domingo, agosto 30, 2009

Do modo que as pessoas vêem a vida e o amor

Eu tenho um monte de amigas da minha geração que ainda estão solteiras. Já os amigos, a maioria deles casaram ou se arrumaram. Uns demoraram mais, outros menos, mas o que a gente ouve falar mesmo é da mulherada que está sozinha, e se ressente da solidão. Solidão tem um peso danado.

Recentemente, um grande amigo se separou da esposa e já arrumou uma namorada. É natural ouvirmos dizer que o homem não consegue ficar sozinho e que, por isso, emenda um relacionamento no outro. Quanto às mulheres, o que a gente escuta é: não vá trocar um problema por outro, resolve esse seu problema primeiro para depois partir pra outro relacionamento. Enfim, é mais comum as pessoas aceitarem o fato das mulheres terem que passar por um momento de "luto" do antigo relacionamento pra poder começar outro de peito aberto.

Eu, particularmente, acho isso tudo uma besteira. Acho que o que importa nessa vida é sermos felizes, juntos ou separados, felizes sozinhos, na pista, como se diz por aí, ou acompanhados de um novo amor que nos faça crescer e sentir bem.

Mas, voltando às amigas solteiras. Outro dia, eu estava conversando com um amigo e ele disse: mulher solteira, ou separada, sem filhos, com mais de trinta e cinco anos, tem um alarme na testa, é sinal de perigo pra qualquer homem, que ao se aproximar, vai pensar logo que a mulher quer casar, quer uma família, vai virar encosto. Tudo bem, tudo bem, meu amigo não foi nada gentil. Mas, deve ser isso mesmo que os caras pensam, porque no fundo é assim que eles agem: fogem de mulheres desta faixa etária como o Diabo foge da cruz.

A mulher, então, pra se dar bem com esse tipo de homem medroso tem que ter muita auto-estima. Tem que saber muito o que quer, e o que não quer. Esse meu amigo, por exemplo, tem um check-list mental, e parece que vai checando as perguntas e as respostas, à medida que as escuta. Chega a ser engraçado. Você gosta de samba? Ah, você quer ter filhos? Você vai pra baladas no sábado à noite? Que tipo de filmes você vê? São tantas exigências que ele faz, que eu chego a pensar que ele não está pensando no "chinelo velho pro pé descalço" e, sim, no quanto esse chinelo velho vai exigir de manutenção por parte dele. E se, em contrapartida, as mulheres fizerem o mesmo?

Então, não se trata mais de avaliar o custo de mudança, nem o custo de oportunidade, mas sim, o custo de manutenção. A vida é mesmo feita de decisões econômicas.

O fato é que as pessoas não se entregam mais. E quando vêem alguém se entregando, começam a soar seus alarmes, pra avisar a pobre coitada: Cuidado, não vá amar demais, não vá sofrer demais, não seja boba, não acredite nele, ele não presta!

E quem é que presta nesta vida? Quem é que já não fez uma bobagem, se apaixonou pelo cara errado (ou pela mulher errada)? Foi trocado, sacaneado, corneado? Quem? Atire a primeria pedra quem ainda não passou por isso... Somos todos seres humanos...

Agora, ainda sobre as mulheres solteiras...

Tenho que dizer que a minha tese é um pouco pessimista (ou machista, vocês podem dizer). Eu sempre penso que se o cara tem mais de trinta e cinco anos e está sozinho, ele deve ter problemas... ou é um cara muito cheio de manias e exigências, como o meu amigo... ou muito tímido... ou está separado, e tem uma ex-mulher muito presente, e que de quebra, ainda o quer de volta... ou não gosta do sexo oposto (mais comum do que a gente pensa)... ou ainda, tem tanto medo de se envolver num relacionamento, que prefere ser um solteirão convicto.

Pois é, imagine a cena e comprove a minha teoria.

O casal chega no restaurante bacaninha da moda (o Alessandro e Frederico, da Garcia D'Ávila, Ipanema), e senta numa mesa na varanda, à luz de velas, um de frente pro outro (pra mim, já começou mal, tem que sentar do lado, pra ficar roçando a perna, depois o braço, depois passar a mão no cabelo, no rosto, enfim, tocar). Os dois com mais de trinta e cinco, talvez mais de quarenta, aparentemente bem resolvidos. Ela, bem vestida, de preto e sapatos altos, mas sem maquiagem (como assim, num sábado à noite?). Ele, um trapo de camiseta, com umas mangas indecentes... Começam um papo empolgado, que de repente descamba pra religião, pra Buda, pra espiritismo, pra fé em Deus... parece um tipo de pregação. A conversa não engrena... ela até que insiste, tenta mudar de assunto (olha só, estamos só nós dois aqui, pega na minha mão), mas o cara só quer saber do sentido da vida.

É lóóógggggiiiiiiccccccooooo que não dá em nada! E podia dar?

