segunda-feira, julho 18, 2011

Altas Horas

Eu não durmo mesmo. Dia desses, vendo o programa Altas Horas do Serginho Grossman, me deparei com uma festa de comemoração pelos 10 anos do programa com a presença da galera festeira dos anos 80. Era dia 26 de junho de 2011.

Estavam lá o Barão Vermelho, o George Israel, a Blitz com a Fernanda Abreu, os Titãs, o Rogério Flausino (entrando de bicão para cantar "Que país é esse?", da Legião), Negra Li, enfim, havia uma galera boa demais no programa para que se fosse dormir...

Você perdeu? Vê um pouquinho aqui...











Você sabe há quando tempo a Fernandinha não cantava com a Blitz? Muito, mas muito tempo... eu ainda era garota!



Você quer ver mais? Vê aqui ó...

Só pra registrar... eu ainda me lembrava da letra de TODAS as músicas... cantei junto... por que é que isso acontece mesmo? Pesquisas dizem que o quê nos marcou aos 14 anos define nosso gosto musical pro resto da vida. Que bom que eu fui bem servida!!!

domingo, julho 17, 2011

Sonhos

Assisti novamente no DVD hoje o filme "A Origem", que havia assistido no cinema no início desse ano. Novamente, fiquei impactada pela trilha sonora perfeita, pelos efeitos visuais, pela dramaticidade do roteiro, pela tensão... Mas, o que me comove mesmo neste filme é a história de haver uma possibilidade de você não se dar conta, num dado momento, do que é realidade e o que é sonho (ficção) na vida...

Ou seja, de tanto fantasiar, você pode ser tragado por uma vida de ilusões, que não necessariamente é a vida real, dura, crua, nua, boa, rica, do dia-a-dia.

Meu amigo argentino já tinha me dito que esse filme é baseado na obra de Jorge Luis Borges, e o diretor cita o Escher, quando fala da cena da escada de Penrose, que retrata aquela escada do Escher que não tem começo nem fim.

"O propósito que o guiava não era impossível, ainda que sobrenatural. Queria sonhar um homem: queria sonhá-lo com integridade minuciosa e impô-lo à realidade. Esse projeto mágico havia esgotado completamente o espaço de sua alma; se alguém tivesse lhe perguntado seu próprio nome ou qualquer traço de sua vida anterior, não teria dado com a resposta. (...) No início, os sonhos eram caóticos; pouco depois, foram de natureza dialética. O forasteiro sonhava consigo mesmo no centro de um anfiteatro circular que era de algum modo o templo incendiado: nuvens de alunos taciturnos exauriam a arquibancada..."
Jorge Luis Borges, "As ruínas circulares", In: Ficções, 1944.



Isso acontece com todo mundo, repetições constantes. Eu me lembro de já ter passado por isso. Um sonho que se repete constantemente. Eu, na arrebentação, furando ondas e mais ondas, grandes, estou sozinha, o mar vai me puxando com força, me levando pra longe, estou sem ter para quem, nem como pedir ajuda. Por minha conta. Sempre associei este sonho à alguma mensagem do meu subconsciente, me dizendo que sou capaz de vencer qualquer desafio, seja ele de que tamanho. Mas, sempre acordo cansada quando tenho um sonho desses. Cansada, mas pronta pra luta.



Já tive a sensação de estar sonhando dentro de um sonho. Isso é muito louco. As cenas não fazem sentido, não se concatenam, parece que o tempo é muito maior quando estou dormindo do que acordada. Acho que é isso que nos liga ao filme. A gente percebe que mais do que um estudo sobre sonhos, o roteirista Christopher Nolan colocou ali, nos dez anos de pesquisa que fez para construir o roteiro, todo o tipo de percepção que tinha em relação aos seus sonhos.



Eu já me peguei dizendo pra mim mesma: "Acorda, idiota, isso é um sonho!"... ou num estado de semi-consciência, trabalhando loucamente, mas ainda dormindo, naqueles minutos cruciais que antecedem o despertar do relógio nos dias de semana. Ou tendo sonhos que mais parecem premonições.

O que realmente me aflige é não sonhar. Isso me dá a sensação de uma noite mal dormida. Bom, eu não entendo nada de sonhos, nem sei se isso é bom ou ruim mesmo. Mas, não lembrar dos meus sonhos me soa como desperdício. Eles são tão criativos...

