sábado, maio 14, 2011

O primeiro dia do resto da minha vida

Estranho como, de repente, tudo que você construiu ao longo da vida deixa de fazer sentido. Num momento, estou lá, com o maior cuidado, garimpando peças bonitas e interessantes para decorar a casa, no outro, estou pensando em fazer uma mala com uma muda de roupas e desaparecer.

Hoje de madrugada, por volta das duas da manhã, eu tive a minha primeira e verdadeira crise de pânico da vida (pelo menos foi assim que eu entendi aquilo que eu tive hoje): uma forte dor no externo, um angústia siderada, uma falta de ar louca, um enjôo generalizado, uma dor intensa no corpo inteiro e uma sensação de morte preemente. Eu sentia de maneira muito intensa que eu ia "falir", que não ia dar, que eu não ia conseguir suportar, muito menos gerenciar aquilo.

Racionalmente, quando eu páro para pensar nos motivos que me levaram a ter uma coisa assim, vejo que está tudo, mas TUDO mesmo, muito ERRADO. É como se eu tivesse passado a vida inteira jogando pérolas aos porcos. Ou {traduzindo} oferecendo o melhor de mim a quem nunca esteve preparado para esse melhor... seja na vida pessoal, seja no trabalho, ou em qualquer canto. E olha que ao longo de todo esse tempo, tudo que eu sempre quis foi ter uma vida normal, igual a de todo mundo: ter uma profissão, um trabalho bacana, uma família, filhos correndo pela casa, um jardim e quem sabe até um cachorro.

Hoje, quando eu penso no meu trabalho, eu me lembro lá atrás, com 17 anos, conversando com meu pai que queria fazer arquitetura, projetar casas, fazer design de interiores e paisagismo, e ele me orientou a seguir a carreira de engenheira civil, que eu nunca exerci depois que me formei, porque arquitetura não dava futuro... Tudo teria sido tão diferente, o caminho teria sido outro.

Já começo a pensar na idéia, na vontade de fazer um novo curso, quem sabe uma extensão em Design de Interiores, depois Paisagismo (já que eu tenho o "dedo verde" mesmo...), e então, mudar tudo, sair daquele escritório onde só consegue as coisas quem "baba o ovo" do chefe, quem bajula, muito mais esses dos que os que têm competência. Odeio essa politicagem e quanto mais o tempo passa, mais eu percebo que não tenho tino pra isso.

Então, quem sabe, mudando esse aspecto da minha vida, por que não mudar tudo de uma vez? Repensar os sonhos e viabilizá-los de outros jeitos. A gente não precisa forçar ninguém a nada, mas tenho certeza que tem um monte de gente a fim de embarcar em sonhos parecidos com os meus por aí... eu não preciso estar sozinha nessa, mas posso dar conta deles muito bem SOZINHA se eu quiser. Aliás, basta querer.

Há um tempo atrás, quando eu ainda estava com a outra terapeuta, ela me dizia que, na vida, a gente não pode ter o desejo fraco, que a gente tem que querer mesmo. Quer ter uma família, queira de verdade, quer dar pro vizinho, queira mesmo, quer mudar de emprego, vai lá e mude... (ai, que exemplos, eu nunca quis dar pro vizinho, que fique bem claro)... Mas, o fato é que ela dizia da importância do QUERER... e dizia que tudo na vida era uma questão de planos, que a gente devia fazê-los, mas de preferência, tentar tirá-los do papel, da imaginação, do potencial, do virtual, e torná-los REAIS.

Acho que hoje é o primeiro dia do resto da minha vida. Aguardem novidades.

Deixa eu ir que hoje eu ainda tenho 8 horas de aula para dar. Inté.

quarta-feira, maio 11, 2011

Angústia

Dor no peito. Uma agulha. Duas agulhas. Três agulhas. {nossa, como dá vontade de chorar} Sinal de angústia. Vai passar, já passou, tá passando? {não, continua doendo}. Ai, agora é a minha cabeça que dói. Tudo dói. A jaula {capa} que protege também enclausura. Tenho que me libertar da armadilha que eu mesma criei. Coragem. Angústia. Medo. Desalento.

