domingo, maio 16, 2010

Avatar

Ontem, finalmente, vi o filme mais comentado do ano: Avatar, do James Cameron. Não se pode negar que o filme tem a assinatura dele. Não tive oportunidade de ver o filme no cinema em 3D, e quando decidi que era hora, só havia exibição numa sala na Baixada Fluminense (ou seja, um pouco longe da minha casa). Isso dá pra vocês uma idéia do tempo que eu demorei para me animar a vê-lo.

Nesta viagem aos EUA, comprei o dvd, ainda não disponível no Brasil. O vendedor da loja até me perguntou porque eu não o levaria em blue-ray, e foi bastante difícil convencê-lo de que não tenho interesse nessa nova tecnologia, simplesmente porque não quero, e não acredito na sua perenidade. Quero esperar pra ver.

Mas, voltando a filme, a gente realmente não sente o tempo passar, apesar do tamanho do filme, já que a história é muito bem contada. Dá pra ver vários ingredientes dos filmes do James Cameron ("O exterminador do futuro", "Alien" etc), mas essas semelhanças são irrelevantes. A história é uma crítica importante ao comportamento dos EUA. Eles, que estão sempre interessados nas riquezas dos outros países e que as tratam como se elas pudessem ser tomadas à força. E que não gostam (ou não admitem) de nenhum tipo de retaliação, classificando todas as ações desse tipo como "atos terroristas". Enfim, o filme se assemelha muito a essa história que estamos acompanhando em tempo real do petróleo no Oriente Médio ("o que se encontra embaixo da grande árvore").

A imagem final da floresta me lembrou muito o que vi quando sobrevoei a Floresta Amazônica, e talvez isso justifique o interesse do James Cameron em participar de causas ecológicas, inclusive no Brasil.


Mas, o que me encantou no filme foi o fato dele ser um filme espiritual, que fala da encarnação e da reencarnação nas entrelinhas, nos nossos antepassados e em como eles são importantes para o ciclo da vida... Eu ouvi vários amigos muito católicos se dizerem encantados com o filme e, agora, estou encantada com o fato deles não terem tido nenhum preconceito. Aliás, talvez eles não tenham tido preconceito por terem classificado o filme como ficção científica.

Enfim, é um filme que merece ser visto, não só para que você não fique fora das conversas no escritório, mas porque o Cameron já está preparando a parte 2...

Sede

Tenho sede
Gilberto Gil
Composição: Anastácia e Dominguinhos

Traga-me um copo d'água, tenho sede
E essa sede pode me matar
Minha garganta pede um pouco d'água
E os meus olhos pedem teu olhar

A planta pede chuva quando quer brotar
O céu logo escurece quando vai chover
Meu coração só pede teu amor
Se não me deres, posso até morrer



____________________________
Amo essa música! Acordei cantarolando a música, e fui correndo ouvir o Gil cantando isso...

sábado, maio 15, 2010

Ao velho mundo

Finalmente, está começando a tomar forma a minha viagem de férias. Férias! Nossa, nem me lembro quando foi a última vez que ansiei tanto por minhas férias. Estamos com passagens compradas, hotéis reservados e começando a construir o trajeto. Berlim, Frankfurt, Lisboa, Paris, vamos à muitos lugares, acompanhados por amigos que fomos fazendo pelo caminho da vida.

Tenho certeza que terei muita história pra contar por aqui.

E é certo de que levarei minha máquina fotográfica. Para trazer recordações de todos os lugares e pessoas que encontrar por lá.

Ai, ai...

Uma ilha na esquizofrenia


Vejam só o que presenciei no trabalho. Pedimos a um colega que lesse um relatório que eu e minha equipe estamos escrevendo. Ele é muito crítico. E um grande especialista no tema. Nos disse que leu três vezes. Chegou com o relatório todo comentado.

