudo uma besteira. Acho que o que importa nessa vida é sermos felizes, juntos ou separados, felizes sozinhos, na pista, como se diz por aí, ou acompanhados de um novo amor que nos faça crescer e sentir bem.

Mas, voltando às amigas solteiras. Outro dia, eu estava conversando com um amigo e ele disse: mulher solteira, ou separada, sem filhos, com mais de trinta e cinco anos, tem um alarme na testa, é sinal de perigo pra qualquer homem, que ao se aproximar, vai pensar logo que a mulher quer casar, quer uma família, vai virar encosto. Tudo bem, tudo bem, meu amigo não foi nada gentil. Mas, deve ser isso mesmo que os caras pensam, porque no fundo é assim que eles agem: fogem de mulheres desta faixa etária como o Diabo foge da cruz.

A mulher, então, pra se dar bem com esse tipo de homem medroso tem que ter muita auto-estima. Tem que saber muito o que quer, e o que não quer. Esse meu amigo, por exemplo, tem um check-list mental, e parece que vai checando as perguntas e as respostas, à medida que as escuta. Chega a ser engraçado. Você gosta de samba? Ah, você quer ter filhos? Você vai pra baladas no sábado à noite? Que tipo de filmes você vê? São tantas exigências que ele faz, que eu chego a pensar que ele não está pensando no "chinelo velho pro pé descalço" e, sim, no quanto esse chinelo velho vai exigir de manutenção por parte dele. E se, em contrapartida, as mulheres fizerem o mesmo?

Então, não se trata mais de avaliar o custo de mudança, nem o custo de oportunidade, mas sim, o custo de manutenção. A vida é mesmo feita de decisões econômicas.

O fato é que as pessoas não se entregam mais. E quando vêem alguém se entregando, começam a soar seus alarmes, pra avisar a pobre coitada: Cuidado, não vá amar demais, não vá sofrer demais, não seja boba, não acredite nele, ele não presta!

E quem é que presta nesta vida? Quem é que já não fez uma bobagem, se apaixonou pelo cara errado (ou pela mulher errada)? Foi trocado, sacaneado, corneado? Quem? Atire a primeria pedra quem ainda não passou por isso... Somos todos seres humanos...

Agora, ainda sobre as mulheres solteiras...

Tenho que dizer que a minha tese é um pouco pessimista (ou machista, vocês podem dizer). Eu sempre penso que se o cara tem mais de trinta e cinco anos e está sozinho, ele deve ter problemas... ou é um cara muito cheio de manias e exigências, como o meu amigo... ou muito tímido... ou está separado, e tem uma ex-mulher muito presente, e que de quebra, ainda o quer de volta... ou não gosta do sexo oposto (mais comum do que a gente pensa)... ou ainda, tem tanto medo de se envolver num relacionamento, que prefere ser um solteirão convicto.

Pois é, imagine a cena e comprove a minha teoria.

O casal chega no restaurante bacaninha da moda (o Alessandro e Frederico, da Garcia D'Ávila, Ipanema), e senta numa mesa na varanda, à luz de velas, um de frente pro outro (pra mim, já começou mal, tem que sentar do lado, pra ficar roçando a perna, depois o braço, depois passar a mão no cabelo, no rosto, enfim, tocar). Os dois com mais de trinta e cinco, talvez mais de quarenta, aparentemente bem resolvidos. Ela, bem vestida, de preto e sapatos altos, mas sem maquiagem (como assim, num sábado à noite?). Ele, um trapo de camiseta, com umas mangas indecentes... Começam um papo empolgado, que de repente descamba pra religião, pra Buda, pra espiritismo, pra fé em Deus... parece um tipo de pregação. A conversa não engrena... ela até que insiste, tenta mudar de assunto (olha só, estamos só nós dois aqui, pega na minha mão), mas o cara só quer saber do sentido da vida.

É lóóógggggiiiiiiccccccooooo que não dá em nada! E podia dar?

Eles vão embora lado a lado, caminhando (nenhum dos dois parece ter carro...), mas a brisa está fresca, vão em direção à praia (quem sabe uma esticada e uma mão no ombro), mas aquele papo foi o maior corta tesão, vamos combinar!...

E, então, a mulherada que está a fim de homens que vão direto ao ponto, e que sabem o que querem, não aguentam o tranco e caem fora... Quem é que aguenta uma abordagem dessas?

Não é que a gente desista fácil, mas o fato é que a fila anda, e anda cada vez mais rápido nestes últimos tempos. Eu sei, eu sei, que é preciso investimento numa relação pra que ela dê certo, mas as pessoas bem que podiam dar uma forcinha, não?

