quarta-feira, fevereiro 13, 2013

Desassossego

 


Aquilo sim era um sentimento complexo. Eles não se desgrudavam. Mas, também, não passavam disso. Eram amigos. Durante muito tempo, não acreditaram que pudesse haver amizade entre homem e mulher. No entanto, naquele caso, era extremamente conveniente que se mantivessem apenas amigos, principalmente aos olhos dos outros.

Desde que se conheceram, viviam de perseguir um ao outro. Um desassossego. A vida dos dois seguia normalmente, namorados, noivos, parceiros apareciam. E eles insistiam em se manter próximos, amigos, para desconfiança geral.

Eles mesmo, como nunca haviam dito uma palavra sequer para o outro a respeito, permaneciam imersos numa névoa, numa desconfiança... um sofrimento, uma falta de sono.

Ele as vezes se perdia pensando em casa, sozinho, no que ela estaria fazendo. Estaria cozinhando, tomando banho, lendo?... e se estivesse lendo, estava lendo o que? Ela, por sua vez, pensava nele como um  dorminhoco, mimado, que gostava de agrados sem fim. Mas, também, um cara ativo, solar, que gostava de rua, de praia, de luz... O cara que uma vez ela sonhou em ter só pra ela. Sonhou mas abandonou o sonho. "Impossível!, pensou. E como tudo aquilo no qual a gente não crê, aquilo nunca se realizou.

Era um tal dele dizer como ela deveria agir, como deveria fazer, e de se preocupar com ela, e de querer cuidar. "Mas, que cara confuso!", ela pensava. Ele tinha um medo danado da força dela. Ao mesmo tempo que ela o atraia, ele sentia que não podia com ela, com o tamanho daquele desejo que transbordava nos olhos, que enxia o ambiente quando ela chegava, que pulsava naquele sorriso que ela dava só pra ele, que se revelava naquele jeito dela de deixá-los a sós mesmo quando estavam num ambiente lotado de gente. "Eu não tenho como lidar com isso, melhor deixar pra lá...", ele sentenciou, abrindo mão da vontade de viver aquilo até o fim.

Em silêncio, foram permanecendo juntos por muito tempo, enquanto havia um desassossego entre eles, uma faísca, uma energia ardida que nem pimenta... ainda que ambos achassem uma pena tanta covardia...

sábado, janeiro 26, 2013

Sopro...

Você veio com força, com a força de sempre. Se na memória estava a primeira tentativa, na qual a porta encontrou um pé, um braço, um corpo dizendo "não", desta vez você veio preparado para abrir. Forçou tudo que havia pela frente e entrou.



Deixaram você entrar.

Veio com fome, querendo tudo que você achava que lhe era de direito: queria o corpo, queria a alma, queria o coração, principalmente. Estava disposto a jantar aquele coração pulsando arrebatado por você numa baixela de prata sobre a mesa, como um viking voraz.
 


Queria as noites estreladas, queria o sol inundando a vida de luz, queria tempestade para florescer os campos, queria guerra, queria paz... Já não se importava em nominar o que sentia, como ela...

E com voracidade e beleza, foi cuidando do que achava que era seu. Aos poucos, pareceu indispensável. Quem deixou você entrar passou a temer que você quisesse sair. E se quisesse?



 
A vida é mesmo uma caixa de surpresas, nunca se sabe que ideia se pode ter para o próximo intervalo: levantar, fazer uma pipoca, tomar uma água? Que dirá manter-se junto uma vida inteira.

Enquanto você quis, dominou a cena, foi protagonista. Naquele quarto úmido, no qual odores de suor misturavam-se aos perfumes do amor que você plantou, viveu feliz o tempo que quis, o quanto quis. Quando ela percebeu que não adiantava tentar controlar o tempo e que a decisão não era dela. Então, esperou pelo desfecho final, o encaminhamento da fita, com trilha sonora e tudo... sabia que não podia com você.

Deixaram você sair.


E com a mesma voracidade que chegou, você saiu. Foi breve. Intenso, mas breve. E deixou um cheiro perverso e inebriante de almíscar no ar.




Música do dia: "Lovesong" - Adele

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Rendição

 

Tá bom, eu me rendo. Você venceu. Pra quê resistir aos seus encantos? Eu que venho fazendo isso há tantos anos, agora não vou mais resistir. Tô entregando o jogo. Batalha encerrada.

(Ele abre os braços. Ela aceita o abraço.)

O que você quer de mim afinal?, pergunta ela, se desvencilhando do abraço de urso.

(Ele finge que não quer falar, colocando o indicador sobre a boca. Ela sorri, olhando para ele de soslaio.)

Você deve me achar uma idiota!

(Ele balança a cabeça, negando a afirmação, com cara de quem já está cansando da conversa fiada.)

Onde vamos chegar com isso?

 (Ainda sem falar, ele chega bem perto dela, acaricia seus cabelos, encosta seu rosto no rosto dela... e responde.)

Eu não sei. Só sei que é tudo o que eu mais quero na vida.

(Ela, enfim, se rende.)


terça-feira, janeiro 22, 2013

Libertar-se é simples...



Esquentou uma xícara de cappuccino e sentou-se confortavelmente em sua bergère para ler a carta recebida. Pela primeira vez, depois de muitos anos, e muitas correspondências trocadas, ela estava recebendo um envelope branco, uma carta tradicional, sem nada que desse uma pista de como estaria o estado de espírito dele.  Ele sempre desenhava nos envelopes.



Desde que se conheceram, em uma curta viagem ao exterior, ele sempre lhe mandava cartas, aquelas que os Correios entregam e que dão frio na barriga ao abrir. No início, ele era caloroso, carinhoso, mas curto nas palavras, escrevia pouco. Com o tempo, passou a escrever de todos os cantos por onde andava, e parecia ter prazer em lhe contar a vida.

Às vezes, quando ela abria os envelopes, encontrava fotografias dele, de lugares onde havia estado, nos diversos momentos em que ele havia se lembrado dela. Não fazia sentido aquilo. Por que ele havia transformado um encontro casual numa viagem curta num relacionamento tão próximo?... E ao mesmo tempo tão distanciado pelos caminhos pelos quais a vida os havia levado?



Sabia de seus segredos, e estes segredos os aproximavam, apesar da distância geográfica. E cada segredo vinha acompanhado de um presente, por vezes um livro, noutras uma jóia, em algumas ocasiões, bombons. Ele era todo atenção para aquela mulher. A mulher em quem ele nunca havia tocado, com quem ele nunca havia estado, mas que ele enxergava como a mulher da sua vida.

Ele foi para ela, durante muito tempo, a única pessoa que ela enxergava. Até que um dia ela deixou de acreditar no virtual, no potencial de um beijo nunca dado, de um abraço que nunca houve... e passou a buscar o real.


Como no muro de cartas a Julieta, em Verona, na Itália, as que chegaram depois daquele momento, passaram a ficar sem resposta. Ela deixou de corresponder, de responder, de atender aos chamados daquele homenzinho romântico. E as cartas foram diminuindo, ele foi compreendendo cada vez menos o silêncio dela, até que parou de escrever.

