Sempre fui a favor dessa tal fidelidade. Sempre, sempre! Porque por mais que eu até achasse outras pessoas interessantes, estava tão ligada ao cara com quem estava que não conseguia olhar pro lado. Era o que eu encarava como paixão.
Com o tempo, e depois de algumas frustrações e decepções, eu fui me permitindo ser fiel a mim mesma. A querer o melhor pra mim, a me colocar sempre em primeiro lugar, a não fazer algo que não estivesse a fim de fazer só para agradar ao outro.
Está certo, vocês até vão dizer, a vida é feita de concessões. Mas, não o tempo todo, não apenas para os outros e nunca pra você. Se a gente não se priorizar, quem vai? Eu tive um namorado que dizia: primeiro eu, segundo eu, terceiro eu, quarto eu, quinto eu, depois eu começo a pensar na minha mãe, em você, na torcida do Vasco... enfim, ele era um cara radical. Não sei se mudou agora que tem filhos, porque com filhos as coisas mudam de figura, mas ele se amava muito, acima de todas as coisas. E nem por isso era um cara inflexível, ao contrário. Topava muitas coisas que, não se pode dizer, todos topariam... até aqueles programas terríveis de final de noite!
Este assunto veio a baila hoje porque, conversando com uma amiga, confessei, sem saber muito bem como o assunto descambou pra isso, que um dia, num passado bem remoto, já pretérito imperfeito, optei por mim ao invés do outro, e cheguei a cogitar fazer algo que não faria se não fosse por impulso (esse é o máximo de detalhe que vou me permitir dar a vocês num blog assim tão público). Cheguei a cogitar... - e fiquei só no plano do planejamento, porque, apesar de ter me decidido pelo abismo ao invés da insana vida monótona, a coisa não aconteceu, não se concretizou, não foi a frente. E eu continuei a mesma de sempre, séria, reta, aquela que "não faz xixi fora do pinico", e de quem sempre se sabe o que se pode esperar...
O tempo passou e hoje eu, olhando pra trás, vejo que não teria me arrependido se tivesse feito, porque aprendi a só me arrepender do que não fiz. E arrependimento é como um pé na porta travando tudo e impedindo a entrada de alguém desejado no dia que seria o dia mais feliz da sua vida: dói. Ô, como dói!
Mas, de fato, depois de tanto tempo, e de tantas vidas passadas, e de tantas Rebeccas que surgiram com elas, o que me incomodou mesmo hoje foi o julgamento. Ser julgado por algo já tão distante soa um tanto desbotado, soa demodé, soa estranho mesmo. Mas, pode ser um sinal de que alguém esteja começando a te ver como você é de verdade. Essa culpa, eu não tenho, estou sã. Já curei essas feridas, já virei as páginas, guardo tudo aquilo como lição aprendida. Tenho tantas... se errei muito, é porque me permiti arriscar. Se fiz alguém sofrer com isso, não foi a intenção, mas sei que faz parte do jogo da vida.
Só sei que não tenho mais essa ânsia de ser tão perfeita. A mulher perfeita não existe. Sei de mulheres perfeitas que fazem tudo certo, mas que choram por outro debaixo do chuveiro pro marido não ouvir. Todo mundo tem um segredo guardado, uma dor mal tratada, um chute no traseiro que quer esquecer. Quem diz que não tem, não viveu.
E o importante é ter história.
2 comentários:
Amei !
Você conhece uma música chamada "Jura Secreta"?
Pois é, se não conhece, trate de conhecer
bjs
Muito bom este post! Culpa só engorda, dá rugas e envelhesse! Pro lixo com ela! BJS
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