Ao abrir uma determinada página disse: "Gostei disso. Com esse parágrafo, pude constatar que quem escrevia esse trabalho entendia muito do que estava falando". Recebendo as críticas estávamos eu e uma colega que já virou amiga. Ela ficou muito feliz, abriu um sorriso de orelha a orelha, porque aquele trecho era de autoria dela. E disse isso pra ele. É o tal do reconhecimento, já ouviram falar? Foi um momento encantador.

No dia seguinte, ele disse que tinha ficado emocionado por ter feito ela se emocionar. Em se tratando dos dois envolvidos (eu fui mera espectadora), posso garantir que a cena foi tocante.

Isso não é engraçado, nem bizarro. Mas, é uma prova de que nem tudo está perdido.

Alice e o Chapeleiro Louco

Fui ver Alice no País das Maravilhas na quinta-feira, em 3D. Amei o personagem do Jonny Depp, o Chapeleiro Louco, a maneira como ele foi construído, a caracterização, o lado terno e corajoso dele, e principalmente, a sombra nos olhos (cada olho de uma cor, repara só, quando você vir o filme...), enfim... Olha ele aí...

O filme, por ser 3D, é especial. Mas, não dá para não lembrar de "Edward Mãos de Tesoura" em alguns momentos. Aliás, a trilha sonora colabora muito pra isso. E o tom sombrio das imagens também. Mas, é tudo muito fantástico e lindo. Como meu marido colocou muito bem: é lisérgico! Veja só do que estou falando nesta imagem aí embaixo...


Fui procurar na internet o porquê dele ser louco (ele até podia ser normal, mas perderia todo o charme). E descobri algumas coisas, corroboradas pelo meu professor de inglês, que tem outra versão, mas bem parecida.

Na Wikipedia, descobri que o mercúrio era muito utilizado pelos chapeleiros em 1865, época que Lewis Carell escreveu "Alice...", para curar o feltro e os chapéus. O envenenamento por mercúrio sofrido pelos chapeleiros no final do século 18 e início do século 19, causava a tal da Síndrome do Korsakoff. Os efeitos dessa síndrome são timidez excessiva, perda de auto-confiança, ansiedade, muita discrição e um desejo de permanecer desapercebido, o que não condiz necessariamente com a descrição do Chapeleiro da Alice.

Meu professor de inglês me contou quase a mesma história, mas não se referiu ao mercúrio e sim a cola que os chapeleiros usavam. De qualquer modo, pensar que todos os chapeleiros eram loucos é uma coisa incrível...

sexta-feira, maio 14, 2010

Contagem regressiva

A gente conta tudo nessa vida. Menos os dias que faltam pro fim, porque desse a gente pouco sabe à respeito. Saquinhos de milho, ou de feijão, ou com pedriscos. Contas de cristal. Caixinhas de uvas passas. Dúzias de botões. Riscos na parede. Tudo serve pra contar. E marcar o nosso caminho.

Contamos com amigos, com nossos pais, e com nossos amores. Contamos emoções, contamos dias felizes. Contamos sorrisos, contamos lágrimas. Contamos detalhes, minúcias. Contamos com o que lembramos e de quem lembramos. Contamos nossas tristezas, e os queridos que já se foram. Contamos pros outros o que conta. E através das nossas memórias, contamos nossa história.

Contamos os dias que faltam: para a prova do Vestibular, para aquela grande reunião, para nossa primeira entrevista de emprego, para aquele encontro com o gatinho da faculdade, para o dia do nosso casamento, para o dia que veremos o rosto de nosso primeiro filho... estamos sempre contando. Acho que a ansiedade é um sentimento inerente ao ser humano: todos somos ansiosos, em maior ou menor medida. Enquanto esperamos, imaginamos o "como vai ser". Às vezes, a realidade nos brinda com magia, às vezes não. Imaginar o que se espera pode ser maior ou melhor do que viver o esperado.