E ela sobreviveu ao soterramento dos "e se...?" que viviam a lhe atormentar a cabeça. Como se o fato de ser mais forte do que o amor daquele homem lhe tivesse, de repente, retirado os grilhões que lhe acorrentavam àquela vida de esperas.

E então, finalmente, ela pôde viver...

A carta de agora foi como um sopro do passado... parecia tudo tão sem sentido. Depois de anos de silêncio, ele não parecia nem de perto com a pessoa que outrora ela havia amado tanto. Assinava com "saudações", como se fossem velhos conhecidos que haviam se cruzado casualmente num sinal de trânsito.

Tomou um gole de café e recostou-se na poltrona. Fechou os olhos e deu um suspiro, concluindo que, assim como ela, e apesar de todos os descaminhos da vida, ele nunca se esqueceu do que viveram...

segunda-feira, novembro 26, 2012

Tudo posso...



...eu sei! E hoje começa mais uma semana. 
Semana de cuidar, de nutrir, de acalentar 
e, principalmente, de me cuidar! 
Eu sei que dá...



Música da semana: "Começar de novo" - Ivan Lins

domingo, novembro 25, 2012

Vazio


Estava lá, vivendo no vazio. Sem gravidade, sem dor, sem som, sem nada. Só a luz das estrelas, do iluminado refletido pelo Sol.

Dormia de vez em quando. Sonhava até. Sonhava com os mortos. Eles vinham para assombrá-lo e dizer tudo que ele tinha se recusado a ouvir na encarnação anterior. Ou seria ele quem estava morto e os demais eram os vivos? Não sabia mais.

Sentia o quanto tinha sido tóxico com os outros. Não poupou verdades àqueles que as mereciam, mesmo que estas verdades os fizessem sofrer. Era bom vê-los sofrer. E agora, lá estava ele, sozinho, no vazio.

De vez em quando, sentia um aperto no peito, um aperto enorme, algo que ele, muito depois, foi definir como angústia. Uma angústia que ele não sabia de onde surgia, por que surgia. Era como se ele se culpasse dos seus erros terrenos. Mas, teria sido mesmo na Terra que ele passou seus últimos anos? Há quanto tempo estava ali no espaço vazio, vagando, perdido, sem rumo?

Já não tinha noção do tempo. Não via para onde voltar. Nunca pudera dar tanto valor ao conceito de porto seguro. Para porto, precisa ter mar. Sentia falta do mar, da água, do gosto da água em seus lábios. Agora, que prescindia das coisas mais simples, conseguia perceber o quanto havia valorizado o que não tinha valor. O que tinha valor era o calor, a água, o contato com a terra, com a areia, com a grama... que ele outrora odiava.

Tinha sido rabugento demais, arrogante demais, intolerante... E estava ali, no vazio.

Lembrava-se do carroussel de outrora, do qual ele tanto gostava. Lembrava-se de sua mãe, e do tempo em que se sentia amado por ela. Não foi sempre assim. Houve um tempo, depois de adulto, em que gostava de torturá-la. E, aos poucos, ela foi deixando de aparecer. Depois, ele esqueceu a data de seu aniversário. E vice-versa. Até que ele passou a saber dela apenas pelas redes sociais.

E agora, depois do salto, lá estava ele, no vazio.

domingo, novembro 04, 2012

Terapia





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Eu sempre quis fazer terapia de casal com o meu marido. Sinto que temos questões importantes da nossa vida a dois que não conseguimos tratar por nós mesmos. Então, imaginei que fazer terapia de casal pudesse ser uma solução para nós.

Nunca fizemos. Continuamos sem tocar em alguns assuntos. Discutir a relação o aborrece muito e então fazemos o que sabemos fazer melhor, colocamos os assuntos embaixo do tapete.

O que ganhamos?

Algumas coleções de mágoas. Elas ficam por aqui, rondando a cabeça, sempre prontas para vir à tona a qualquer momento. Nas grandes brigas, elas são o estopim que falta para que percamos a cabeça. Às vezes, consertar isso sai mais caro do que se tentássemos conversar.

Faço terapia há muito tempo. Agora numa segunda vez, com uma terapeuta diferente, que tem me ajudado a chegar a algumas boas conclusões. Sempre acho uma hora muito pouco. Queria mais às vezes. Noutras, queria menos. Aliás, não queria nem ir.

Talvez tenha sido por isso que o seriado "Sessão de Terapia", no GNT, me atraíu e que eu esteja tentando acompanhá-lo. Digo tentando porque é muito difícil pelo horário, 22:30, e porque tem dias que eu chego apagando em casa, de tão cansada do trabalho.

Todos os sábados e domingos tem maratona. Os cinco episódios da semana são apresentados em sequência, mais de 2:30h de programa. Meu marido tem acompanhado comigo.

Hoje, assistindo a um dos programas que trata de um personagem difícil, um policial que matou uma criança de dez anos durante uma troca de tiros, meu marido me pediu que eu explicasse a reação do terapeuta. Fiquei impressionada com a minha capacidade de sintetizar-lhe a estória, com meu pragmatismo, e a simplificação que fiz de algo tão complexo. Será que estou levando este pragmatismo também para as questões da minha vida? Tenho medo de tornar-me muito fria...

E duas das sessões apresentadas esta semana foram terapia de casal. Daí minha vontade de escrever sobre isso. Achei que deve ser profundamente desconfortável discutir assuntos pessoais na frente de uma pessoa estranha. Como confiar no terapeuta seus segredos mais profundos? Como se abrir para uma pessoa que - francamente - está ali te julgando, na frente de seu parceiro de vida?

Quando se faz terapia, é a sua verdade que você expõe. Ou pelo menos, o seu lado da estória. Se você finge, mente, transforma a estória para se beneficiar e ficar bem na foto, é a você que você está enganando. Ponto. É o seu dinheiro que está sendo gasto numa coisa inútil.

Não há, em nenhum momento, alguém para lhe apontar o dedo e dizer "não, não foi bem assim, você está inventando coisas!!" Então, é como se, com o outro presente, você tivesse que lidar com duas verdades, mais o juiz! Ou não?

Sinto que quando eu e meu marido assistimos às sessões dos outros, isto gera uma certa tenção no ar. Ficamos tensos. Como se os personagens dissessem um para o outro o que nos falta também dizer. Quase como se quiséssemos estar ali, naquela situação, mas certamente com muito menos desenvoltura para passar por ela. Então hoje, depois de dois lances difíceis, quando a maratona do programa finalmente acabou, nos abraçamos e nos beijamos. Quase cúmplices.

Como se soubéssemos que ainda que não falemos, nossos problemas são um pouco menos difíceis do que aqueles apresentados na tela. São, principalmente, fruto das distintas tintas com que pintamos a nossa vida.

Do drama à comédia de costumes, encontrar nosso ponto de equilíbrio é o desafio.

A propósito, o site do programa faz um quiz para sabermos com qual personagem mais nos assemelhamos. Esta é a minha resposta...