Para quem viu o filme, recomendo que veja de novo. É ótimo para pescar detalhes que podem não ter sido compreendidos no cinema. Para quem não viu, veja!

E, afinal, aquele reencontro é sonho ou ficção no final?

A alma do negócio

Dizem que a propaganda é a alma do negócio. De uns tempos pra cá, tenho reparado como são criativos os publicitários que cuidam das marcas de desodorantes. Para o bem ou para o mal. Recentemente, percebi meu sobrinho de seis anos cantando uma musiquinha nojenta, e de repente, enquanto via tv, perecebi de onde via aquela musiquinha, que havia grudado na cabeça dele. É desse comercial aqui, do Rexona for men.



Ainda quando vejo isso, fico me perguntando de onde saiu o argumento para bolar uma propaganda dessas. É horrível. Trata-se da história de um cara que não consegue parar de transpirar, e sai assaltando todos aqueles que passam pelo seu caminho para roupar suas camisas / roupas / fantasias. E no final, depois que ele descobre o Rexona Men, ele deixa de transpirar e passa a ser alvo de algum outro maluco. Fico me perguntando se tem alguém que ganha para fazer isso. Ganha, né, gente, o pior é que ganha...

Em contrapartida, bolaram um comercial incrível para o desodorante Axe, também masculino, que foi chamado de Rubens. Tem uma forte relação com o trecho bíblico Gênesis 6:1, quando os anjos desejaram descer a Terra para ter relação com as filhas dos homens. É bem bolado, bem feito, e com uma trilha marcante (pelo que eu pude apurar a música é de um grupo chamado Air e se chama "Sexy Boys").




O comercial é muito criativo, diga-se de passagem. Tem até gente que diz que não gosta, que diz que ele é satânico. Mas, vamos combinar, é quase poético... Eu gostei.

Eu sei que já se fêz de tudo em matéria de propaganda de desodorantes, mas será que não dá mesmo para ser mais criativo? Ou será que precisaremos voltar ao começo e exibir corpos trabalhados em academias de ginástica se lambusando do aerosol do produto?

sexta-feira, julho 15, 2011

Jardins


Como é a sua vida? Ela é como o seu jardim pessoal? Você o rega todos os dias? Aduba? Escolhe sementes de flores para espalhar por ele? Seu jardim tem luz? Atrai abelhas, borboletas? Passarinhos? Beija-flores? O quanto você investe do seu tempo para cuidar do seu jardim?

Um amigo me perguntou isso hoje... eu respondi: "É claro que eu cuido do meu jardim..."

E cuido mesmo... os passarinhos me visitam, há luz, e essa luz é intensa até... mas, eu também conto um pouco com a sorte, porque tem dias que eu nem vou lá. Fecho as cortinas da sala que dão para a varanda, onde fica o meu jardim, e esqueço que ele existe.

Às vezes, faço o mesmo com a vida. Fecho os olhos subitamente, quando chego do trabalho, e durmo pesado, até o momento em que desperto, muitas vezes perdida sem saber se ja é hora de começar um novo dia, ou se ainda há uma noite inteira pela frente. E é nessas horas em que eu esqueço do mundo, ... de regar, cultivar, podar, semear, adubar e cuidar do meu jardim pessoal.

Meu amigo ainda me disse: "Olha, na vida a gente não pode jogar as sementes displicentemente e largar o jardim aos cuidados de um espantalho abandonado. Há que se ter responsabilidade, porque um dia a vida acaba." É duro, mas ela acaba, pelo menos nesse plano.

Eu sei bem disso. Nos meus vasinhos de planta, nascem ervas daninhas e matinhos indesejáveis frequentemente. Como na vida, quando a gente menos espera, já tem um "vampirinho" querendo morder nosso pescoço. Muitos seres vivem de simbiose, outros são apenas parasitas. A gente precisa ser capaz de reconhecê-los para afastá-los de nós, porque eles roubam a nossa luz.

Meu amigo hoje usou uma metáfora para me dar uma grande lição. E para dizer, à sua maneira, que se preocupa comigo. Ele certamente vai ler esse post aqui no blog. Eu só queria dizer obrigada. De novo.

domingo, julho 10, 2011

Sem voz

Dos tempos vividos no Rio, nunca esse inverno foi tão frio. Depois de um ano sem inverno, a esquentar miolos nos 40 graus europeus, esse no Rio me parece mais castigado, mais intenso. Com uma gripe que há muito eu não tinha, só penso na minha cama e no meu cobertor. Quisera não mais falar, ficar muda, perder a voz... de vez. Falar pra quê? Gastar o meu latim em vão? São tantos os sonhos que se vão num piscar de olhos, nem adianta tentar falar deles, ou tentar registrá-los. O vento frio que invade a casa, traz com ele uma certa melancolia. Nem o sol me anima a sair. Nem o verbo me anima a agir. Estou só. Nublada, envolta de névoa. Mas, não posso parar...