Eles vão embora lado a lado, caminhando (nenhum dos dois parece ter carro...), mas a brisa está fresca, vão em direção à praia (quem sabe uma esticada e uma mão no ombro), mas aquele papo foi o maior corta tesão, vamos combinar!...

E, então, a mulherada que está a fim de homens que vão direto ao ponto, e que sabem o que querem, não aguentam o tranco e caem fora... Quem é que aguenta uma abordagem dessas?

Não é que a gente desista fácil, mas o fato é que a fila anda, e anda cada vez mais rápido nestes últimos tempos. Eu sei, eu sei, que é preciso investimento numa relação pra que ela dê certo, mas as pessoas bem que podiam dar uma forcinha, não?

Eu ando descrente dos relacionamentos. Acho que está tudo muito difícil e que pessoas que encontram o amor são as maiores sortudas. Mesmo que esse amor seja torto, ou difícil... o importante, como eu costumo dizer, é ter história.

12 comentários:

Diana disse...

Discordo totalmente!
As mulheres solteiras estão ESCOLHENDO a solteirice.
São independentes, livres, saem com os homens que querem. Têm suas casas, suas profissões, viajam com quem querem, fazem o que têm vontade.
Tem muito mais mulheres casadas e infelizes, que ficam com maridos horrorosos só para dizerem que são casadas, do que solteiras.
Seu texto é muito equivocado e ultrapassado.
Aposto que você é casada e infeliz no seu casamento!

Rebecca Leão disse...

Oi, Diana,
Não acho meu texto equivocado não, mas respeito a sua opinião. Converso com as meninas e vejo que elas estão bem, mas não estão tão felizes assim. E quanto a minha vida, tenho os meus momentos bons e ruins mas são sempre a minha história, o meu ponto de vista. E que bom que pensamos diferente. O que seria do verde se todos gostassem do amarelo, não é não? Abraços, Rebecca

Letícia disse...

Rebecca,

Homem como esse seu amigo é um tipinho dispensável na vida de mulheres solteiras ou separadas. Melhor mesmo ele procurar meninas de 20 e poucos. Porque, pela linha dele, duvido que ele assuma uma de mais de 30 com filhos, ou com "kit", como provalvelmente esse sujeito diria.

O comentário dele, além de não ser nada gentil, revela mentalidade desprezível. Eu, sinceramente, prefiro não conviver com essa gente.

Blargh pro seu amigo! Asco!

Beijos, querida.

Lady Shady disse...

hahahaha, ai, ai...
Rebecca, lamento dizer mais esse seu coleguinha aí com certeza é ou foi muito corno, além de provavelmente ser ruim de cama. Essas pobres figuras, cujas mãezinhas lavavam suas cuecas, têm é um medo absurdo de mulher madura, bem resolvida, que vive a vida como quer.
Eles não bancam isso não.
Gente assim, dispenso francamente do meu círculo de amizades, e da minha cama,aí é que não passa nem perto mesmo.
Tô fora de palhaço, nêga!
Palhaço, só no Circo, amiga!
Tenho medo de solidão não, tenho medo mesmo é de perder meu tempo de vida, perder a oportunidade de conhecer e me relacionar com gente verdadeiramente legal, ao lado de um mero título "esposo", por convenção ultrapassada. Costumo dizer que me casei numa idade ótima, 30 anos, e me separei numa idade melhor ainda, 35. E foi tarde porque meu pai não me criou pra viver infeliz ao lado de mané.
Cuidado com o que vc houve e com quem anda, querida.
E, me desculpe, como assim "deve ser isso mesmo que os caras pensam" ????
Que caras, amigas???
Deixa eu te contar uma coisa, cara legal, homem de vedade, que valhe a pena, não pensa isso não, darling. Tem coisa muito melhor pra fazer e pensar.
Mané afegão, por exemplo, pensa que mulher não pode nem mostrar a face em público, não é?
Mas a gente vive numa outra 'era', não é?
Aí, manda seu coleguinha ser feliz e procurar menores de idade no Afeganistão, querida!

bjs

PS: Não se chateie comigo, por favor...mas é que foi por demais equivocada esta história toda.

Rebecca Leão disse...

Não me chateio com você, Lady Shady. Quem sou eu pra isso? Só gostaria que vocês entendessem que estou retratando o que tenho visto, e por pior que isso possa parecer, eu tenho escutado esse tipo de coisa com mais frequência do que eu gostaria, tanto de homens, que não sabem lidar com a nova mulher, quanto de mulheres, que não sabem lidar com o velho e desatualizado macho.
Bjs, Rebecca

Lady Shady disse...

Amiga, então talvez vc precise circular em outros meios, já que é este tipo de coisa que anda ouvindo e com este tipo de pessoas que vc tem estado em contato ultimamente.
Cara, te digo, as pessoas com quem eu convivo não partilham destas opiniões tacanhas não, sorry.
E outra coisa, Rebecca, "felicidade plena" é uma coisa que não existe não, amor.
Vc diz: "Converso com as meninas e vejo que elas estão bem, mas não estão tão felizes assim."
Ninguém consegue estar plenamente satisfeito com a vida, 24h por dia, todos os dias da semana, do ano!
O lance é avaliar se a gente anda vivendo mais momentos de tristeza ou de alegria ou de monotonia até.
O problema é real quando a balança pende mais pro lado da insatisfação, da não realização e a gente não faz nada pra mudar por temer que a coisa piore.
Pra mim, chato é viver a mediocridade...tolerar o 'médio', se contentar com pouco.