"Talvez por ser tão idealista e sensível, você goste tanto de ajudar o próximo e não de competir com ele. Só que, às vezes, dedicação demais aos outros pode representar uma fuga da nossa própria vida. Estar consigo pode ser mais difícil do que parece. Só se consegue ser inteiro com o outro quando estamos inteiros conosco. Este é o seu desafio."

segunda-feira, outubro 29, 2012

Finalmente o início


Ela abriu a blusa pra ele, deixando revelar sutilmente o sutiã de renda. Ele passou a mão pelos cabelos daquela mulher que ele não conhecia. Onde ela tinha estado todo esse tempo? Uma mulher que seduz, uma mulher que é bonita, feminina, a mulher que ele queria ver há muito tempo... Ele estava feito louco, como alguém que percorre longos quilômetros num deserto com muita sede e se depara com um lago no meio de um oásis...

Pelo colo dela, pendia um colar de pérolas, comprido, que denotava pureza e sensualidade ao mesmo tempo. O movimento do colar, à medida que seu corpo se mexia, o hipnotizava. Ele não conseguia tirar os olhos da dobra dos seus seios, nem da brancura da sua pele. Ela supunha que o estava encantando, mas não tinha certeza de nada.

Ele havia derrubado suas convicções no último encontro. E, por fim, depois de todas as loucuras que ouviu dele, ela tinha desistido de jogar. E ele só sabia agir assim, jogando. Ela não jogava nunca.

Ele chegou perto dela, bem perto. À medida que ele foi se aproximando, ela foi sentindo o corpo esquentar, esquentar, esquentar... e à medida que o corpo esquentava, ela suava, e os pingos de suor pelo seu rosto lhe causavam ansiedade, medo de estar sendo inaedequada, aflição... enquanto que ele só conseguia pensar em lamber aquele suor salgado, do alto da testa até onde acabava aquele colar de pérolas, entre os seios dela.

Ele falou alguma coisa com pouco sentido a respeito do calor e abriu a camisa também, deixando os pelos brancos de seu peito aparecerem pra ela. Lá estava o homem vivido por quem ela havia se encantado desde o primeiro dia. Um homem que sabe ser suave quando quer, gentil quando quer, que tem cuidado dela há tanto tempo, repetindo que ela deve buscar seu oxigênio dentro de si, sem depender de ninguém.

A seu grosso modo, ele tenta ensinar alguma coisa para ela, e mostra que se importa, daquele jeito que ninguém consegue entender bem. Nem ela. Mas, olhar aquele peito fez com que ela esquecesse das sandices dos últimos dias, fez com que ela o quisesse muito, como nos velhos tempos, como se no mundo só existissem os dois, mais ninguém.

Sentados de frente para o outro naquele sofá, sem dizer nada, eles entrelaçaram uma das mãos enquanto ele acariciava os cabelos penteados dela. Ele sabia que aqueles cabelos poderiam ser suaves e macios. Ele queria sentir aquele toque. Ela olhou bem fundo nos olhos dele e ele entendeu que era hora do tão esperado beijo. Por que aquele momento tinha demorado tanto a acontecer? Por que eles tinham tanto medo?

Foi-se o tempo que ela teria dito não àquele homem. Foi-se o tempo que ele teria aceitado o não dela. Se ela estava com medo, ele iria demovê-lo, iria espantá-lo para bem longe dali. Porque aquele era o momento deles, e eles iriam até o fim.

Ou até o início...

E da carícia naquele cabelo, ele beijou-lhe a orelha esquerda com um toque que parecia mágico de tão especial. Ela tinha medo que acabasse, que aquilo fosse só um sonho e que estivesse prestes a acordar a qualquer momento... se isso é um sonho, que ele dure.

Veio da orelha para o rosto, beijou-lhe o nariz, os olhos, a testa, o espaço entre o nariz e a boca, o queixo, ... e ela foi se derretendo... e finalmente, beijou-lhe a boca, bem devagarinho, o lábio inferior, depois sugou-lhe o lábio superior, buscou sua língua, percorreu o céu estrelado da sua boca, encantou serpentes... e ela ali, sonhando com a realidade desejada.

Até que se abraçaram, ela sentou em suas pernas e sentiu, rapidamente, ele dentro dela. Foi encantado, foi mágico, foi sua primeira vez. Mesmo tendo vivido isso com outros homens, com ele foi tão perfeito, foi um encaixe tão certo, como se tudo tivesse sido programado para ser assim desde o início, que ela só entendeu naquele momento, enquanto trotava sobre o corpo dele, que ela tinha finalmente entendido o que era aquele amor todo, aquela paixão desenfreada, aquele sentimento que não acabava, que a mantinha perto, muito perto, por tanto tempo.

Passaram a noite ali, uma, duas, três vezes, se amando, grudados, sorvendo um do outro aquilo de que mais precisavam. Viram o amanhecer, a luz entrar pela janela. Evitaram dormir, para não acordar. Evitaram dormir, para não perder um segundo daquela respiração, da respiração do outro, do suspiro do outro...

Antes de voltar a vida real, ele passou o braço por trás dela e a trouxe contra seu peito, e ficou ali com ela, alguns minutos, acalentando sua menina-mulher, desabrochada pra ele, encantada e desencantada, finalmente dele...

sábado, outubro 06, 2012

alguém que não está lá



um abraço furtivo no meio da rua, uma busca eterna, uma procura por carinho. não há resposta. ela sente que abraça uma pedra, alguém que não está lá.

um pedido para ir a praia, molhar os pés, pra terminar a noite. calmamente, como se não tivesse escutado, ele dirige em direção a casa. como alguém que não está lá.

um choro convulsivo no meio da noite, um pesadelo. ela acorda pedindo um carinho, um abraço. ele reclama que não consegue dormir, e sai batendo as portas em direção ao sofá da sala. como alguém que não está lá.

um jantar preparado em silêncio, sem gosto, sem sal, sem carinho. como tem sido a vida. há tanto tempo.

como alguém que nunca está lá pode vê-la, senti-la, amá-la? como ela pode acreditar nele quando ele diz que a ama? que amor é esse o de alguém que nunca está lá?

como ela pode querer estar lá... com ele?

domingo, setembro 09, 2012

De algum lugar no passado

Ela abriu um livro e lá estava ela. Uma dedicatória rabiscada. Como letra de médico. Escrita há tanto tempo, parecia ser uma dedicatória de outra vida. Quando olhava para trás, não se reconhecia na moça para quem haviam sido endereçadas aquelas palavras.

Querida,
Não tenho pressa, mais cedo ou mais tarde sempre encontraremos nossos caminhos. Espero que os nossos sempre se cruzem.
do seu amigo,
José
jan/96

O livro? Demian, de Hermann Hesse. De birra, picuinha, ela nunca leu o dito. Deixou esquecido na estante. Não sabia porque ele havia escolhido este autor, nem este título. Aliás, mal se lembrava de onde havia surgido aquela paixão avassaladora.

O fato é que em janeiro de 1996, ela já havia virado a página, já estava em outra. Havia cansado de esperar por alguém que tinha grandes dificuldades em tomar decisões. O tempo passou, e seu cérebro tratou de apagar os traços de seu rosto, o tom da sua voz, seu número de telefone e endereço, que ela sabia de cór... enfim, foi apagando o amor assim como ele fez com ela.