---
Dor no peito. Dor em tudo.

sexta-feira, maio 06, 2011

Silêncios

Ele olhou pra mim e disse: "pelo menos fui eu quem te estendeu a mão e te ajudou a se levantar"... e mais algumas bobagens desnecessárias depois. Eu sublinhei a frase: "você já fez isso umas 5 vezes, nessa nossa curta jornada... obrigada".

(...)

Foi então que ele se calou.

quarta-feira, maio 04, 2011

E no final...


... tudo acabou bem! Aliás, se não acabou bem, é porque ainda não chegou ao final... (já dizia meu orientador de Doutorado)...




"E vejo flores em você" - Ira!, Acústico Mtv

Somatização

Onze da manhã, eu andava pelo quarto do hospital impaciente e uma dor lancinante no peito me consumia. Mas, eu só conseguia pensar: "Você não pode ficar doente, você não pode ficar doente! Afinal, tem tanta gente precisando de você."

Eu sabia, racionalmente falando, que estava somatizando o medo, ou melhor, o pânico que eu estava sentindo com a cirurgia da minha mãe, que estava demorando mais do que eu esperava. É lógico que eu estava confiante, tinha fé que daria tudo certo, que a equipe médica era competente, que ia dar conta do recado, que ela ia voltar bem, mas,..., eu tinha pego um tremendo engarrafamento numa via que tinha tudo pra ser "expressa", e demorado exatos 8 minutos a mais para chegar ao hospital antes dela ser levada para a sala de cirurgia. Acho que estava com medo do "E SE...?", ainda mais porque mamãe sempre falou - com todas as letras - que tinha pavor de anestesia... "E se alguma coisa acontecesse e eu não tivesse conseguido vê-la antes?"

Meia hora depois, meu marido dá a deixa: "Amor, eu acho que eu vou embora, porque eu estou gripado, estou com febre, não dormi direito..." Então tá, a primeira coisa que eu pensei foi: "Esse homem está com febre? Opa, a coisa é séria. Que ir embora que o quê, você está num hospital"... E não deixei ele sair. Depois, enquanto esperava pelo atendimento na emergência, me dei conta de que, com o problema da minha mãe, eu nem tinha olhado pro meu marido hoje de manhã... e fui cuidar dele.

A essas alturas, a dor no peito já tinha passado, pois eu tinha que estar alerta, para cuidar da minha mãe, do meu marido com suspeita de dengue (pois é, foi a primeira coisa que a médica aventou...), do meu pai, que estava tão nervoso quanto eu, mas estava tentando se segurar, enfim, de todos, porque eu sou a "Mulher Maravilha" !!!!

O dia passa, a gente se espreme entre as dezenas de pessoas que aguardam atendimento na emergência do Barra D'Or e, ao final do expediente (das 8 às 5, ficamos por lá), saímos do hospital sem um diagnóstico conclusivo, e o marido com febre (mínimo de 38,5 oC). Ainda...

Na yoga, vem o resultado de tanta tensão: TUDO DÓI... Assim como na acupuntura desta semana, em que todas as agulhas me doeram terrivelmente, todas as posturas de hoje foram torturantes, eu fiz um esforço hercúleo para terminar tudo direitinho, e o professor ainda me fez uma cara de interrogação no final... "Ah, professor, foi a minha lombar que doeu muito, você sabe, 8 horas de sala de emergência no hospital, não dá pra não ficar quebrada"... no que ele retruca: "Você tem que ter disciplina, se são 8 horas numa cadeira desconfortável, são 8 horas sem encostar nessa cadeira, são 8 horas em posição de asana..."

Hã? Hellooooooooo.... como assim?

A minha mãe recém-operada, meu marido reclamando de febre e dor no corpo, meu pai murchinho de dar dó, eu com dor no peito e ainda tenho que ser disciplinada?

