domingo, agosto 01, 2010

Os olhos

Chegou no restaurante e foi logo procurando aqueles olhos. Só neles, ela encontrava a paz. É certo que eles vinham sempre acompanhados de um sorriso do tamanho do mundo. Assim não vale, ela pensava, invariavelmente, era muita covardia com aquele pobre coração 'dilacerado' de paixão.

A mesa da festa era enorme. Muita gente querendo estar junto daquela pessoa que comemorava aniversário e que, como bom leonino, era solar, não economizava na distribuição de energia e calor, e assim o fazia sem olhar a quem. Ela também queria, mas antes, tinha se certificado se o dono do sorriso estaria lá. E estava.

Como sempre, havia um bando de gente ao seu redor. Ele, que era um sedutor, estava ali para seduzir, lógico, competindo com o dono da festa com garbo e elegância. Ela chegou e ele olhou pra ela. Seus olhos se encontraram pelo caminho, o que o fez levantar e vir na direção dela, deixando quem quer que fosse de boca aberta, no meio da frase, sem a menor atenção. Por mais que eles tentassem disfarçar, era um com o outro que eles queriam estar, era um com o outro que eles queriam conversar, rir, brincar, e curtir aquelas festas cheias de gente. Figuração..., eles diziam, eram a figuração deles. Uma delícia aqueles momentos e o melhor, com direito a trilha sonora, quase sempre escolhida por eles... ainda que a música que tocasse no som do restaurante não fosse a que embalava aqueles dois...

Ela ainda se lembrou de dar o melhor abraço do mundo no aniversariante, antes de sumir na multidão em direção àqueles olhos. E uma vez perto deles, todo o resto desapareceu. Ela ouviu as últimas estórias das viagens pelo mundo, as loucuras do emprego novo, as novidades dos esportes radicais que ele se atreveu a praticar...

E 'embasbacada' com aquilo tudo, nem percebeu quando os garçons começaram a arrumar as cadeiras para fechar o restaurante, onde já não havia mais nenhum sinal da festa além da que acontecia no palco daqueles dois corações, resplandecente naqueles olhos iluminados.



Canción a la Luna - por Renée Fleming

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