Esse que está cantando é o Jack Nicholson, no filme "Alguém tem que ceder", que eu revi hoje...

terça-feira, junho 21, 2011

Pequeno conto de fadas xadrez

Evitando perder o rei, entregou a rainha ao bispo negro. Deu sua cabeça numa bandeja de prata e torceu para achar saída que lhe permitisse manter o reino. A rainha obteve clemência e sua cabeça de volta. Colocaram-na em seu corpo, mas restou-lhe a cicatriz. Estava lá, para lembrar-lhe que, na hora de maior ameaça, de nada lhe servira a fidelidade ao reino, ao rei. Vão se as rainhas, ficam-se os anéis. Manteve-se ao lado do rei, ainda que magoada, por medo de se aventurar em outras terras, em aldeias longínquas. Não mais como rainha, mas como criada. Optou pela dor a lidar com o desconhecido. Mas, ao contrário do que esperava, a mágoa corroía-lhe o corpo, marcava-lhe o rosto, envelhecia a rainha, pobre e medrosa rainha. Tinha estado tão bem ali e por tantos anos. Quanto ao rei, quanto mais ela permanecia ao lado do rei, mas ele se enfraquecia. Perdera seu bem mais precioso: o respeito dos súditos. Um dia, em visita àquele reino, um trapezista do circo concedeu à rainha um grande ensinamento. É preciso voar, se aventurar, mas não sem antes assumir o seu lugar... de rainha. E foi então que ela despiu-se da capa do medo, que há anos lhe acompanhava e acolhia e partiu. Viveu grandes momentos felizes, até que a cicatriz finalmente desapareceu...

quinta-feira, junho 16, 2011

Ombro amigo

Um dia, conversando com uma amiga que frequenta aqui o blog, ela me relatou uma experiência sobre uma de suas amigas que a tinha associado a um momento ruim de sua vida e que, por conta disso, tinha se afastado dela, o que a princípio, a havia deixado muito triste. Mas, depois ela entendeu.

Aquilo me deixou encafifada por muito tempo, pensei à beça naquilo, porque pra mim era quase inimaginável que alguém a quem você ajudou num momento difícil de repente se afastasse de você simplesmente para não se lembrar do momento. Não dizem que a gente pode até se esquecer daqueles com quem rimos, mas nunca daqueles com quem choramos?

Acho que talvez esse seja o X da questão. A gente pode até não se esquecer das pessoas com quem choramos, e talvez, justamente por isso, a gente se afasta, para não se lembrar do momento da dor.

Essa semana, numa conversa com o maridão, ele me disse que existem mesmo pessoas que classificam as demais segundo a situação que viveram, e se foi um momento triste, colocam esse grupo de pessoas numa “gaveta” específica do cérebro. Se foi uma situação feliz, a “gaveta” é outra. E assim vão vivendo.

Isso me veio novamente à mente porque eu tenho vivido isso constantemente. Para alguns, sirvo como o ombro amigo... Constatei que como ombro amigo, não sirvo para soltar fogos com alguns amigos quando eles estão bem. Sou só um ombro, uma escora, em quem as pessoas se apóiam quando precisam.

Sei que isso é assunto para terapia, que talvez não seja tão simples assim, mas o fato é que Lacan foi o grande responsável por aproximar a psicanálise da literatura, então, enquanto seu lobo não vem, isso é, minha terapeuta, eu vou escrevendo nesse espaço aqui.

Eu não sei se sou tão evoluída quanto a minha amiga, que entendeu. Eu não entendo, não. Acho que amigos são para todas as horas. Não me venha chorar as pitangas se na hora da comemoração, eu não te sirvo. Pronto, falei!

quarta-feira, junho 15, 2011

Vivendo e aprendendo a jogar

Semana passada, dei uma sumida aqui do blog. Estava recebendo uma consultora norte-americana e isso implicava em garantir que ela fosse ficar bem e conhecesse um pouco mais a cidade. Essa senhora, bem uns 15 anos mais velha do que eu, foi a grande inspiradora das minhas pesquisas na época que eu estava fazendo meu Doutorado. Eu citei ela à beça.