Se a coluna dói, é porque a gente tem essa mania de carregar o mundo nas costas. E uma grande lição que eu aprendi é que tudo que você faz com muita iniciativa para todo mundo, se é algo que se repete por muito tempo, acaba virando obrigação, ou seja, acaba sendo o seu defaut, aquilo que todos esperam de você, pois, aliás, nem requer muito esforço seu pra fazer, não é mesmo?

Ai, como esse mundo moderno nos cobra perfeição, não?

quinta-feira, abril 28, 2011

Um amor maluco...

“What did it feel like, I wondered, to love someone that much? So much that you couldn’t even control yourself when they came close, as if you might just break free of whatever was holding you and throw yourself at them with enough force to easily overwhelm you both.”
— Sarah Dessen (This Lullaby)

Amo a Giraflô...

quarta-feira, abril 27, 2011

Uma verdade

“There’s always going to be bad stuff out there. But here’s the amazing thing — light trumps darkness, every time. You stick a candle into the dark, but you can’t stick the dark into the light.”
— Jodi Picoult (Change of Heart)

Um pouco de força e fé não faz mal a ninguém!

Para mim mesma...



domingo, abril 24, 2011

Minha casa

Tem coisas que a gente tem orgulho de mostrar. Eu gosto muito da minha casa, e depois de tanto tempo de casada, estou trabalhando para melhorá-la ainda mais, torná-la mais aconchegante.

Eu queria mostrar alguns detalhes dela, dos quais eu me orgulho. O primeiro deles é a porta da minha geladeira...



Esses ímãs de geladeira mostram por onde nós temos andado. Cada um deles representa um lugar. Ah, alguns também foram presentes de amigos que foram e lembraram de nós (como a lhama do Peru, por exemplo, lugar que ainda queremos muito conhecer)... Todos têm uma história e trazem uma gostosa recordação.



Esse ímã traz uma frase incrível, com a qual eu me identifiquei muito... "O primeiro sentimento de quem está de dieta é o de revolta. Dá vontade de acabar com tudo, a começar pelo que tem na geladeira."... Nossa, como eu me identifico com isso!!!

Essa outra imagem mostra a minha estante. Combina minha paixão por canecas com minha paixão por lápis e canetinhas coloridas. Ah, e a minha paixão por livros, ora bolas! A propósito, eu me fartei nas papelarias de Berlim!


Pra finalizar, estou melhorando a minha varanda. Já compramos um banco de madeira, importado diretamente de Tiradentes (MG), que nós envernizamos para ficar na cor que queríamos, e colocamos os futons e almofadas, para ele ficar bem confortável. A planta ao lado veio da CADEG, está cada vez mais amarela! O quadrinho que imita uma bromélia veio de Petrópolis, e é engraçado, volta-e-meia um beija-flor aparece para tentar buscar nectar na flor-imitação!


A almofada do meio é da Besi, as das pontas são produção da minha mãe, com tecidos que compramos no Pólo de Malha do Rio Comprido, os futons lilazes são da Toc&Stok e as almofadas-futons verdes são da Stilo Asia.

Finalmente, meu altarzinho pra Budha. Com uma luminária e um porta-incensos, não quero mais nada nessa vida... Se você quer montar um, visite a Balisun.

Ler o jornal nessa varanda está cada vez mais gostoso, meu programinha de domingo!

sábado, abril 23, 2011

Songs for Japan

Nesta quinta-feira do Feriadão, eu e maridão fomos almoçar no Bazzar, delicioso restaurante dentro da Livraria da Travessa no Shopping Leblon. E, por causa disso, mais uma vez eu - e minha compulsiva mania de comprar livros, livros e mais livros - fiz uma comprinha-básica na livraria.

Na hora de pagar, passei a mão num CD duplo, com músicas de diversos artistas, em prol do Japão. Se chama "Songs for Japan" e é da Sony Music.