Acredite, querida, há vida aqui fora!!!!!

bjs

PS: Desculpe, vários erros gramaticais na minha mensagem acima ( 'houve', ao invés de 'ouve', por exemplo. É que escrevo correndo e às vezes não reviso. )

O_PRG disse...

Já temos o tema do almoço de sexta...
Mas eu garanto que são poucas as que optam pela "solteirice" e, quando fazem, se arrependem depois de 10 anos.
Homens são cruéis, exceto no caso desse seu amigo e do cara da camiseta.. são babacas

Clarisse Bronté disse...

Bem, como mulher solteira com + mais de 30 anos tenho a dizer que ....Ah deixa para lá!


Beijoss Rebecca querida:-)

Clarisse Bronté disse...

Voltei. Olha fala para o seu amigo que acha que mulheres solteiras com mais de 35 anos são o robô do "Perdidos no Espaço" (perigo!perigo!perigo!), que o alerta não é para ele sim para elas não se aproximarem dele, que deve ter a personalidade do tamanho de uma ervilha e pinto idem - sim, tamanho é documento!
Quanto o "check list", bem, ele deve fazer um "check up" mental porque pelo que eu vi ele quer viver um grande caso de amor...Com o ego dele!!!
Afe! Pronto, falei!

Mulheres solteiras são mulheres como qualquer outra, apenas não fazem parte do "normal" estabelecido por aí. Talvez porque não colocamos todas as nossas esperanças num homem e assim, sós mas não solitárias seguimos as nossas vidas. E um amor verdadeiro sempre, sempre, sempre será bem vindo.

Rebecca querida, sei que vc me acha uma louca varrida mas eu tinha que falar e, fica longe desse seu amigo mané!!!

Rebecca Leão disse...

Aí, gente, e quem foi que disse que eu acredito em felicidade plena? E quem foi que disse que eu não acho esse meu amigo "cabeça de ervilha" um babaca? E quem foi que disse que eu acho justo tudo isso? E por que eu tenho que andar em outras rodas se é justamente essa a roda que me acolhe (e mesmo sendo babaca, eu acho graça e gosto muito do meu amigo checklist)?
O problema da gente é viver a vida fazendo julgamentos! O meu e o de vocês... qualé, galera, é só um texto, talvez um jeito melancólico e desesperançoso de ver as pessoas, de alguém que não acredita em solterice por opção, de alguém que acredita que está todo mundo sempre louco por romance, por pior que seja admitir isso.
Vocês estão apenas reforçando as minhas teorias...infelizmente!
Bjs, Rebecca

Letícia disse...

"O problema da gente é viver a vida fazendo julgamentos!" Quem foi mesmo que começou com julgamentos?

Realmente, "é só um texto". Um texto que retrata uma opinião muito comum, segundo sua observação, e cuja ideia central foi refutada pelas solteiras-ou-separadas-sem-filhos-com-alerta-vermelho-na-testa.

Sinceramente, acho muito chata toda essa discussão... E, se é pra trazer exemplos da vida real, do que se tem observado, soube de uma amiga de trinta e muitos, que há pouco reencontrou um ex-namorado de mais de dez anos atrás e foi pedida em casamento por ele. Sabe o que ela fez? Optou pela solteirice, disse não ao casamento. Talvez ela seja esquisita, porque, apesar de estar encalhada e passada, não está desesperada para se enquadrar nos "padrões sociais convencionais".

Enfim...

Ah, e você tem razão: amigos são bons de qualquer jeito. Mesmo os que têm uma mentalidade limitada podem ser divertidos e boas companhias. Mas os meus, quando falam muitas bobagens, muitas asneiras, eu os mando à merda sorrindo.

Depois escreve um post contando como foi o almoço de sexta com o PRG. Acho que as lôcas dos comentários aqui devem ter dado muito assunto pra vocês, né? ;)

Beijos!!!

Miniana Sablena disse...

Re, aqui só pra confirmar o que disseste: tenho amigos solteirões com mais de 35...e é batata! São sujeitos dificílimos do ponto de vista emocional. Vivem cheios de dúvidas e medos surreais... camuflam o medo sendo hiper-exigentes...ou pelo contrário, pagam mico babando alguma paixão platônica, enquanto desprezam pessoas mais próximas que demonstrema lgum carinho. Por isso, se conselho adianta, digo pra suas amigas desencanarem. Deixa a vida trazer boas surpresas, nada de ficar forçando com caras difíceis. As vezes... quem sabe um cara mais jovem e de cabeça feita?