Na terça-feira, levamos a consultora para conhecer o restaurante Cais do Oriente, próximo ao Centro Cultural do Banco do Brasil, no Centro da cidade. O lugar é lindo e a comida é uma delícia. E o melhor, não fica entulhado de gente.

No meio do nosso bate-papo, ela me disse a seguinte frase:

"Quando eu era jovem, costumava ter sonhos tão grandes para o meu futuro...
... hoje, quando olho pra trás, vejo que eles eram pequenos demais para mim..."


Essa frase me tocou profundamente. Na despedida, eu me emocionei de pensar que estava diante daquela pessoa que tanto havia me inspirado, que estava fazendo um curso com ela, que tinha estado ali, num restaurante falando da vida com ela... enfim...

Levamos a consultora para comer bolinhos no Chico e Alaíde, e ela adorou os mais pesados: "choquinho de camarão", "baião de dois", "feijoada"...

Na segunda-feira, ela fez questão de enviar um e-mail muito gentil falando que os bolinhos tinham sido o ponto alto da viagem, e o papo que tivemos naquele dia, ela, eu, o maridão e um grande amigo também...

É, a gente realmente se dá conta de que, muitas vezes, nossos grandes sonhos do passado são mesmo muito pequenos...

sábado, junho 04, 2011

Quando ele finge que é surdo...

Amor, não vai por aí não que está muito engarrafado...

{e ele parece que não te escuta...}

Amor, por favor, estou super atrasaaaaaada...

{e ele continua seguindo pelo mesmo caminho, super focado no trânsito caótico a nossa frente}

Amor, dobra a direita...

{e ele continua na mesma velocidade como quem não está nem aí}

PORRA, vira nessa entrada à direita, CACETE!

{pronto, acabou o problema!}

domingo, maio 29, 2011

Das coisas que a gente não consegue dizer, mas eles {os escritores} conseguem...

Estou finalizando a leitura desse livro e a recomendo para todo mundo que quiser se ver espelhado nas várias estórias que a Martha conta nele, de forma simples e, por que não dizer, brilhante.

Tem gente que não gosta do estilo dela. Nem do da Lya Luft. Nem do da Thalita Rebouças. Nem do Paulo Coelho. Não, não os estou colocando no mesmo saco, até porque não gosto do Paulo Coelho, nunca li Thalita, nem sou muito fã da Lya. Mas, acho a forma como a Martha escreve muito, mas muito incrível. Porque é simples. E porque parece que ela viveu coisas muito parecidas com as que vivi.

Acho que esses escritores têm um grande mérito, que é o de conseguir se comunicar com as massas, e o de vender muito livro. Isso não é para qualquer um. E a Martha ainda tem algumas colunas nos jornais que a levam a escrever com uma regularidade boa, e nunca vi ela desprezar uma coluna com um texto medíocre, como acontece com alguns escritores por aí.

Das histórias do livro "Tudo o que eu queria te dizer", eu gostei de várias. Mas, a da atriz que não se considera boa e que não quer pra si o reconhecimento que o público e a crítica lhe proporcionam é realmente impactante, porque questionar-se diante do espelho, acredito, é dor de todo mundo. Destaco aqui três trechos:

"Pegue tudo o que eu já fiz e recolha, ensaque e jogue em qualquer terreno baldio. Ninguém vai dar por conta. Nem eu, e é o que deveria estar tratando num divã. (...) Não faço falta.

Durante esses anos todos, duas ou três frases foram verdade. Os "eu te amo" mais sinceros foram para quem não amei. E os homens que amei não escutaram. Eu não sei o lugar certo de dizer. A hora certa de ser humana. Tenho a sincronia de um espantalho. Paralisada. Ninguém precisa de assustar comigo. Eu sou de mentirinha.

Gostar é uma sofisticação. Perdi essa aula, não aprendi a manifestar meu afeto. De mim, gostei uma época. Hoje me repudio com mais honestidade. Dei muito errado, e poucos notam. E que nota nem se dá ao trabalho de me vaiar. O desprezo dos que percebem a farsa dói tanto quanto a adulação dos cegos".