Ao preço de R$ 9,90, tem a renda 100% destinada às vítimas do terremoto-tsunami-acidente nuclear no Japão. As músicas são legais, olha só:

* John Lennon - Imagine
* U2 - Walk on

* Bob Dylan - Shelter From the Storm
* Red Hot Chili Peppers - Around the World (ao vivo)

* Lady Gaga - Born This Way (Starsmith remix)
* Beyonce - Irreplaceable

* Bruno Mars - Talking to the Moon (versão acústica)
* Katy Perry - Firework

* Rihanna - Only Girl (In the World)
* Justin Timberlake - Like I Love You

* Madonna - Miles Away (ao vivo)
* David Guetta - When Love Takes Over (com Kelly Rowland)

* Eminem - Love The Way You Lie (com Rihanna)
* Bruce Springsteen - Human Touch

* Josh Groban - Awake (ao vivo)
* Keith Urban - 'Better Life

* The Black Eyed Peas - One Tribe
* P!nk - Sober

* Cee Lo Green - It's OK
* Lady Antebellum - I Run to You

* Bon Jovi - What Do You Got?
* Foo Fighters - My Hero

* R.E.M. - Man on the Moon (ao vivo)
* Nicki Minaj - Save me

* Sade - By your Side
* Michael Buble - Hold on (radio mix)

* Justin Bieber - Pray (acústico)
* Adele - Make You Feel my Love

* Enya - If I Could Be Where You Are
* Elton John - Don't Let the Sun Go Down on me

* John Mayer - Waiting On the World to Change
* Queen - Teo Torriatte (Let Us Cling Together)

* Kings of Leon - Use Somebody
* Sting, Steven Mercurio & The Royal Philharmonic Orchestra - Fragile (ao vivo em Berlim)

* Leona Lewis - Better in Time
* Ne-Yo - One in a Million

* Shakira - Whenever Wherever
* Norah Jones - Sunrise


Se você puder ajudar, compra um também. Dá pra alguém de presente, caso esse não seja o seu tipo de música preferido.

Agora, vamos combinar, bem que a gente podia ter se organizado aqui no Brasil para fazer algo parecido para as vítimas de tantos "acidentes naturais" que já aconteceram esse ano, né?

quinta-feira, abril 21, 2011

Resoluções de outono

Foto: Abdalla Naas, Flickr.

Começou o outono. Dentro da minha perspectiva de "estar gordinha" e não de "ser gordinha", coloquei uma malha de ginástica, logo de manhã, com meu tênis mais confortável, meus óculos mais escuros, um bom boné de aba grande e fui caminhar.

Da temporada na Europa no ano passado, tirei minha maior lição: caminhar realmente emagrece. Precisamente, 8 kg em 35 dias (que eu já recuperei uma parte, infelizmente). Como a gente só andava a pé, de metrô, ou de bonde, e ainda tinha que subir os 4 andares de escada do prédio velhinho em que estávamos em Bermim (21 dias), a perna voltou dura, condicionada. Minha massagista que o diga.

Bom, mas voltando ao dia de hoje, era uma incrível manhã de outono, sem uma nuvem no céu. Salvo os mal educados que andam de bicicleta e motocicleta nas calçadas e os malucos que não respeitam o sinal vermelho às dez e meia da manhã, o dia estava perfeito. Lindo, agradável, com uma temperatura ideal, nem muito quente, nem muito fresco.

Um beija-flor já havia me dito isso logo pela manhã, ao pousar nos galhos do bouganville rosa que enfeita minha varanda. Enquanto eu tomava meu café da manhã, podia apreciar os primeiros raios de sol a bater na janela e nas folhas das plantas e a desenvoltura do pequeno pássaro a me dizer "bom dia".

A natureza estava realmente em festa. Por todo lado que andei, vi árvores e arbustos floridos, pessoas nas ruas, apesar do comércio fechado do feriado, crianças brincando e aproveitando o dia de sol. Uma delas aprendia a andar de bicicleta e eu subitamente me remeti aos meus dez anos de idade, quando encarei esse desafio... andar de bicicleta é tão bom!