Invejo aqueles que não contam, que não querem saber o que virá, que não pensam no passado, que amam o presente tão intensamente, como se fosse realmente uma dádiva de Deus, que tem que ser vivida plenamente, sem interferências.

O passado é uma distorção da nossa memória. Com o tempo, tendo que esvaziar nosso hard-disk interno, acabamos nos livrando do que dói, do que magoa, do que consideramos irrelevante. Sabe aquele dia em que a gente brigou com o motorista do ônibus por que ele deu uma freada brusca? Ah, deixa pra lá! O que é que eu ganho lembrando disso mesmo?

Já o futuro, o futuro é apenas um desejo. E tudo acontece tão diferente do que imaginamos. É aquela conversa decisiva que ensaiamos e que acaba sendo totalmente diferente do esperado. É aquela viagem planejada que acaba sendo meio atrapalhada, perde-se mala, paga-se excesso de bagagem, um transtorno só. É aquele show do nosso ídolo do rock que você espera a vida inteira e aí acaba a luz no meio do espetáculo e você lá sem saber se fica ou vai embora...

Eu conto essas histórias aqui no blog porque aprecio o registro. Sigo contando com os amigos do peito, e são eles que me dão os insumos pras histórias que conto. Gosto de visitar as memórias de tempos em tempos e de me dar conta de tudo que aprendi com elas. Gosto de lembrar das pessoas, e de me sentir acalentada com os comentários de quem realmente conta. Com o que escrevo, mato a saudade de um futuro que desconheço e encurto o tempo para fazê-lo presente.

A História

"Com muito sangue, com muitas lágrimas, aprendemos que o tempo da História não é o nosso tempo. Que a História é uma senhora lenta, caprichosa, às vezes louca, muito difícil, muito complicada, muito misteriosa. Muito mais misteriosa do que nós cremos que seja. E que não nos dá a mínima bola. Que não nos obedece. Porque o tempo dela é um tempo infinitamente maior do que o nosso".

:: eduardo galeano

Sem título

Acordei bem cedinho
Para ver o sol nascer
E, na direção da praia,
Vi muitas flores no caminho
Amarelo, muito amarelo.

O povo ainda dormia
Enquanto nosso astro-rei se levantava.
O céu estava azul e limpo,
O mar, ainda recolhido, parecia um espelho
E as pequenas espumantes que molhavam a areia,
Molharam também os meus pés.

Sentei na areia molhada
E apreciei o silêncio
Das palavras
Para só ouvir meu coração.
A cena me trouxe uma certa melancolia,
Uma esperança.

A natureza estava ali, pungente,
A me dizer das belezas do mundo:
O sol a clarear o dia;
O mar a beijar meus pés;
Os pássaros a brincar com sua liberdade de voar;
A areia a secar e a molhar no ritmo do mar.

E eu ali, sentada, em silêncio,
Ouvindo a mim e a melodia do Mundo,
Sem pressa,
Sem rumo,
Sem resistência.

_____________________________
* Acordei doida para por tudo isso no papel, e o fiz, antes de transcrever pra cá. Não achei um título que fosse apropriado. Se alguém quiser ajudar...

quinta-feira, maio 13, 2010

Seu herói

"Sua bomba de oxigênio está dentro de você, lembre-se disso"
- de um grande amigo, há muito tempo atrás

quarta-feira, maio 12, 2010

Onde é que eu andava?


Tem momentos da vida da gente em que vivemos na mais completa cegueira. Não conseguimos enxergar um palmo a nossa frente. Tudo é sombrio, os dias passam na maior fissura e ansiedade, nada presta, todos passam a ser dignos de nossa (des)confiança. O trabalho é uma droga, os amigos estão estranhos... como dizia o Renato, a gente se "sente numa festa estranha com gente esquisita".

Só que aí a gente acorda do pesadelo, olha pro céu e vê que "mudaram as estações" (e tudo mudou junto!) e se percebe inteira, viva, positiva e produtiva. E então se dá conta de que não precisa encarar as coisas de uma forma negativa, a vida não tem que ser assim.