Agora, lá estava ela, que por uma coincidência, havia encontrado uma foto dele numa busca no Google, e ele estava vivo. Depois de tanto tempo desaparecido, descobriu, com as poucas informações de que dispunha, que ele estava ao alcance de um telefonema. Ou um e-mail.

Talvez, sempre estivera ali, ao alcance da mão, ela é que não quis remexer naquele lodo por todo esse tempo. Foram 16 anos sem vê-lo. Agora, uma foto, um clique, e pronto. Ele era professor e talvez tenha até mantido seu lado empresarial.

Talvez tenha sido esse o jeito que ele encontrou para sobreviver àquilo tudo, indo embora, recomeçando do zero, saindo de cena.

Não, talvez não tenha sido coincidência. Talvez, do mesmo modo que ela o encontrou ali, ele a tenha chamado telepaticamente, por tê-la visto em fotos recentemente, por ter feito ele uma busca ao seu nome, talvez...

Como algo que nunca foi encerrado, e que não merece ser remexido, esse contato talvez deva mesmo ficar pra uma próxima... vida.



Música do dia: "Impossível acreditar que perdi você" - versão do Toni Platão

Dois abraços, quatro braços

Chegou ao consultório sem pensamentos prévios. Deixou-se cair na cadeira e desabou a chorar.

Seu terapeuta esticou o braço para oferecer-lhe uma caixa de lenços de papel. "Chore, faz bem".

Ela não queria chorar. Tinha estado ali por longos anos, falando das mágoas, dos anseios, das dúvidas, dos medos e, de repente, quando tudo que ela queria podia se realizar, ela havia resistido mais uma vez.

Não tinha como contar. Sentia vergonha de si mesma. Quanto mais pensava na cena, mais ela se sentia infantilizada, incapaz de lidar com seus sentimentos sem a muleta do terapeuta para lhe explicar as coisas.

"Ele me abraçou, eu me desvencilhei do abraço". Quanto mais ela falava, mais as palavras pesavam. E sua voz amargava.

"Ele me puxou e me abraçou de novo. Queria me acalmar. Mostrar que estava ali, ao meu lado. Eu quis beijá-lo. Do contrário, dei-lhe a mão e reafirmei nossa parceria. Somos amigos, reforcei, olhando nos seus olhos."

O terapeuta ouviu-lhe com cuidado. Já não sabia mais quantas vezes a tinha visto declarar que o amava,... mas que amor era esse que não se realizava?

"Eu tenho medo de perdê-lo..."

Mas como é que se perde o que não se tem?

Ela chorou muito, a ponto de ficar com a cara inchada. O terapeuta ainda tentou extrair mais alguns fatos que justificassem o medo que ela tinha dele.

Seria por se sentir dominada por ele? Seria por adorá-lo, muito mais do que ele merecia? Por que? Qual a causa?

Ao encerrar a sessão e se encaminhar para a porta, pensou nos longos anos, no dinheiro investido, e na pessoa medrosa que era. Limpou o rosto de todas as lágrimas, e pensou que nunca mais voltaria naquele consultório.

"Se não consigo mudar sozinha, ao menos tenho que mudar de terapeuta"...

sábado, setembro 08, 2012

Não...

Não me diga que não sabe do meu amor.


Dele, não faça pouco.

Não me peça tudo que eu posso te dar. Eu dou. E você ainda quer mais.

Não esgarce a corda que nos segura, não esfarrape o pano de magia que nos envolve.

O amor é belo, mas frágil. É sentimento rico, mas instável.

É teu, mas orgulhoso que só, pode mudar de direção.

Não me diga que não sabe do meu amor. Não diga.



Música do dia: I'm not in love -10 cc

domingo, agosto 26, 2012

Achados e pechinchas do Saara

Cinquenta endereços para você garimpar pechinchas no maior centro comercial da cidade. De roupas, joias e acessórios até produtos para casa, itens de armarinho e papelaria
por Daniela Pessoa | Veja Rio | 16 de Abril de 2012

VEJA Rio preparou um roteiro off pela região de comércio popular no centro da cidade, onde existem cerca de 1 200 lojas de decoração, brinquedos, artigos de Carnaval, produtos para festas, roupas, acessórios e até joias. Para desbravar suas ruas nada desérticas (a não ser pelo calor), selecionamos 50 endereços onde é possível garimpar itens de qualidade a preço de banana. Conheça o mapa da mina e boas compras!

ARMARINHOS

CAÇULA AVIAMENTOS
Rua Buenos Aires, 261, 3578-8000 / 8002. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/13h (sáb.).
Material para bijuterias, rendas, fechos, fitas, botões, agulhas, linhas. No final do ano, tem artigos para festas e enfeites de Natal. Fitas de tecido a partir de R$ 1,58 a embalagem com 10 metros.

TURUNA AVIAMENTOS
Rua Senhor dos Passos, 125, 2252-5907. 9h/18h (seg. a sex.) e 8h30/14h (sáb.).
Mais de 3.000 itens de armarinho, tecidos e artigos para artesanato. Rendas a partir de R$ 0,25 o metro.

FLORES

BAZAR DAS FLORES
Rua Senhor dos Passos, 226, 2221-8821. 9h/18h30 (seg. a sex.) e 9h/13h30 (sáb.).
Flores artificiais e arranjos mais requintados a partir de R$ 70,00.

MARYSOL FLORES
Rua Senhor dos Passos, 88, 2221-7774. 9h/18h30 (seg. a sáb.) e 9h/14h (sáb.).
Flores importadas da China, Tailândia e Malásia, vasos de vidro, louça e cachepôs. Botões de rosa a R$ 0,50. Caixa com 120 unidades a R$ 39,90.

ARTIGOS PARA FESTAS

ARMARINHO DOIS IRMÃOS
Rua Senhor dos Passos, 264, 2224-1668. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/14h (sáb.).
Aceita encomendas de enfeites, faz toalhas decoradas com qualquer tema, a partir de R$ 30,00 o metro, brindes personalizados e chapéus de espuma com cara de bichinhos.

BAZAR & FESTAS
Rua Senhor dos Passos, 223, 2232-6603. 9h/18h30 (seg. a sex.) e 9h/14h30 (sáb.).
Bonecos e enfeites para festas infantis com mais de vinte temas, como o Homem-Aranha, e castelos de isopor iluminados (a partir R$ 30,00).

FESTA DA CIDADE
Rua da Alfândega, 265, 2507-4277. 8h30/18h30 (seg. a sex.) e 9h/14h30 (sáb.).
Painéis e enfeites de mesa feitos de borracha ou espuma em mais de 50 temas; copos, talheres, balões, caixas para bolo e brindes. Balões metalizados a partir de R$ 4,90.

FESTAS 234
Rua Senhor dos Passos, 234, 2224-9473. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/15h (sáb.).
Fantasias sob encomenda (R$ 79,00 a de princesa). As que têm mais saída são Branca de Neve e Bela, de A Bela e a Fera.

HOJE ARTIGOS PARA FESTAS
Rua Senhor dos Passos, 154, 2232-2415. 8h30/18h30 (seg. a sex.) e 8h30/15h (sáb.).
Convites, toalhas, balões metalizados, painéis e enfeites de espuma. Saquinhos de celofane para brindes a partir de R$ 3,90 (100 unidades).