Pude contemplar as borboletas e os besouros aproveitando-se das flores abertas. Essa semana, por acaso, aprendi que as borboletas só voam em dias de sol.

Enfim, um dia que começou bem, melhor ainda por ter conseguido deixar meus pensamentos nervosos a angustiados em casa, e sair leve para a rua. Mais algumas manhãs como essa, e eu terei um saldo super positivo no final do ano, sem nem lembrar o quão dura é a vida.

______________________

Enquanto isso, minha irmã chorava a dor da perda de uma amiga num acidente de ônibus em Ubatuba. Ao que parece, o motorista tentou desviar de um carro que fazia uma ultrapassagem em local proibido (uma curva, acreditam?) e perdeu o controle do ônibus, que capotou. Três pessoas morreram, mais de 40 feridos. O mundo está mesmo cheio de canalhas.

Ser x Estar - dramas de uma mulher contemporânea

Ai, eu não quero levantar não!
Esse negócio de malhar é muito chato!



Eu sempre fui magra. 51 kg distribuídos em 1,74 m. As rótulas dos meus joelhos saltavam das minhas pernas, "carinhosamente" chamadas pelos mais próximos de "gambitos". Meus braços eram muito magros e eu me achava estranha quando me olhava no espelho.

Por causa de uma anemia crônica, diagnosticada pelos médicos quando eu tinha 7 anos, sempre que mamãe levava a qualquer médico e dava essa informação, ouvia a mesma recomendação: fazer poucos exercícios físicos, nada de musculação.

A musculação, a partir dos 14 anos, teria resolvido muita coisa, mas, não deu. Se ao menos eu tivesse conseguido manter o corpo em movimento ininterruptamente, com disciplina, tudo tinha se resolvido por si só. Eu teria ganhado "corpo"(massa muscular) com o tempo, na medida certa.

Lembro que fiz um pouco de balé na escola, jazz, natação, volei, futebol de salão, mas nada por muito tempo. Bem, a natação eu fiz por mais tempo, ainda adolescente, quando aprendi a nadar e depois mais velha, já namorando o meu marido. Mas, não foi tempo suficiente para me transformar em uma desportista.

Eu sempre quis ter um corpão, para me olhar no espelho e gostar do que via. Isso aconteceu por volta dos 25 anos, quando então eu comecei a comer demais, a tomar comprimidos de levedo de cerveja, a ingerir bombas calóricas no meio da tarde (duas bananas com meia lata de leite condensado, por exemplo) e, assim, achava que estava fazendo a coisa certa. Qual o quê.

Depois de muito tempo de engorda, hoje sou uma pessoa pesada, com um sobrepeso considerável. A gente se acostuma a comer muito, é fato. Como a maioria das mulheres, a gordura se concentra na barriga, nos quadris e nos glúteos. Ao contrário do que possa parecer, hoje eu já consigo me sentir até bem com essa minha nova figura, mas tenho saudades do tempo em que todas as roupas que eu usava me caíam bem.

Hoje, sou uma pessoa que pode comprar o que quer - demorei quase 40 anos para isso. Mas, ao contrário do que eu gostaria, é muito mais difícil lidar com sobrepeso sendo uma pessoa relativamente alta. O que me angustia é em que todos os lugares que vendem roupas com uma modelagem que me serve, a moda é para mulheres que estão, pelo menos, uma geração a frente da minha, o que me faz ter que pensar sempre ao comprar uma roupa: "essa roupa me envelhece?"

Essa semana, minha terapeuta me perguntou como eu me sinto em relação a isso. Confessei a ela que me sinto muito, muito triste, chateada mesmo. E, ao que parece, as luzes das cabines de provadores são luzes da verdade: mesmo que você não se veja gorda, aquelas luzes te darão 10 kg a mais.

