sábado, agosto 08, 2009

Pai

Pai!
Pode ser que daqui a algum tempo
Haja tempo prá gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez...

Pai!
Pode ser que daí você sinta
Qualquer coisa entre
Esses vinte ou trinta
Longos anos em busca de paz...

Voltando do centro da cidade hoje, tomei um metrô em direção à zona norte. Por ser sábado, foi até fácil encontrar um lugar. Atrás de mim, estavam sentados um pai e um filho batendo altos papos.

Pai!
Pode crer, eu tô bem
Eu vou indo
Tô tentando, vivendo e pedindo
Com loucura prá você renascer...

Pai!
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Prá falar de amor
Prá você...

Parecia ser a primeira vez que o menino andava de metrô. O pai perguntava, repetidas vezes: "está vendo como é rápido, filho?" E o menino respondia que sim, embevecido.

O pai então contou do metrô de superfície na linha 2. E disse ao menino que eles teriam que descer ainda mais fundo na estação Estácio para tomar esse trem. E o garoto respondeu, eufórico: "Eu quero, eu quero..."

E aí então o pai se lembrou que eles veriam o Maracanã... e pintou um quadro que não é necessariamente o que se vê da janela do metrô da linha 2, mas que não deixa de ser o Rio de Janeiro.

Pai!
Senta aqui que o jantar tá na mesa
Fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensine esse jogo da vida
Onde a vida só paga prá ver...

Pai!
Me perdoa essa insegurança
Que eu não sou mais
Aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu...

Entrou então uma moça tomando um milk-shake, e o pai perguntou ao filho se ele queria um milk-shake de Ovomaltine do Bob's ou um de chocolate do McDonald's. E eu imediatamente pensei que a mãe não estava ali com eles, senão, com certeza não deixaria o menino tomar um milk-shake como almoço, como o pai oferecera. E me dei conta de que não são só os avós que "estragam" as crianças...

Pai!
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Prá pedir prá você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar
Ah! Ah! Ah!...

O menino ia contando as estações, e um pouco antes de chegar na estação Estácio, o pai se levantou e mostrou pro garoto como era legal se equilibrar enquanto o trem se movimentava, sem se apoiar em canto algum. O menino ainda deu a mão ao pai, mas ele disse: "solta, você vai curtir!" E ele soltou e achou o maior barato andar se equilibrando junto com o trem.

Eu observei o quanto eles eram parecidos, o formato das cabeças era igual, o corpo, o jeito de falar... e vi o quanto a espécie humana preza essa similaridade, essa perpetuidade que se obtêm através dos filhos.

Pai!
Você foi meu herói meu bandido
Hoje é mais
Muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz
Pai! Paz!...

Eu ainda não tive filhos, para observar isso na minha casa, mas fico feliz de ainda ter você, meu pai, aqui comigo, pra me dar um abraço e me ensinar coisas, como a generosidade e a bondade, não tão simples como as do episódio que eu descrevi, mas cheias desse mesmo amor de pai.

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Música: Pai, Fábio Jr.


3 comentários:

Erica Vittorazzi disse...

Este episódio, o menino vai guardar para sempre. Ainda me lembro da primeira vez que o meu pai me levou ao Mc. Donalds. Estas coisas são para sempre...
beijo

Lady Shady disse...

Lindo! Lindo!

mil beijos!

cotrimus disse...

linda cena.
confesso que senti inveja.
:(
bjs