domingo, março 08, 2009

Direto do túnel do tempo - artes de criança

O ano era 1977. Mamãe tinha comprado um sofá de molas, de uma família americana que estava deixando o Brasil e voltando para os Estados Unidos. Estávamos encantados com aquele sofá, grande, espaçoso e confortável.

Ela tinha chegado do trabalho, deixado a mim e a minha irmã assistindo à tv, enquanto tomava seu banho. Não havia ninguém conosco na sala. Na nossa tv preto-e-branco, passava a novela Locomotivas, uma história divertida das 19 horas, escrita pelo Cassiano Gabus Mendes. Eu simplesmente adorava a abertura daquela novela. Veja só se não era divertida pra uma menina de sete anos...




Mas, o que nós duas queríamos mesmo era brincar com aquele sofá... A novela ia rolando na nossa tv, quando decidimos pular sobre as almofadas do sofá para testar as molas. Era sensacional, nós estávamos praticamente voando. De repente, não sei qual das duas decidiu tirar as almofadas do assento do sofá e colocá-las no chão. Aí a brincadeira ficou mais elaborada: tínhamos que pular sobre o sofá e depois sobre as almofadas que estavam no chão e depois voltar para o sofá. Estávamos de mãos dadas, eu e minha irmã, fazendo o tal movimento, quando nos desequilibramos e... danou-se! Resolvemos nos apoiar na tv e ela, que estava sobre uma mesinha, foi ao chão e EXPLODIU! Era uma tv de tubo de imagem, comum naquela época.

O que eu me lembro depois do susto foi ver a minha mãe saindo feito uma louca do banheiro, com uma toalha mal enrolada no corpo, querendo saber se alguém tinha se machucado! A gente recolocou a tv na mesinha e só o que vimos foi a imagem do Tony Correia congelada na tela da tv. O Tony, você não deve se lembrar dele, é esse cara que aparece na revista Contigo, ao lado da Lucélia Santos. Ele era um português muito legal, que falava com um sotaque carregado e tinha vindo ao Brasil pra fazer a novela.

Minha mãe e o meu pai deram uma bronca danada na gente e nós ficamos sem tv um tempo, porque não era fácil comprar uma tv como agora. Foi um tempo difícil.

Tempos depois, eu estava no aeroporto Santos Dumont, ia fazer uma viagem a trabalho, quando vi o Tony Correia, de cabelos grisalhos, sentado na sala de embarque. Confesso que meu coração palpitou e eu fiquei louquinha de vontade de sentar ao seu lado e contar a minha história - e pedir um autógrafo, é claro. Mas, confesso que não o fiz. Não ia combinar comigo. Eu sou muito envergonhada pra isso.

Mas, adorei saber que o Youtube virou um grande banco de memórias. Rever esta abertura - e lembrar desta história - foi uma delícia.

Um comentário:

Lady Shady disse...

ÉÉÉ..."Locomotivas" passando e duas "Lôcas motivadas" a fazer bagunça! hahahaha!
bjs,bjs!