Esse sobrepeso foi resultado da Síndrome do Mestrado/Doutorado: uma combinação de sedentarismo com solidão. Fazer um Doutorado em seguida a um Mestrado, com uma terrível crença de que não há tempo para nada além de estudar e produzir artigos e monografias, num isolamento de amigos e familiares, gera isso. Mas, de fato, ninguém precisa prescindir de uma vida normal para realizar uma empreitada dessas. Essa solidão foi algo que me impus inadvertidamente. Não é preciso buscar isolamento nem trocar festas familiares para ficar debruçada sobre os livros. Amigos, lembrem-se disso sempre.

Se a gente acaba o dia lendo, lendo, lendo, na companhia de um pacote de biscoitos, e uma garrafa de refrigerante, a tendência é essa mesmo, ENGORDAR!

Perder peso é algo que requer um esforço sobrenatural. Difícil, complicado e nada agradável. Precisa gastar energia, malhar, andar, se exercitar... afe! Cansa! Só de pensar, dá preguiça de sair da cama...

Ainda mais quando se ama os bolos, os pudins, os biscoitos recheados, os chocolates, os sorvetes... Amo mesmo, confesso. Tenho que fugir deles, não comprar. Chego a sentir água na boca quando passo pela banquinha em frente a minha empresa, mas tento não passar por lá, ou se passo, não páro.

E o que me resta agora é perseverança pra entrar na linha, pra retomar algo que chamam por aí de auto-estima. Porque eu posso ESTAR gordinha, mas não quero SER gordinha... isso é meta de futuro (médio, longo prazo, quem sabe?). Com vontade, determinação e fé.

Porque a luz no fim do túnel não é a de um trem vindo na minha direção.

terça-feira, abril 19, 2011

Áreas abandonadas no Japão


Essa foto aí em cima me impressionou. Ela foi tirada recentemente, em Odaka, pelo fotógrafo David Guttenfelder, e mostra um gatinho abandonado numa localidade deserta, onde só entram os policiais a procura de corpos de vítimas do tsunami e até da radiação, por que não? A cidade está naquele raio de evacuação da usina nuclear de Fukushima.

E daí que esqueceram o gatinho dentro de casa? E daí que ele ainda está vivo?

TADINHO!!!!

Ai, agora não vou conseguir dormir pensando nisso...

domingo, abril 17, 2011

Facebook

Quando eu criei a conta do Facebook, gostava demais da interface do Orkut e acabei achando que não ia conseguir usar minha conta nunca...

Com o tempo, fui experimentando e virando fã. Adoro o FB. Acabei abandonando o Orkut, até porque, ao que parece, todo mundo migrou...

Só que, junto com a minha familiaridade com o FB, fui deixando os blogs de lado. Não que eu não tenha mais assunto, não é isso. Mas, com a vida corrida e a quantidade de coisas que eu tenho pra fazer durante a semana, quase nào me sobra mais tempo para vir aqui.

Eu até quero retomar o blog, mostrar pra vocês as coisas que eu ando descobrindo, o que eu ando fazendo... mas, não tenho tido tempo, juro!

E com as facilidades do FB, eu tenho andado mais por lá, é quase a minha página inicial, se ele fosse acessível do trabalho, seria.

Assim que eu puder, coloco o papo em dia, combinado?

quinta-feira, março 31, 2011

Em aula...out of the office

Esta semana, estou em aula. Depois de anos, estou uma semana, de oito às cinco, em sala de aula, naquele esquema professor-falando-da-transparência-e-aluno-assistindo-passivo-e-bocejando.

Quando contei pro maridão que ia ficar fora do escritório uma semana, ele disse: "ai, que solidão boa"...

Eu me assustei hoje ao constatar que não haviam e-mails de trabalho solicitando nada, que ninguém ligou perguntando sobre algum detalhe de um projeto, que as pessoas não estão sequer se falando... depois ninguém sabe porque nosso resultado do clima organizacional está tão ruim!

Tudo bem, trabalho numa empresa controlada pelo Governo, e estamos em plena fase de transição, ninguém está se movimentando, ninguém está fazendo mesmo muita coisa. Mas, acho que assim já é demais... esse marasmo é assustador.