E então volta-se pro último filme bacana lançado no cinema, resolve encontrar as amigas, ir a um show de dança, curtir o marido como se ele fosse namorado... e de repente, quando menos espera, volta a ver cor e um pote de ouro no fim do arco-iris.

A tranquilidade que tudo isso traz é incrível. O positivismo é crível. O melhor de tudo isso é constatar que isso pode ser só uma fase (ditada pela baixa de hormônios, talvez), mas que o quê se puder aprender com ela pode torná-la permanente! Viva!

Coisa de amiga


Apenas grandes amigas são capazes de entender esta imagem. Você entendeu?

Porque o Dunga devia ter posto um anel no dedo dos caras...

Sem comentários! Esse comercial foi uma grande sacada!

domingo, maio 09, 2010

Porque a felicidade é azul

Um grande amigo me disse que eu tinha que ver "500 dias com ela". Eu vi. Ele mencionou a cena em que o rapaz se dá conta que está completamente apaixonado. E essa observação vinda de um homem de quase 50 anos, me fez pensar no quanto buscamos o amor, todo o tempo. E a cena é essa aí... quem viu vai se lembrar, quem não viu... esse é um incentivo para alugar o DVD...


... porque a felicidade é azul!

sábado, maio 08, 2010

Oh, baby, me leva...

... gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você...

O que responderíamos a eles...

Se você ligasse pro seu namorado e ele atendesse assim:

- "Escuta aqui, você! Estou na casa de um amigão, tô tomando um cervejão, tô jogando um poquerzão, e não vou agora não!"

O que você responderia!?

Simples assim:



- "Relaxa, amor, só liguei para avisar que estou na casa da vizinha, tô tomando uma caipirinha, tá rolando a maior festinha, só vou chegar de manhãzinha... E a propósito, não vou dormir sozinha!"
Gostou da sugestão?

quinta-feira, maio 06, 2010

Emburacando, otimista!


Desde que voltei, tenho me sentido uma máquina. Estou a mil por hora, trabalhando como nunca. Como uma amiga disse hoje, estou "destruindo" o teclado do computador. Isso pode ser resultado de uma incrível necessidade de não pensar na vida. Ou, ao menos, uma necessidade de ser produtiva, de obter resultados.

Não consigo parar, começo e não desligo. Vou tratando as pendências e, mesmo as mais complicadas, têm se apresentado como triviais. De fato, ao não pensar na vida, tenho sido muito criativa, muito pé-no-chão. Quando me dou conta, já são sete da noite.

E, como nunca, voltou a minha vontade de estudar. De uma hora pra outra, o assunto da minha tese de Doutorado voltou à baila, e eu me vi desencavando um monte de artigos e teses que eu li há alguns anos... e está sendo uma delícia! Que vontade de voltar a escrever!


Ah!, e eu concluí que não sou do mal, nem uma pessoa neurótica. Nem quero ser. Tenho medo de ficar eternamente contaminada com assuntos que são só uma perda de energia, por dar ouvidos a pessoas queridas. Sim, tem gente que não economiza na vontade de ser chato, que está sempre dando um jeito de aparecer, de querer mostrar competência as custas do trabalho dos outros, eu reconheço. E aceito que os meus amigos queiram me alertar quanto à isso... mas, fazer o quê? Coitados! Eles, que estão sempre tentando apagar a nossa luz, são mesmo uns tolos! Não podemos é embarcar nessa e ficar perdendo tempo e energia com isso...


E, olha só, estou falando isso em voz ALTA, que é pra EU ouvir, viu? Eu sei que eu tenho um lado Poliana que de vez em quando aflora, e torna o mundo colorido, quase primaveril. Mas, há que se ter paciência com o mundo, já imaginou se ele não fosse assim tão colorido? Já imaginou um mundo preto-e-branco, sem graça, sem fé, sem esperança...