BIJUTERIAS E ACESSÓRIOS

BIJOUTERIAS KACY
Rua Senhor dos Passos, 68, 2242-0014. 8h30/18h30 (seg. a sex.) e 8h30/14h30 (sáb.).
Alicates, fios, entremeios e fechos, peças importadas da Coréia e Áustria. Canutilhos saem a partir de R$ 4,45 (50 g). Pedrarias a partir de R$ 0,50 a unidade.

CASA AZEVEDO
Rua Senhor dos Passos, 63, 2242-1109. 8h30/18h30 (seg. a sex.) e 8h30/14h (sáb.).
Canutilhos, contas de plástico, acrílico, conchas, peças de osso e sementes. Miçangas a partir de R$ 1,40 (20g) e cristais a partir de R$ 0,06 a unidade, dependendo do tamanho.

CRYSTAL BRILHANTE
Alexandre Mackenzie, 46, 2242-5333. 8h30/17h00 (seg. a sex.).
Loja repleta de miçangas, contas de acrílico (25 gramas a partir de R$ 1,75), cristal, murano, fios, fechos e correntes.

DESTAC BIJOUTERIAS
Rua Senhor dos Passos, 221, 2252-2948. 9h/18h (seg. a sex.).
Acessórios para cabelo: elásticos, arcos, faixas e prendedores infantis (a partir de R$ 0,50 no atacado), além de brincos, colares e chaveiros.

LILAC
Rua da Alfândega, 349, 2224-3636. 9h/19h (seg. a sex.) e 9h/15h30 (sáb.).
Colares, brincos, pulseiras, arcos, faixas, presilhas, elásticos com pingentes, chaveiros e bolsas. Prendedores de cabelo a R$ 0,50 e cartelas com doze elásticos a R$ 1,00.

SILMER
Rua da Alfândega, 171/171, 2224-5104. 9h/18h30 (seg. a sex.) e 9h/14h30 (sáb.).
Acessórios para montagem de bijuterias, miudezas de armarinho e produtos para Carnaval e festas. Contas a partir de R$ 0,85 (pacotinho com 25 unidades).

BIJUNIOR
Rua Buenos Aires, 325, 2242-0047. 8h30/18h (seg. a sex.).
Miçangas, contas de plástico, de acrílico (250g a R$ 8,90), de murano (a partir de R$ 0,07 a unidade), cristal, metal e sementes. Tem também bases para brincos, broches e anéis.

BRINQUEDOS/PRESENTES

BAZAR BARRA REY
Rua Senhor dos Passos, 150, 2263-4125. 9h/18h30 (seg. a sex.) e 9h/14h30 (sáb.).
Brinquedos, bonecos e bichos de pelúcia de personagens Disney, almofadas e chaveiros felpudos. Bichos de pelúcia a partir de de R$ 5,00.

BRINKFESTAS PRESENTES
Rua da Alfândega, 250, 2222-1815. 8h/18h30 (seg. a sex.) e 8h/14h30 (sáb.).
Mais de 10.000 itens, entre brinquedos, artigos de papelaria, miniaturas de resina, brinquedos educativos e artigos para festas infantis.

BRINKMANIA PRESENTES
Rua da Alfândega, 316, 2252-2804. 8h30/19h (seg. a sex.) e 8h30/14h (sáb.).
Boa variedade de brinquedos nacionais, chineses e educativos de madeira, de R$ 0,50 (carrinho de madeira) a R$ 1 150,00 (miniatura de uma casa de plástico).

DELMAR BRINQUEDOS E UTILIDADES
Rua Senhor dos Passos, 279/283, 2509-2785. 8h/18h (seg. a sex.) e 8h/14h (sáb.).
É preciso garimpar, mas há brinquedos, jogos e boias a bons preços. Carrinhos de plástico de diversos modelos, para bonecas, custam a partir de R$ 29,90.

DU CHAPÉU
Rua Senhor dos Passos, 91, 2509-0081. 8h30/18h45 (seg. a sex.) e 8h30/15h (sáb.).
Bijuterias, bolsas de couro (de R$ 60,00 a R$ 200,00), guarda-chuvas, estojos de maquiagem, acessórios para o cabelo e corações de pelúcia (R$ 31,50).

SANTEX - O MUNDO DOS BRINQUEDOS
Rua da Alfândega, 328, 2507-1515. 8h30/18h (seg. a sex.) e 8h/12h (sáb.).
Brinquedos nacionais e importados, jogos, bicicletas, carros elétricos, casinhas de boneca (a partir de R$ 99,00) e gangorras.

TOWERS TOYS
Rua Senhor dos Passos, 80, 2242-9930. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/14h (sáb.).
Brinquedos nacionais e importados, peças para bebês, carrinhos elétricos e brinquedos para parquinho. O dominó do Homem-Aranha ou do filme Transformes sai a R$ 18,70, e o caminhão elétrico, com caçamba, custa R$ 1 052,80.

ARTE CASA PRESENTES
Rua Senhor dos Passos, 127, 2224-0667. 9h/18h30 (seg. a sex.) e 9h/14h30 (sáb.).
Miudezas como porta-retratos (a partir de 2,00, 10 x 15 cm), porta-jóias, cofrinhos, porta-CDs (a partir de R$ 2,00), diários infantis, chaveiros e brinquedos.

DECORAÇÃO/OBJETOS DE PALHA

CASAS DA MAMÃE
Rua Senhor dos Passos, 292, 2224-5601. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/14h (sáb.).
Baús, caixas, revisteiros, kits para quartos de bebê e brinquedos, de madeira e MDF, para ser pintados ou decorados. Caixinhas a partir de R$ 2,00 (12 x 12 x 5 cm).

FLORISOL
Rua da Alfândega, 274, 2242-8564. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/14h (sáb.).
Rosas, tulipas, orquídeas, copos-de-leite e outras flores importadas da China. Para os arranjos, há folhas desidratadas, areia colorida, cachepôs (a partir de R$ 15,90), musgo e vidros.

MARIAZINHA PALHAS
Rua Senhor dos Passos, 69, 2224-4989. 9h/18h10 (seg. a sex.) e 8h30/14h (sáb.).
Mais de 4 000 produtos de palha, junco, bambu, cipó e vime. Bandejas, cachepôs, gaveteiros, sousplats, tapetes, guirlandas e cestos. Faz objetos sob encomenda. Peças a partir de R$ 1,00.

TERRA NOSSA
Rua Senhor dos Passos, 79, 2232-7506. 9h30/18h30 (seg. a sex.) e 9h30/14h (sáb.).
Poderia estar em um shopping de decoração, tal a organização e a qualidade dos móveis, quadros, espelhos, velas, baús, porta-retratos, abajures, cestos e revisteiros. Há também peças da Índia, África e China.

TILY PRESENTES
Rua Senhor dos Passos, 168, 2253-7477. 9h/18h30 (seg. a sex.) e 9h/14h30 (sáb.).
Peças de palha da China, do Vietnã e da Indonésia. Jogos americanos a partir de R$ 7,50.

