quarta-feira, outubro 15, 2008

Ser ou não ser - depois da Martha, a casa dos espelhos

Estou eu aqui, devorando o livro da Martha Medeiros, relendo crônicas que eu já havia lido no jornal O Globo. Gosto muito do positivismo dela e da maneira leve como ela faz suas análises e olha a vida. "Doidas e Santas" é realmente um livro para se guardar, porque nos permite ter, como coleção, aquelas estórias do jornal, sem ter que lidar com o papel de tinta ruim que solta toda na sua mão.

Na crônica do dia 19 de novembro de 2006, Martha fala de Volver, um filme do Almodovar que tinha acabado de estrear nos cinemas e que eu vi várias vezes. Meu professor de castellano, um espanhol radicado no Brasil, não gosta do diretor. Como ele pode? Eu comprei este filme para ter em casa, assim como a caixa de filmes do Almodovar que, já sei, não vou poder utilizar como matéria-prima em sala de aula.

Mas, continuando. Nesta crônica, Martha fala da cena inicial do filme, das mulheres lavando os túmulos dos seus homens no cemitério. Eu sublinhei no texto dela: "todas sobreviveram a eles". A gente até podia dizer há um tempo atrás que as mulheres morriam mais que os homens, mas agora, com esse papo de mulher executiva, sei não.

No meu caso, várias cenas me impressionaram, mas tenho que confessar que, como boa engenheira, fiquei encantada com os moinhos de vento ladeando a estrada. Esta cena me gerou um interesse que me levou a buscar mais informações sobre os países que estam investindo nesta tecnologia de geração de energia, como o nosso faz, muito timidamente.

Martha diz ainda que "mulher é sempre real, comoventemente real". Será que foi por isso que eu me comovi e me encomodei tanto com os espelhos que me puseram a frente? De fato, eu me senti na Casa dos Espelhos, procurando um que não exacerbasse os meus defeitos ou qualidades, ou outro que não diminuísse tanto o meu lado bom. Enfim, um espelho que me refletisse, eu praticamente não encontrei, e não é que eu estivesse me recusando a ver, eu estava aberta. É que acho que não houve interesse genuíno pelo outro e seu desenvolvimento (como os consultores gostam tanto de frisar lá no curso).

Na crônica de 11 de novembro de 2007, Martha fala ainda de flexibilidade, que "é preciso ter certa flexibilidade para evoluir e se divertir com a vida". Eu sinto que ainda isso que me falta. Ser flexível: não é fácil! Segundo ela, "o fato de transgredirmos nossas próprias regras só demonstra que estamos conscientes de que a cada dia aprendemos um pouco mais, ou desaprendemos um pouco mais, o que também é amadurecer. Não estamos congelados em vida". Talvez tenha sido essa a grande lição da imersão no sítio:
F-L-E-X-I-B-I-L-I-D-A-D-E!

Difícil, mas possível. Cada vez mais possível com o amadurecimento.

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