Quantas e quantas vezes a gente não duvida de si mesmo nessa vida? Não se sente incompetente? Não acha que alguma coisa está errada? Mesmo que saibamos da nossa competência, do que somos capazes, não dá pra ser seguro o tempo todo. É aquela palavra mal colocada, aquele feedback mal dado, um cliente que não sabe pedir e que por isso não gosta de nada que entregamos, enfim, existem milhões de coisas que nos deixam inseguros... Ah, e o amor então? Esse, nem se fala...

"Meu quarto, por que devo deixá-lo todas as manhãs? A cama. O colchão. Bem deitada é a minha posição favorita. O teto me conforta, as paredes, estar protegida. Veria televisão pra sempre, se pudesse".

Eu tenho essa terrível sensação de vez em quando. A de não querer sair da cama. Mas, o relógio do celular toca insistentemente por 30 minutos {na função soneca} antes que eu consiga desistir de começar o dia, então, lá vou eu. Sei que um dia vou voltar a ter tesão de levantar e trabalhar... essa nuvem negra vai passar, tenho certeza.

"E de agora em diante não existe tempo. É só uma reticência da rotina. Vou continuar sendo quem eu sou, aquela que não é. A mulher que eles me vêem (...)"

Como não se comover com uma mulher/escritora que consegue expressar as mesmas angústias que sentimos todos nós? Como não pensar que essas dúvidas filosóficas são as dúvidas de todo mundo e que viver é duro pra todos?

O bom da vida é essa nossa incrível capacidade de se regenerar!!! Eu gosto disso! Gosto mesmo!

sábado, maio 28, 2011

Banheiros

Outro dia, na minha página do Facebook, postei uma frase sentida e lamentosa sobre a inabilidade de meus colegas engenheiros civis em construir banheiros – hoje em dia cada vez mais minúsculos – com suas janelinhas voltadas para prismas de ventilação internos. Recebi comentários de amigos dizendo que “eu estava muito revoltada”.

De fato, desde criança me delicio com as páginas dos classificados de imóveis nos jornais, onde as construtoras e incorporadoras publicam as plantas dos apartamentos que anunciam. E quando os mesmos jornais encartam propagandas avulsas com esses lançamentos e plantas em tamanhos maiores, onde se pode ver com detalhes a metragem e a decoração pensada – quem sabe, por um arquiteto contratado pra isso? -, fico em êxtase. Acho que foi isso que me levou a me tornar engenheira, mas de fato o que eu queria mesmo era ser arquiteta. Ou melhor, designer de interiores.


É como quem escreve porque lê muito, conhece o estilo dos outros escritores, entende de gramática, se preocupa com a ortografia e gosta que seu texto tenha um estilo seu. Eu também era assim com a “leitura das plantas baixas”. Com o tempo, foi ficando fácil identificar o que era obra de engenheiro civil e o que era obra de arquiteto. Só para dar um exemplo bem simples: andando de carro pela Avenida Lucio Costa, na Barra da Tijuca, você vê que em algumas construções, houve uma preocupação de fazer com que todos os apartamentos, até os da lateral do edifício, fossem voltados para o mar, o que levou ao arquiteto a projetar uma construção meio na diagonal, mas que comercialmente tem um apelo muito maior. Um engenheiro civil talvez não tivesse feito isso, porque em sua maioria – vejam, não estou querendo generalizar, tem gente ousada em todas as profissões – eles preferem os ângulos de 90 graus e buscam aproveitar ao máximo os espaços, construindo de forma a facilitar o cálculo estrutural e a execução das instalações.

Mas, voltando ao caso das plantas baixas, como estão pequenas as construções hoje em dia! Vende-se um apartamento com 4 suítes, com metragem de 169 m2. Você sabe o que é isso? É um ovo! Uma lata de sardinha! Existem apartamentos grandes em Copacabana, daqueles considerados “antigos”, que nem tem tantos banheiros assim, mas que tem lá seus lavabos, e que contam com generosos 250 a 400 m2. O que, convenhamos, faz com que famílias vivam com muito conforto. Mas, diante da bolha imobiliária que vivemos hoje no Rio de Janeiro, por conta de Copa do Mundo e Olimpíadas, é pra gente rica, muito rica. Ou pra quem já nasceu morando num ap. desses.

E retornando ao caso dos banheiros do meu prédio, eles são voltados para um prisma de ventilação de aproximadamente 2 m2. Graças a Deus não se trata de ventilação forçada, o que também acho insuportável, já que não te dá a opção de ter uma janela no banheiro. Ainda assim, o problema dos meus banheiros (são 2) é que além de muito escuros – a qualquer hora do dia, você precisa de luz artificial para se enxergar dentro deles – esses cômodos são a “porta” (ou a “janela”) para que você partilhe da vida de seus vizinhos – e eles da sua.