Antigamente, meu celular não parava... agora, ele emudeceu. E eu estou começando a ficar preocupada...

domingo, março 13, 2011

Be yourself is all that you can do...

Be Yourself
Audioslave

Someone falls to pieces
Sleeping all alone
Someone kills the pain
Spinning in the silence
She finally drifts away

Someone gets excited
In a chapel-yard
and catches a bouquet
Another lays a dozen
white roses on a grave
Yeah

[Chorus]
And to be yourself is all that you can do
Hey
To be yourself is all that you can do

Someone finds salvation in everyone
Another only pain
Someone tries to hide himself
Down inside himself he prays

Someone swears his true love
Until the end of time
Another runs away
Separate or united
Healthy or insane

[Chorus]
And be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can do
All that you can do
Be yourself is all that you can do

Even when you've paid enough
Been put upon or been held up
Every single memory of the good or bad
Faces of Luck
Don't lose any sleep tonight
I'm sure everything will end up alright
You may win or lose

[Chorus]
but be yourself is all that you can do
Yeah
To be yourself is all that you can do
Oh
To be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can
Be yourself is all that you can
Be yourself is all that you can do


segunda-feira, março 07, 2011

Sem...

Abriu a torneira e ficou observando a água escorrer pela pia. Fria.
Tirou uma tesoura da gaveta e checou seu fio. Estava bom.
Segurou uma mecha de cabelo. Cortou. Depois outra. E mais outra.
Observou com calma sua transformação.
Não queria mais nada.
Nem a moldura do rosto.
Usou uma loção adstringente para limpar o rosto.
Nada, nem impurezas da rua.
Tirou os óculos e os colocou sob os pés, a estraçalhar suas lentes.
Não precisava mais de nitidez.
Pra quê enxergar?
Despiu-se das roupas que trazia no corpo e olhou pra ele.
Contou uma, duas, três, várias cicatrizes.
Quantas vezes lutou pela vida?
Achava que tinha algo maior pra fazer...
Que nada!
Lembrou-se de ter lido que a medida de sua importância é proporcional ao quanto se lembram de você depois que você se vai... Dez anos é um bom número.
Nos tempos de hoje, dez minutos é um bom número.
Questionou-se do quanto já quis ser lembrada e do quanto desejava hoje ser esquecida.
Olhou praquela mulher no espelho e viu a menina que brincava com os primos de bola de gude, pique e outras artes.
Era outra mulher.
Sem vaidade, sem medo, sem...

domingo, março 06, 2011

Fita vermelha

I
Ela amarrou a fita vermelha nos cabelos, passou o batom, também vermelho, e saiu pela rua, no meio do bloco.

Estava exultante, orgulhosa de sua fantasia, planejada e confeccionada por ela mesma, em janeiro. Nunca tinha se permitido brincar o carnaval de rua, nunca tinha se dado o direito de "construir e viver uma fantasia".

Estava cansada de tanta caretice, queria matar as saudades de um tempo que não tinha vivido e que só conhecia pelas revistas e pela televisão.

Olhando as pessoas que estavam curtindo a festa, dentro e fora do bloco, fantasiadas ou não, ela viu, pela primeira vez, a alegria estampada, viu um sopro de felicidade nunca visto outrora. Seus cabelos rubros, cacheados, amarrados na fita vermelha compunham uma pintura com sua fantasia, e ela emanava paixão: pelos outros, por si mesma e pela vida!

As velhas marchinhas de carnaval, todas cantadas de cór, serviam de trilha sonora para aquele momento mágico, um pano de fundo para um sonho de liberdade...nem que este sonho durasse apenas os quatro dias de carnaval e se acabasse na quarta-feira de cinzas.

Pulando com o povo no bloco, sentia aquela alegria invadindo-lhe o peito, tornando-a leve, fazendo com que ela esquecesse os problemas da vida. Tanto tempo perdido...