CAIXAS E EMBALAGENS

ADIPEL DESCARTÁVEIS
Praça da República, 76, 2242-6034. 8h/18h (seg. a sex.) e 8h/14h (sáb.).
Embalagens descartáveis de plástico, isopor, papelão e alumínio: copos, pratos, talheres, bandejas, quentinhas, sacolas, bolsas térmicas e caixas para torta e pizza.

INTERPEL R4 EMBALAGENS
Rua Buenos Aires, 302, 2221-8722. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/14h (sáb.).
Mais de 100 modelos de caixa e sacola plástica, em 35 cores. Oferece embalagens personalizadas com nome e endereço.

REGALO EMBALAGENS
Rua Buenos Aires, 314, 2224-9128. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/13h (sáb.).
Mais de 2 200 modelos de caixa: para presentes, para organizar closets, com motivos infantis, com puxadores, para garrafas de vinho. De R$ 0,55 a R$ 52,00.

ESPORTES

GMB SPORTS
Rua da Alfândega, 278, 2509-6930. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/14h30 (sáb.).
Camisas oficiais de times de futebol, bolas oficiais (de futebol de campo a partir de R$ 59,90), chuteiras, meiões, quimonos, maiôs e troféus.

NOVA PET - MERGULHO & CAMPING
Rua Buenos Aires, 170, 2517-3787. 8h30/17h45 (seg. a sex.) e 9h/12h30 (sáb.).
Nadadeiras, arpões, máscaras e roupas de neoprene; barracas, mochilas, lanternas, fogareiros e tênis para trekking. Sacos de dormir a partir de R$ 61,80.

JÓIAS

RACHEL RIO JÓIAS
Rua da Alfândega, 310, 2221-1581e 2508-8110. Rua Senhor dos Passos, 210, 2224-3866 e 2224-4233. 9h/18h (seg. a qui.) e 9h/16h30 (sex.).
Relógios e joias de prata e ouro, com pérolas, pedras brasileiras e brilhantes. Pingentes a partir de R$ 10,00.

SHALOM JÓIAS
Rua Senhor dos Passos, 212, 2224-2150. 9h/18h (seg. a sáb.) e 9h/14h (sáb.).
Mais de 400 modelos de pingente (de ouro com zircônia a partir de R$ 27,00); brincos, cordões, anéis, pulseiras e gargantilhas.

SHANA JÓIAS
Rua Senhor dos Passos, 203, 2221-1126. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/14h (sáb.).
Cordões, anéis, brincos e pingentes (a partir de R$ 10,00) de ouro e prata, além de relógios. Faz peças sob encomenda.

VILLE JÓIAS
Rua da Alfândega, 290, 2224-7926. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/14h (sáb.).
Relógios, folheados e jóias de ouro e prata. Vende de pingentes de ouro com zircônia (a partir de R$ 29,00) a cordões de ouro branco com brilhantes.

PERFUMARIA

REDUTO DAS ESSÊNCIAS
Rua Senhor dos Passos, 54, 2221-2080. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/14h (sáb.).
Mais de 280 tipos de essência (a partir de R$ 2,75 cada), nacionais e importadas, artigos para fabricar velas e sabonetes. Vidros e formas (a partir de R$ 1,15).

ROUPAS

BALISUN
Rua da Alfândega, 289, 3183-1452. 9h/19h (seg. a sex.) e 9h/13h (sáb.).
Batas bordadas, calças, mantas, echarpes, capas de almofada, bolsas, cangas e babuches de Bali e da Índia.

GRANDE MURALHA
Rua Buenos Aires, 290, 2252-3599. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/14h (sáb.).
Boa variedade de blusas, vestidos e quimonos chineses (a partir de R$ 75,00), além de bolsas de festa e mules bordadas.

THAISARTE
Rua Senhor dos Passos, 206, 2221-3207. 9h/18h30 (seg. a sex.) e 9h/14h30 (sáb.).
Capas bordadas para almofada, batas indianas (R$ 39,00) e túnicas de algodão (a partir de R$ 30,00).

TECIDOS

CASA DAS MALHAS
Rua Buenos Aires, 178, 2224-0085. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/13h (sáb.).
Cotton, helanca, Lycra, Supplex, cetim de malha e Lycra com viscose. Boa variedade de cores e estampas.

CASA PINTO
Rua Buenos Aires, 224, 2509-6063. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/13h (sáb.).
Tecidos para Carnaval, shows e decoração de eventos. Boa seção de noivas e tecidos finos como tule e crepe chiffon.

MÓDULO 3 - TECIDOS DECORATIVOS
Rua Buenos Aires, 232, 2224-0061. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/13h (sáb.).
Tecidos para cortinas, estofados, almofadas e forração para áreas externas, além de tapetes de sisal em qualquer medida. Faz cortinas.

SERVIÇOS

CAÇULA DESENHO E PINTURA
Rua da Alfândega, 318, 2219-3820. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/13h (sáb.).
Mais de 20 000 itens, entre tintas, pincéis e material para pintura, restauração e trabalhos em vidro, madeira e tecido e material para confecção de velas e sabonetes.

CAÇULA PAPELARIA E INFORMÁTICA
Rua da Alfândega, 325, 2509-3014. 8h30/17h30 (seg. a sex.) e 9h/12h (sáb.).
Canetas, estojos, merendeiras, etiquetas, lapiseiras, agendas, blocos, colas, lápis de cor, massas para modelar e outros itens. Mouses a partir de R$ 5,53 e pendrive de 8 GB a R$ 32,71.

CASA HOMERO FERRAGENS
Rua Senhor dos Passos, 97, 2224-4641. 8h30/18h (seg. a sex.) e 8h30/12h (sáb.).
Dobradiças, maçanetas, material hidráulico e kits para banheiro. Puxadores de R$ 1,00 a R$ 50,00.

DÁLIA
Rua da Alfândega, 336, 2509-0212. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/13h (sáb.).
Roupas de cama, mesa e banho, inclusive Trussardi. O edredom de solteiro da marca custa a partir de R$ 290,00 (sem bordado) e o de casal sai a R$ 380,00, o mais simples.

REI DAS MALAS
Rua Senhor dos Passos, 96, 2224-2750. 9h/18h30 (seg. a sex.) e 8h30/14h30 (sáb.).
Conserta fechos, rodinhas e armações de mala. Vende bolsas, pochetes, pastas, carteiras e mochilas escolares (a partir de R$ 60,00).

SHEIK ESTAMPARIA
Praça da República, 78, 2224-8131. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/13h (sáb.).
Trabalhos em silk screen e adesivos (transfer) a partir de desenhos ou fotos levados pelo cliente.

TRADICIONAL/CARNAVAL

BABADO DA FOLIA
Rua da Alfândega, 365, 2507-0598. 9h/18h (seg. a sex.) e 9h/13h (sáb.).
Fantasias, máscaras, perucas, plumas, meias arrastão, miçangas e paetês, produtos de armarinho, artigos para noivas e tecidos em geral. Máscaras a partir de R$ 1,99.

CASA TURUNA
Rua Senhor dos Passos, 122/124, 2509-3908. 9h/18h20 (seg. a sex.) e 9h/13h30 (sáb.).
Artigos de Carnaval. Vende tecidos com brilho, paetês, rendas, máscaras, miçangas, pérolas, chapéus, plumas, marabus e arranjos de cabeça. Fantasias prontas a partir de R$ 80,00.

