domingo, outubro 12, 2008

Ser ou não ser - eis a questão!

Sempre soubera que tinha uma personalidade forte. Não era do tipo mimada, apenas não gostava de ser mandada sem razão ou motivo. Era do tipo que nunca levava desaforo para casa. Nunca! Como dizem por aí, dava um boi para não entrar numa briga e uma boiada para não sair dela.

Vivia isso na vida pessoal, e na profissional também. Sua família já sabia, quando ela ficava muito calada e séria, a chapa estava esquentando. Mas, no fundo, sempre fôra uma pessoa boa, com um coração enorme, do tipo sempre cabe mais um. Rexona, sabe?

Os amigos abusavam. Quem a conhece bem, sabe que seu coração é mole. Que uma hora ele amolece e ela cede.

Ao pegar antipatia por alguém, ela ficava braba. E não se esforçava para disfarçar seus sentimentos, fazia questão de não ser falsa. Porque falsidade dá dor de estômago, ela dizia.

Até que um dia ela se deparou com a maioria. E com um diabo de um processo chamado Feedback (que no caso de ser bom é floresback e, se ruim, é fodeback mesmo!). A maioria não se fêz de rogada e detonou geral! Ela, como boa leonina que é, ficou abalada. Se olhou no espelho e se perguntou: mas, em toda a minha vida eu fui assim, e as pessoas gostavam de mim assim!? O que hoje eles apontam como defeito sempre foi visto como qualidade: iniciativa, determinação, foco no cliente, conteúdo! Por que então a maioria anda me vendo desse jeito? Onde está a falta de foco nesta fotografia, que eu não consigo enxergar?

Voltou para casa pensando na maioria, e no Nelson Rodrigues (minha filha, toda unanimidade é burra! - dizia para si mesma). Estaria apenas procurando uma maneira de se perdoar, ou se convencer que não era bem assim? De quem era a reponsabilidade por aquilo tudo? Podiam os professores se eximir dela e deixar o circo pegar fogo?

Ficou se perguntando o que era mais imperioso: seu direito de ser como é ou o dever de não ser (para agradar a maioria)! Ao final, concluiu que nem sempre quem tem que mudar é quem incomoda. Aliás, os incomodados que se mudem!

E seguiu a sua vida feliz, esquecendo-se do drama daquela temporada no sítio. Voluntariosa, determinada e consciente das suas possibilidades e limites!

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