Não podemos esperar o pior dos outros se não é isso que esperamos de nós, não é mesmo?

segunda-feira, maio 03, 2010

Vendo com outros olhos

Os mesmos olhos que vem, são os que agora choram a falta.

“A verdadeira viagem do descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ver com novos olhos." - Marcel Proust (1871-1922, escritor francês)

“Visão é a arte de enxergar coisas invisíveis ” - Jonathan Swift (Irlanda, 1667-1745)

"Gosto de crer que vejo coisas que ninguém viu naquelas que todo mundo vê.”
- Paul Valéry (França, 1871 - 1945)

Porque você me pediu para postar essas frases aqui.

domingo, maio 02, 2010

Pagando imposto

Nossos aeroportos são uma vergonha. Cheguei de viagem, com disposição para pagar o imposto devido à Receita Federal pelo notebook que comprei. Tudo declarado, Freeshop feito, fui pra fila. Ao chegar na boca do raio x (parecia que eu ia fazer vestibular, de tanto frio na barriga), o cara da Receita me mandou passar. Foi quando eu retruquei:

- Peraí, eu tenho coisa pra declarar. Olha aí no papel...

Ele só me fêz uma cara de : - Humpft! E me indicou uma fila pequena de pessoas aborrecidas num canto do recinto.

Eu me encaminhei pra lá, outro sujeito pegou o meu passaporte e alguém me disse pra sentar que ia demorar:

- Caiu o sistema! Vai demorar pelo menos meia hora.

Como assim caiu o sistema? Quer dizer que não dá pra ser honesto neste país? O tal do sistema demorou uma zorra para voltar a funcionar. No final, tinha uma máquina com o sistema funcionando, para emitir o DARF, e outra sem o sistema, no qual um carinha bem simpático (e bonitão, diga-se de passagem), fazia o DARF manual.

Ele preparou o meu e disse que eu teria que pagar no Banco Safra. Hã? O câmbio da Receita era melhor que o do Banco, então, tratei de pagar o imposto em Real mesmo. Mas, fiquei espantada com a desorganização. Saí do "desembaraço" só com a minha bolsa de dinheiro, para pagar o imposto, e depois, para voltar e resgatar malas e notebook, foi um parto. Ninguém se entendia sobre o que estava acontecendo, nem os seguranças, nem o povo da Receita.

No final, fiquei tranquila, mas demorei mais de duas horas para conseguir sair de lá, com o meu marido me esperando do lado de fora. É mesmo um incentivo à sonegação.

A única palavra que me veio à cabeça foi "vergonha", por sermos tão subdesenvolvidos neste sentido.

Eu tô voltando pra casa

Tenho um amigo que diz que quando a gente faz uma viagem grande, o corpo chega no desembarque, o espírito só chega dois dias depois. Eu tô assim, cansadíssima. A viagem foi exaustiva, chegamos no aeroporto 8 horas antes do embarque e ficamos lá o dia inteiro. Um sábado praticamente perdido. Mas, de muitas compras.

Chegar em casa foi muito bom. Ver que acertei na maior parte dos presentes pros meus queridos também. Mas, o melhor foi reencontrar a minha família e deitar ali, na minha cama, ver a tv em português, e até ouvir a música do Fantástico no final de domingo!

Priceless!

Depois eu conto mais...

sábado, maio 01, 2010

Arrumando a mala

Meus queridos, cá estou eu fazendo o último post desta viagem - acredito! Amanhã, já estarei rumando de volta à terrinha, feliz e contente por poder voltar a minha dietinha de sempre.

Acho que aqui na terra dos grandões, eu devo ter engordado uns três quilos. Não que as roupas estejam apertadas, mas eu já começo a me sentir como eles, pesada, até no jeito de andar. Como eles comem...! E essa tal de coca-cola refil, que você paga por um copo e bebe quantos quiser? É uma loucura! A gente acaba conhecendo todos os banheiros de todos os lugares... uma tristeza! Eu bem que tentei tomar vinho, mas o efeito pra mim foi terrível: um dia inteiro de enxaqueca. É uma droga, pra quem não está acostumado...