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Reproduzo aqui este post porque o achei de fato um achado! Aproveitem!

Só hoje, mostre que você se importa...






"Whether it's a gift, a helping hand, or a kind word, 
showing another that you care is one of the quickest 
and most effective ways to feel good".

-- Siimon Reynolds, "Better than Chocolate"


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Tradução livre:
"Seja por meio de um presente, uma mão amiga, ou de palavras educadas,
mostrar a alguém que você se importa é uma dos meios mais rápidos
e efetivos de se sentir bem".

sábado, agosto 25, 2012

São Paulo e Rio de Janeiro


Estive em São Paulo a última semana. Uma cidade bacana, cosmopolita, gigante. A impressão que dá é que São Paulo é tão grande... e sempre tem espaço para crescer mais!

Novos edifícios arranham os céus todos os dias. Um novo tipo de arquitetura aparece por lá, e já não existe mais a preocupação de manter uma certa simetria, um equilíbrio, nas fachadas dos edifícios. São totalmlante diferentes, de andar para andar, como se fossem construídos para atender a diversos públicos num único empreendimento. Não sei se isso é uma tendência mundial, mas sempre que estou em São Paulo e olho para estas construções, fico bastante intrigada.

Além dos edifícios, lá tudo é mega, tudo é enorme. Como são enormes os engarrafamentos, os shoppings, as porções dos pratos de comida. Que susto que levei com o tamanho de um paillard com fetutine, dava pra três. E o cardápio dizia: "prato individual".

Definitivamente, aquela é uma cidade ordeira, onde as pessoas são mais pacatas, onde sabem respeitar as leis. Muito diferente do Rio de Janeiro. Aqui, qualquer engarrafamento se traduz em tensão, a gente tem que ter coragem para enfrentar grandes distâncias. Lá, sabe-se que, mesmo a 10 km/h, você vai chegar tranquilo. Aquele que quiser mudar de faixa vai usar a seta, as pessoas darão passagem... enfim, esta é a percepção que eu tenho de São Paulo.

Na ida para a cidade no sábado de manhã, o piloto sobrevoou Santos, o porto, os rios, eu fiquei louca. Nunca tinha visto aquele cantinho do estado de SP tão de pertinho, a aproximação à cidade a partir do litoral foi demais.Observar a geografia, ver a Serra do Mar, enfim... foi demais!

São Paulo à noite também é linda. E tem tanto a oferecer, parques, museus, mercados... Mas, eu sou e vivo no Rio...

Que saudade estava da minha terra, dessa beleza toda, desta confusão, deste clima!

Amo o Rio de Janeiro, suas paisagens, seus dias ensolarados que estão sempre nos convidando a um passeio... 

Amo o Rio de Janeiro das montanhas, das bicicletas, do calçadão, das vistas maravilhosas em todo o canto que se vai. Como não dizer que é o coração do Brasil?

Bem, em termos de serviços, São Paulo dá de dez a zero no Rio, porque ainda precisamos aprender muito. Somos mal-humorados no atendimento, não sabemos ser gentis e cortezes. Precisamos urgentemente de uma campanha de sensibilização para que todos se sintam os "donos da casa" e pensem que estão recebendo visitas, que precisam ser bem tratadas para que queiram voltar.

Mas, eu cheguei no Rio ontem à noite, e a noite do Rio de Janeiro, por si só, já é um monumento, com todas as suas luzes. Quem disse que o Rio de Janeiro também não é uma cidade luz?


Não perde em nada para Paris!


No Rio, cada canto é uma beleza: a Urca, o Leme, o Arpoador, o Posto 6, o Mirante do Leblon, a praia do Pepê, Grumari...


Praias, praias e mais praias para escolher, sempre lotadas, sempre convidando a um banho relaxante e revigorante, a uma caminhada, um por do sol, com direito a aplausos e gritos de bravo no Leblon...


E sem que o rádio esteja ligado, a gente escuta uma trilha sonora regada a Marina Lima, Caetano, Cazuza, nossos ícones...





Como não lembrar da nossa querida Lagoa Rodrigo de Freitas? Lugar para passeios de mãos dadas, um namoro eterno, um showzinho de jazz, uma comidinha árabe, um jogo de tênis, uma pedalada de bike ou pedalinho... A Lagoa é incrível, meu cantinho encravado entre o Humaitá, o Jardim Botânico, Ipanema e Gávea...


Está certo, está certo, eu estava com saudades... muitas! Mas nada que um vôo panorâmico não resolva. E, de vez em quando, somos - nós, simples mortais - brindados com estes presentes dos pilotos de avião, melhores do que qualquer sorteio.



Em troca da habitual rixa entre as duas cidades, eu fico com a trégua. É tão perto estar aqui e lá, por que não aproveitamos o melhor do que há pra aproveitar dessas duas maravilhas brasileiras?




Então tá, está aqui a minha trilha sonora da semana...



Música da semana 1: Sampa - Caetano Veloso
 


Música da semana 2: Virgem - Marina Lima



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Fotos do Rio de Janeiro: Leitores do Jornal O Globo

segunda-feira, agosto 20, 2012

Opiniões...




"Quem não sabe guardar suas opiniões no gelo 
não deveria entrar em debates acalorados".

-- Nietzsche


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Ou melhor dizendo, "o que quer que se precise dizer, diga amanhã"

domingo, agosto 19, 2012

A gosto de agosto



Então, no meio do caminho houve um aniversário. É, vocês já devem perceber que convivem com uma Rebecca leonina até a raiz dos cabelos. Muito leonina!

Naquela data, sentei para comemorar com os amigos novos que fiz este ano no almoço e com a família no jantar. Mas, algo estava faltando.

Como processar a perda de alguém vivo como se esta pessoa estivesse morta? Como aceitar que uma pessoa que foi sempre a sua irmã postiça deixa de fazer parte da sua vida por escolha própria, sem dizer palavra, sem explicação, despedida, nada? Como lidar com o fato de que a pessoa com quem você comemorou todas as conquistas não estaria ali depois de 26 anos? Como não sentir falta, não lembrar com carinho, alguém que simplesmente escolheu partir? Haja terapia para entender e aceitar.

Dito isso, explica-se uma certa melancolia que me afastou dos textos mas não dos sentimentos por estes dias. Continuei levando a vida, vendo meus filmes, ouvindo minhas músicas, lendo meus livros, indo ao cinema, sonhando com o show da Norah Jones em dezembro, encontrando novos amigos...

Ah, e essa foi a parte boa da libertação do passado-presente. Permiti-me fazer novas amizades, algumas que estavam bem quietinhas esperando que eu desse mais atenção a elas. Nessa faxina na vida, surgiu tanta gente legal!! E tanta gente mostrou sua cara, tirou suas máscaras, tantos me fizeram ver que o mundo não é cor de rosa, como a Alice aqui sempre fez questão de imaginar...