Eu ando descrente dos relacionamentos. Acho que está tudo muito difícil e que pessoas que encontram o amor são as maiores sortudas. Mesmo que esse amor seja torto, ou difícil... o importante, como eu costumo dizer, é ter história.

sexta-feira, maio 01, 2009

Elevador

Alguém abriu a porta do elevador e lá estava ele. Sentiu-se aterrorizado e, por isso, não se moveu. Cruzou os braços, fechou o rosto, franziu as sobrancelhas. Ele, que fora o seu algoz em outros tempos, sorriu com o canto esquerdo da boca e entrou no elevador, deixando-o ainda mais apavorado. Na mão direita, trazia um cigarro aceso, do qual puxava um trago de tempos em tempos. Como tinha medo daquele homem e do que ele era capaz de fazer! Postou-se num canto do elevador e ficou meio de costas para ele, olhando-o através do pequeno espelho perto do painel de escolha dos andares. Percebeu que a barba dele havia crescido e seus cabelos, por baixo do chapéu, estavam desalinhados. Lembrou do que ele havia feito e sentiu nojo. Era agora apenas um jovem rapaz de 17 anos que nada podia contra a experiência de um homem de 45. De repente, ele se virou em sua direção, mas não sem antes apertar o botão de emergência e parar o elevador. Ele gelou e ficou observando seus movimentos. O homem então se aproximou dele por trás, abaixou a gola de seu pullover e fez um gesto como se fosse beijá-lo no pescoço. Diante do imenso asco que sentiu, fechou os olhos, sem reação. De repente, sentiu o queimar do cigarro contra a sua pele e gemeu baixinho. E o homem, que já tratava de liberar o elevador, ao sair, lhe disse: "Para você nunca mais esquecer de mim..."

quinta-feira, abril 23, 2009

Medo

Ontem, mais uma vez senti medo. Ao sair do trabalho, lá estavam eles, em bando, prontos para o "arrastão". Falo dos meninos que habitam os Arcos da Lapa e que descobriram um novo point de assaltos na porta da minha empresa: lá é fácil, fácil, galera. Ninguém faz nada!

Eu já tinha contado do assalto que sofri no post "Primeiro da Abril". Segui a orientação do meu chefe e fiz um relato por e-mail para a segurança da empresa, que estranhamente, só foi encaminhado esta semana. Sabe o que mais? Perdeu o efeito.

Eu não fui na delegacia fazer o boletim de ocorrência (ou registro, sei lá como chamam isso agora!) e os meninos continuam lá nos intimidando.

Eu estou ficando covarde. Ontem, tive um pico de pressão, acho. A cena e o medo me deram logo dor de cabeça. Há alguns anos, eu sairia de peito aberto, pronta para a briga. Hoje, eu me encolho e tenho vontade de sair correndo. Ontem, pedi ajuda ao prancheteiro do ponto de táxi enquanto esperava meu marido chegar. Era quase "pânico", e essa minha reação me deu muito medo. Medo de mim mesma.

A gente vê na tv todos os dias eles falando da "Cracolândia", da prostituição dos menores, da vida que eles levam, do abandono das autoridades. Eu não tenho mais pena deles. Não daqueles que levam da gente coisa que batalhamos para conquistar. Meu professor de espanhol foi roubado semana passada no mesmo lugar que eu, na Avenida Chile. Ficou sem seus pertences e seu dinheiro, que só eu sei o quanto ele batalha para conseguir. Tem uma filha pequena e eu sei que esse dinheiro deve estar fazendo falta. Rodrigo, meu amigo, seu dinheiro virou pó, ou crack. Está sendo consumido nos cachimbos dos meninos embaixo dos Arcos da Lapa.

Até quando vamos ter que viver assim? Até quando vamos viver nesta apatia, covardes que somos?

segunda-feira, setembro 22, 2008

A Paz

De repente, não sei como, nem porquê, ela se faz presente. Nos invade. Chega a nos atormentar de tão intensa, sufocante.

Vem num fio de navalha, retratada em paisagem cortante. Cinza, cheia de fog, muita, mas muita névoa, e chuva. Mas nos mostra, de relance, que está dentro da gente, e que quando menos esperamos, está pronta para se revelar.

Vi a paz neste lugar aí da foto, em Londres, num jardim, ao redor da Catedral de St. Paul, lugar de paz no meio do burburinho da cidade, que você quase não percebe mais quando está aqui. Num lugar limpo, cuidado, tratado, sem insetos (se eles estavam lá, eu não os vi). E não é porque é um jardim de igreja, não! Mas, a paz estava ali, posso te garantir. No silêncio absoluto.