Eu me esbaldei nessa viagem. Num dado momento, desisti de fazer contas. Resolvi que só ia procurar saber no Brasil, para não me chatear. Comprei um monte de coisas, e por causa disso, tive que comprar algumas malas extras (de mão e para despachar). Mas, o grande desafio era fazer as coisas caberem na mala. eu jurava que não ia dar. Até que meu chefe começou a dar dicas: põe as coisas umas dentro das outras, as meias dentro dos sapatos, e arruma uns sacos que servem para embalar as roupas a vácuo. Não é que eles funcionam mesmo? A mala ficou superarrumadinha, tudo muito protegido, bem apertadinho... Adorei! Se você não conhece, porde ver produtos semelhantes aqui.

O mais legal é que eu estou levando uma lembrancinha para cada pessoa que eu gosto. Me lembrei de muita gente, mas principalmente, me lembrei de mim, foi ótimo. Adorei me reencontrar novamente, ouvir minhas intuições, conversar comigo mesma, ler meus pensamentos... coisas que eu vinha evitando fazer. Vi como tenho que ser complacente com as pessoas, como preciso ter paciência. Vi que nem sempre a gente faz o que a gente quer, mas às vezes, coisas que a princípio não parecem prazerosas podem vir a se tornar uma grata surpresa.

Esta viagem foi a viagem dos desafios. O primeiro foi participar de um fórum organizado pela NASA em San Diego. Estar ali novamente, com todas aquelas pessoas, de empresas tão importantes, conversando de igual para igual, é ainda algo inexplicável pra mim. O evento inclui o almoço e o jantar, e então a gente descobre o quão importantes são aquelas aulinhas de inglês nas quais o professor dá dicas sobre "small talk" (ou papo coloquial). Há coisas que não se pode mesmo dizer quando não se conhece a cultura do outro. E a gente só aprende depois que diz, ou quando vê alguém dizer e percebe a gafe.

Depois, vindo para Houston, o desafio foi outro. Fazer o curso de dois dias, com inúmeros momentos de interação, onde você se vê obrigado a participar e a interagir com outras pessoas sobre assuntos que você não domina (no meu caso, Supply Chain Management), foi outra tarefa árdua. Mas, eu gostei, conheci pessoas interessantes e encontrei gente mais tímida do que eu para falar em outra língua.

E por fim, a Conferência, na qual eu seria palestrante. Primeira palestra internacional, e você está lá, escalado para falar 1 hora. Na hora H, a sala começou a encher de gente e quando eu vi, estavam todos os lugares ocupados, as cadeiras extras ocupadas, gente sentada sobre pequenos armários (pode?) e muita gente em pé. Mas, peraí?, alguém contou pra eles qual é a nossa empresa? Contaram. E eles queriam saber como havíamos conseguido continuar investindo apesar da grande crise econômica pela qual todos nós passamos nestes últimos dois anos. Bom, a palestra foi legal, a estratégia que adotamos, eu e meu chefe, foi boa, e no final, vários vieram nos parabenizar pela coragem em fazer uma palestra numa língua que não é a nossa. Quem sabe no futuro eles não virão nos parabenizar apenas pela qualidade do que apresentarmos, heim?

O fato é que estamos quase no aeroporto. Tudo arrumado, espaço de sobra na mala, acho que amanhã ainda vou comprar mais uma coisinha. Como disseram os brasileiros do evento, nosso esporte favorito, depois do futebol, é o shopping. Inevitavelmente, acho que vou pagar pelo excesso. Fazer o quê, né?

Ah, obrigada a todos que me desejaram boa sorte. Rolou! Foi bom! Mas, já deu! Me esperem aí... que eu tô chegando! Eu tô voltando!