Agosto foi um mês bom, está sendo. Mais um mês de mudanças, de enfrentar novos desafios. Está sendo um mês muito corrido, de muito trabalho, mas um mês de muitas felicidades, um mês que está me fazendo muito feliz, que está me permitindo deixar o passado-presente no passado, onde ele deve ficar. E eu estou sacundindo poeiras todos os dias, sabendo da minha consciência, das minhas escolhas e do que me faz feliz.

Um mês de aceitação. De gostar de mim mesma. Tenho todos os motivos do mundo para perguntar "por que?". Mas, sei que do outro lado não haverá uma resposta. Não ainda. Nem todo mundo tem a coragem que eu tenho, e eu respeito isso. Porque é preciso coragem para SE respeitar todos os dias acima de tudo e não aceitar as migalhas da vida.

Se eu quero algo, aprendi a trabalhar por isso, e esperar que aconteça. Por incrível que pareça, acontece. As portas e janelas estão abertas pra vida. Então, agora, só me resta esperar... que venha setembro!



Música do dia: Sol de Primavera - Beto Guedes

quinta-feira, agosto 02, 2012

De tudo ao teu amor serei atento...



E eu continuo ali a sonhar, sonhar, sonhar,
e a divagar, divagar, divagar...
e, de vez em quando, meu coração arde feito brasa
e, de vez em quando, você me olha e não me vê,
me escuta e não me ouve,
me toca e não me sente,
e o tempo vai passando, passando, passando...
e dá um medo...

E se diz amigo, só amigo,
mas também não sabe o que fazer
com essa energia que simplesmente nos envolve
quando estamos juntos, fingindo ser normal
o corpo pegar fogo assim...
e o tempo vai passando, passando, passando...
e dá um medo...



terça-feira, julho 31, 2012

O hábito


Tinha perdido o hábito de lutar. Estava certa de que a vida se resumia a casa-trabalho-casa e olhe lá. Não sabia mais o que era o amor. Racionalizava tudo. Era melhor, mais seguro. Lera em algum lugar que "navegar é preciso, viver não é preciso", de algum autor famoso. Se não é preciso, como pode ser seguro? Vivia enforcada aos nós que ela mesmo escolhera tecer. Tinha medo, não arriscava. Nem se lembrava quando foi a última vez que dissera um "eu te amo" enebriado pelo calor da emoção. Sequer lembrava se um dia esse "eu te amo" foi dito.Tinha perdido o hábito...

quarta-feira, julho 25, 2012

Memórias vãs...

Existem programas na tv - à cabo, infelizmente - que são realmente instigantes. Um dos que eu realmente amo é o "Saia Justa", principalmente agora, com a participação dos maravilhosos Xico Sá, Dan Stuback, Dú Moscovis e Léo Jaime. Eles são realmente demais.


No programa de hoje, discutiram um tema sobre a infância, se a criança que fomos um dia se reconheceria no adulto que somos hoje. Eu fiquei pensando a meu respeito, se eu era essa criança responsável que se tornou essa mulher batalhadora... acho que era...

E isso me lembrou de tempos idos, de coisas que eu fazia na infância, do que eu gostava e do que eu não gostava,..., ai, acho que abriu uma porteira enorme de recordações....

Estes dias mesmo estava conversando com o meu marido a respeito dos Trapalhões, personagens também mencionados pelo Dú Moscovis no programa de hoje. O fato é que o meu marido O-D-E-I-A os Trapalhões (pelo menos, o Didi, disso eu tenho certeza)... ele sempre reclama aos domingos, quando eu esqueço a tv ligada e ele me pega na cozinha 'vendo' os Trapalhões.

Eu então me lembrei dos domingos na casa do meu tio-avô, Seu Mário, no Humaitá. Ele morava numa casa grande, de três andares, mas que não tinha muito espaço para brincar. Tinha um terraço, mas nós não podíamos ficar sozinhos por lá porque os adultos não deixavam. Lembro da programação de domingo: subir a ladeira de carro no maior esforço, porque a ladeira era íngreme e o carro não tinha lá tanto motor assim, manobrar bem lá em cima (onde o povo gostava de fumar uma erva), estacionar o carro (acho que ainda era um fusca o que o meu pai tinha), entrar na casa pela porta da garagem. Aí começava o meu sofrimento, porque a casa cheirava a cachorro, eles ficavam na sala de estar na maior parte do tempo, deitados sobre os sofás. Minha tia tinha um dinamarquês enorme, branco malhado de preto, que se chamava King, e um cocker spainiel preto chamado Xereta. Eles tinham pulga. E cheiravam a cachorro mal lavado que secou à sombra. King morreu atropelado por um ônibus, num dia de descuido e porta da garagem aberta. Xereta morreu de velho. Eram ícones daquela casa.

Eu não sentava naquele sofá nunca. Nós constumávamos chegar na casa deles à tarde, lá pelas cinco horas. Antes do Fantástico, passava uma sessão de uma hora de "Os Trapalhões", naquele que se podia considerar os áureos tempos, com a turma completa: Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Lembro de ouvir meus primos dando risada sobre as besteiras que eles faziam, mas eu confesso que achava o programa um festival de piadas sem graça. Confesso que durante muito tempo tive medo de ir ao teatro para assistir a uma comédia ou a um stand-up por medo de não rir. Será que o meu problema é que eu não entendia as piadas? Eu ainda gostava um pouquinho do Mussum, e seu jeito de falar errado, mas o Didi era sempre tão cruel com todo mundo, que eu não curtia... aliás, como ele é até hoje...


Depois dos "Trapalhões", começava o Fantástico, e a gente sempre via ainda por lá o placar da rodada com o Léo Batista dando o resultado da loteria acompanhado da Zebrinha, que volta-e-meia dizia "Coluna do Meio", para alegria de todo mundo lá de casa (que ria da piadinha idiota a que a expressão "coluna do meio" fazia referência). Então, o sofrimento estava completo. Titia trazia a canja de galinha, numa louça brança com desenhos azuis que ela tinha - e adorava - e nós éramos obrigados a comer aquilo antes de qualquer sanduíche ou cachorro quente. Com bastante hortelã. Eu acabei me tornando uma pessoinha que odeia canja de galinha por causa disso, talvez pelo mesmo motivo que eu odeie beterraba e miolo de boi, ou seja, o fato de ter sido obrigada, em um dado momento da minha vida, a comer essas coisas, seja lá de que jeito...

O que salvava era o bolo de chocolate, que levava coca-cola na receita e ficava beeeeeemmmmm molhadinho... era sempre a sobremesa final, com um sorvete de flocos, e eu amava. Muito frustrante foi, tempos depois, descobrir que a velhice havia feito a titia a esquecer do bolo e de sua receita... Ela sequer se lembrava que fazia esse bolo pra gente...

Ah, não posso esquecer. A sensação da casa da minha tia eram duas, na verdade. Uma delas era vê-la preparando o macarrão na máquina artesanal, naquela cozinha espremida. Eu sempre me oferecia para ajudar, pela curtição de ver uma massa disforme virar macarrão fresco. A outra era um melro-preto, um pássaro para quem ela assoviava e que lhe oferecia em troca a cabeça para coçar... todo mundo queria coçar a cabeça daquele melro...

Foi na casa da minha tia que eu descobri a minha intolerância ao álcool e aos pobres bêbados... mas isso já é outra história...