Tão europeu, como se a paz não pudesse estar por aqui, logo ali, na Quinta da Boa Vista, ou no Campo de Santana, ou ainda, na Praça Paris. Quero a paz em todo lugar, sem ter que ficar me cuidando, olhando para os lados, com medo do outro que atravessa a rua em minha direção. Quero poder dar a um estranho meu melhor sorriso, porque com ele sou mais bonita que a mulher amedontrada pela cidade opressora.

Rio, cidade maravilhosa, cidade partida ... e perdida. Já não acredito mais em ti...

sábado, agosto 30, 2008

A cara da morte

"A cara da morte" é o título de uma coluna do jornal O Globo. Traz a relação das pessoas que morreram na cidade, quem elas eram, o que elas fizeram e o que fizeram com elas.

7:30. Hoje. Pegamos o jornal em busca de uma notícia que explique o que aconteceu ontem. Encontramos. O nome da vítima é Jami-Noá. Levou dois tiros. Foi operado e está estável.

18:20. Ontem. Estou no banheiro, pintando o cabelo. Escuto seis disparos. É tiro! Corro para a janela. Os vizinhos também estão na janela. Na rua, um carro preto e muitas pessoas em volta. Alguém foi baleado.

18:23. Ligo para o 190. Peço uma patrulinha, com urgência.

18:30. Chega a ambulância do SAMU (192). Alguém chamou, graças à Deus. As pessoas gritam, pedindo pressa. Ele está vivo, penso. Retiram o homem do carro. Sai de ré a caminho de algum hospital. Me dá vontade de chorar pelo que estam fazendo com a minha cidade.

18:35. Chega o carro da polícia. Perguntam, perguntam, investigam. Atentado? Tentativa de assalto?

19:00. Chega a imprensa. Muitos flashes. Fotos para os jornais e internet.

20:00. Olho pela janela e o carro não está mais lá. Tudo volta a uma aparente normalidade.

7:35. Hoje. Leio no jornal que a vítima tinha acabado de pegar o filho de sete anos na escola e que ele estava no carro. Fico apreensiva com o que vai ser da cabeça desse menino. Sinto o medo que ele sentiu percorrer o meu corpo.

Mais tarde, lembro de Cazuza: "eu vi a cara da morte, ela estava viva..."

sexta-feira, novembro 23, 2007

Tsunami

As coisas estavam mudadas. Era como se a Terra tivesse levado dois anos para dar a volta ao redor do Sol. O tempo estava meio congelado, lento, devagar.

Durante esse período, ela sofrera com as mudanças inconstantes das marés, alterando sua regulação hormonal. Esteve duas vezes muito próxima do outro lado: como o bêbado que entrega a sua vida ao desequilíbrio no parapeito do terraço no alto do edifício, ela entregara a sua ao mesmo anestesista, fornecendo-lhe uma aura mística que ele não pedira, mas insistindo em debater-se como alguém que é quase um "herói da resistência".

Se em momentos de maré alta, ela fortaleceu-se, revelando-se uma mulher guerreira e corajosa, nos de maré baixa, ela surpreendeu-se e quase entregou os pontos. Entretanto, agora ela sabia que a grande onda estava de volta, feito tsunami, a devastar com a sua energia o que encontrasse pela frente.

Parte de um oceano sem memória, mas imponente e inebriante, a onda dificilmente a reconheceria. Não se lembraria que havia passado por ela há dois anos e levado tudo que ela possuía, deixando-a viva para assistir à reconstrução do mundo. Ela se perguntava se seria poupada, se a ela seria concedido o direito de sobreviver à onda, a chance de ver o desastre e ser imune a ele novamente. Se, ao menos, sofreria menos ao ver a morte alheia.

Ela sabia que o medo paralisa, mas, como dizia Vinicius, era preferível viver que ser feliz. O ritual era sempre o mesmo, havia um toque de sedução no ar, um cortejo, como que se fosse a preparação para aquela iniciação. A onda era tão forte, tão poderosa, ao mesmo tempo devastava, mas deixava saudade. Ela sentia arder dentro de si a energia. Como se pedisse a sua volta.

O dia da grande onda estava quase chegando. Só ela, como uma das pouco sobreviventes, havia recebido os sinais, havia sentido sua presença. De repente, a lua cheia se firmou no céu, deixando a todos mais sensíveis e abertos às mudanças, criando um clima de quase devoção àquela luz. No horizonte, só se podia ver a retração do mar.

Ela parou em frente à praia e abriu os braços. A brisa da noite enluarada envolveu-lhe o corpo. Pisou a areia úmida e esperou.

E, em segundos, em pleno janeiro de Capricórnio, sem medo, sem dor, sem razão, ela que sempre sonhou com o mar, olhando para aquele paredão de água salgada, entendeu o mistério da vida...