II
Olhando nos olhos dos homens, sentia de novo o desejo surgindo, sentia que estava viva. Sentia-se bonita, tão saudável, tão cheia de amor. Há muito sentia-se cansada, mas naquele dia, estava disposta, havia se encontrado...

No meio da multidão, avistou um antigo amor, Marcos. Pensou que não poderia ser verdade, pois já não o via há mais de quinze anos. Arriscou chamá-lo, mesmo com todo aquele barulho:
- Marcos! Marcos!

Ele ouviu sua voz e abriu-lhe um sorriso escancarado, fitando-a nos olhos como fazia quando eram namorados. De braços abertos, pulando ao som da marchinha, ele caminhou em sua direção, enquanto ela tentava vencer a multidão (que insistia em estar ali se divertindo) e chegar onde ele estava.

III
O Marcos que ela conheceu era um homem alto, forte, corpulento, de cabelos negros e espessos. Hoje, havia se transformado num homem bonito, porém já meio grisalho, mas ainda era o homem mais cheiroso da face da Terra...

- Luísa, quanto tempo! Dá aqui um abraço!

- Ô, Marcos! Por que a gente ficou tanto tempo sem se ver!?

Num primeiro momento, eram bons amigos que se encontravam depois de anos. Um abraço, depois outro abraço...

- Vamos tomar um choppinho, para matar as saudades!

- Como nos velhos tempos? Vamos! Você está sozinho?

Isso fazia mesmo diferença? Sentaram-se num barzinho que margeava a rua e pediram dois choppinhos bem gelados. O papo se seguiu enquanto o bloco passava. Como a música era altíssima, tinham necessidade de cochichar nos ouvidos, de falar bem pertinho, encostando os rostos. Ela foi sentindo uma saudade dele, do seu toque, do seu cheiro...ainda usava o mesmo perfume...

Ele sentia o mesmo, o coração chegou a disparar algumas vezes. Não sabia se era ela ou uma sensação de voltar a ser adolescente. O fato é que seus cabelos, seu hálito, seu toque, o estavam remetendo a uma época de sua vida em que ele era livre, feliz, inconsequente até!

IV
De repente, um desejo louco por um outro abraço acometeu os dois...e do abraço veio a vontade de um beijo... e eles ficaram se perguntando por que mesmo o namoro deles tinha acabado...
E depois daquele beijo, veio outro beijo, e mais outro, e mais outro...

Ah, que carnaval! Bendita fita vermelha no cabelo da Luísa! Bendito batom...que sabor de cereja! Bendita cerveja gelada, deixando as pessoas mais descontraídas, mais à vontade!

Como eles estavam próximos da casa da Luísa, resolveram continuar o papo por lá, mais reservados, sem a presença daquele mundo de gente jogando confete e serpentina nos pierrôs e colombinas perdidos na tarde festiva...

Marcos havia ficado tão bom com o tempo, tão habilidoso com as mãos! Luísa, por sua vez, sabia o que queria, conhecia melhor o seu corpo e o seu desejo. A saudade era muito grande: o amor começou na sala, estendeu-se pelo quarto, pela cozinha, no banho gelado, e terminou numa noite estrelada, com o casal caminhando pelas ruas da cidade de mãos dadas.

V
Quando finalmente Marcos deixou Luísa de volta em casa, já no raiar do dia, um olhou bem fundo nos olhos do outro, e ambos agradeceram pelas noites vividas e revividas naquele encontro. Sem precisar de um acordo, resolveram não trocar telefones. Se o destino assim o quizesse, Marcos saberia como encontrar Luísa, como voltar àquela casa, como retomar aquele amor.

E, depois de um sono tranquilo e abençoado, foi hora da Luísa trocar de fantasia e se preparar para outro bloco, outra aventura, outro dia feliz de carnaval.

_________________
Publicado neste blog em outubro de 2006.

quarta-feira, março 02, 2011

Mário Quintana, lindo...

Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... Uma fita... Dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola. Vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando... Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah, então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!