domingo, janeiro 11, 2009

Blade Runner

Quando este filme foi lançado no Brasil, eu não quis assistí-lo. Nunca fui mesmo muito fã de ficção científica. Sempre fui assistir filmes de ficção científica "motivada" pelos namorados, amigos e depois, meu marido. Mas, não que eu saísse de casa com esse propósito.

Em 2007, quando enfim relançaram o filme com o corte do diretor, eu também não quis assistir. Meu marido sentenciou: "Eu lembro muito bem do filme, o que pode ser diferente? Quero ver não!". E daí, não fui de novo.

Nestas férias, resolvi que isso tinha que acabar, pois eu tinha criado uma imagem fantasiosa sobre esse filme que eu queria desfazer. Afinal, o que haveria de tão bacana em Blade Runner que faria uma galera pedir por sua exibição no cinema há duas semanas atrás?

Então, comprei o dvd do filme (eu adoro comprar os dvds dos filmes e guardá-los). Tinha uma coisa boa nesta história de ter o dvd: eu poderia ver também o final que foi exibido em 1982. E aí, fazer as devidas comparações.

Então, ontem, o grande dia aconteceu: me preparei, me ajeitei no sofá, e coloquei o dvd pra rodar. Sem sombra de dúvidas, o grande impacto do filme é a trilha sonora do Vangelis, que graças a um bom home teather, fica um espetáculo. Não fosse a tecnologia de hoje, assistir a esse filme em casa teria sido complicado. O filme é realmente impressionante no que diz respeito ao projeto de futuro apresentado. O diretor e sua equipe estão de parabéns, ao criar um mundo cosmopolita, de carros voadores, onde há pessoas de todas as partes do mundo, com a engenharia genética e a inteligência artificial já inseridas, e animais andróides mais caros do que os verdadeiros. Tudo isso só existia na fantasia dos cientistas naquela época...

Há um detalhe interessante no filme que é a memória, que dota os andróides de humanidade. A decepção que lhes causa saber que aquela vida não é a deles é realmente surpreendente. Eles sofrem ao saber que seu criador lhes projetou uma vida artificial, que nada daquilo é deles, que aquelas fotos não retratam a sua vida. "O pior inimigo é aquele que está do seu lado da trincheira", já dizia o Sun Tzu.

Os personagens são bastante fortes, mas o Harrison Ford, com o seu Rick Deckard, o caçador de andróides, mostra de onde vem a cara de bobão que ele continua fazendo até hoje. Seu embate com o andróide desempenhado por Rutger Hauer (sensacional!) é qualquer coisa: talvez a pior cena do filme. Não há mesmo necessidade de explicação: aquela voz em off do Deckard se perguntando o porquê de não ter sido morto pelo andróide é totalmente desnecessária.

Tive a oportunidade de ver os quatro finais (o americano, o internacional, ambos de 1982, o de 1992 e o de 2007). E notei que já em 1992, o diretor Ridley Scott já pensava em exibí-lo de um jeito mais sombrio, sem aquele final feliz inexplicável. Aliás, como a cidade em que eles se encontram está tão escura, chuvosa e superlotada e eles vão encontrar no norte aquele paraíso verde? Que lugar é aquele? Por que um contra-senso tão grande?

E a explicação no final de que a Rachael viveu mais do que os quatro anos previstos para aquela geração de andróides parece explicação para retardado. Talvez ela tenha sido necessária pelo mesmo motivo que levou a refilmagem de "Asas do Desejo": é difícil para os americanos compreenderem o que é muito subjetivo e visual.

Posso dizer que gostei, mas fiquei um tanto frustrada com o roteiro do filme, meio careta para os padrões atuais. E acabei com a sensação de que a Rachael virou uma escrava do Deckard, encontrando na submissão a ele um jeito de permanecer viva, o que não faz nenhum sentido para o meu marido, que foi categórico e disse que eu não entendi nada desta parte do filme (a gente entende o que quer, né?). Na minha fantasia, o Deckard se descobria andróide também, e sofreria um tremendo conflito ético-moral (existem vários grupos de fãs que discutem essa possibilidade na internet, descobri mais tarde). Engraçado eu nunca ter procurado nada pra ler sobre o filme, só ter lido o que me foi apresentado ao acaso.

Bom, para que nunca viu, como eu (se é que isso é possível), recomendo a experiência. Vale! Quem quiser saber mais sobre o filme, visite:

4 comentários:

Claudia Moema disse...

Bem-vinda ao clube!!!!!!
Blade Runner é tudo isso e muito mais. exiswtem diversas leituras e não importa quando vc o assiste: ele mexe com você de maneira subliminar. É delicioso, é instigante. E Hutger é tudo de bom. (Pena que a idade o pegou na curva...)
Beijocas
CM

Lady Shady disse...

Legal ter se "permitido" ver o filme.
Blade Runner é daqueles que a gente "precisa" ver, nem que seja pra detestar e falar mal,contrariando a maioria.
Pessoalmente gosto mais da versão com o "Narrador" (voz em off),não por achar que os acontecimentos necessitem de explicação,mas sim porque a presença deste elemento faz menção direta ao estilo Noir Movie da década de 40/50. Blade Runner ficaria então mais explicitamente caracterizado como um Noir moderno,com a figura do narrador inserida.
Eu gosto muuuuito do filme.
Ah,por favor não fale mal de meu Harry!
Ele tem cara de bobo sim mas amooooooooo esse homem!
Harrison Ford é meu Símbolo Sexual desde "Guerra nas Estrelas".
Até hoje acho o "véio" um tesão!
hehe
beijos!

Rebecca Leão disse...

Cláudia, eu não posso dizer que entrei pro clube, apenas que me desvirginei. Bjs

Rebecca Leão disse...

Ele até pode ser um "Véio" tesudo, mas aquela cara de bobo, de quem caiu do caminhão de mudança, é uma marca registrada.
Bjs