Nada agradável saber quando o vizinho toma banho, sozinho ou acompanhado, quando faz reunião com a empregada, quando dá banho em seu cachorro catinguento, quando assoa o nariz, quando faz sexo com a mulher/namorada/sei lá, quando canta pensando que está no “Programa do Raul Gil” ou num trashokê da vida, ou mesmo quando faz aquilo que primordialmente fazemos no banheiro. Isso sem pensar que, se eu não estiver vigilante, estão me ouvindo também.

O fato é que, se eu uso o banheiro no trabalho para o mínimo possível – número 1, que é rápido, e escovar os dentes -, imaginem um banheiro que te expôe desse jeito!? Odeio banheiros públicos. Então, vocês podem imaginar meu sofrimento para usar um banheiro particular que é quase público.

Por isso, meus colegas engenheiros, pensem nesses pobres-coitados, como eu, na próxima vez que forem projetar alguma coisa. Pensem nas melhores práticas do passado, e lembrem que ainda tem gente que tenta ser discreta nessa vida e que odeia esse estilo de vida big-brother, ok? É um pedido, quase uma súplica, por uma vida mais sustentável... que nossos antepassados sabiam bem como preservar!

quinta-feira, maio 26, 2011

Eu somatizo, tu somatizas, ele somatiza...

Essa vida de blogueira não é fácil. Manter um blog atualizado com uma frequência razoável, tendo o mesmo sido criado em 2005, requer muita idéia, muita imaginação, muita criatividade. Mais difícil ainda é quando as histórias desse blog são 'fortementes' {não adianta mais mentir, né?} baseadas na sua vida... aí, então...

Passei a semana inteira cansada. Com uma rotina cada vez mais pesada, incluir na minha agenda a quantidade de compromissos que incluí, não foi nada generoso pra mim, mas foi pro meu bem. E tem funcionado. Yoga, massagem acupuntura, aula de inglês... e ainda quero ter um hobby.

Minha amiga Flor de Lótus ficou preocupada com meu último post. Eu estava desesperada. Mais ainda, estava cansada, estava triste, estava me sentindo desamparada, estava pedindo para parar o bonde que eu quero descer. Chega! Cansei de ser a Mulher Maravilha!

Amiga, fica tranquila, eu sou mais forte do que posso imaginar, do que todos pensam. Converso com os meus botões há tanto tempo, e eles são tão bons conselheiros, você nem sabe... Só fico míope quando as lágrimas embaçam meus olhos, como naquele sábado em que me sentei na frente desse computador e relatei toda a minha angústia. Tinha medo de explodir... tinha a sensação de que ia explodir... terrível sensação...

É muito triste quando você se dá conta de que ninguém se preocupa com você.

Só que, de repente, as pessoas começam a se preocupar. Por mais que aquilo que eu relatei pareça a quem lê uma terrível de uma somatização, isso definitivamente não dá em poste, como diria a minha avó. Muita gente hoje sofre com a pressão do dia-a-dia, não sou só eu. Tem gente que tem herpes, tem cistite, tem torcicolo, tem dor de estômago... tanta coisa...

No meu caso, dói o peito e dá falta de ar. Eu puxo o ar e ele não vem. Naquele dia, foram os exercícios de respiração que estou aprendendo na Yoga que me salvaram, quando eu estava ali sozinha, tentando puxar um ar que não vinha... apesar de ter uma caixa do tarja preta no armário do banheiro, eu consegui me acalmar sozinha, repetindo o meu eterno mantra:

- "Eu não tenho o direito de ficar doente, eu não me permito ficar maluca, eu não vou pirar..."

E assim eu fui me acalmando até dormir de novo. E quando acordei, incrivelmente, tinha descansado o suficiente para dar uma boa aula. Ao menos, eu gostei. E olha que eu sou bem exigente.

Tenho tido os meus maus momentos, de desespero e loucura, e às vezes, me vejo perdida na rua, sem saber pra onde ir, e o pior, nem porquê ir... mas, continuo vivendo. Acreditando na lealdade que tenho aos meus amigos, na fidelidade às minhas crenças e valores, na importância dos meus sonhos, na relevância da família da gente e na vontade de viver e aproveitar os lindos dias de sol de outono no Rio de Janeiro...

O resto é resto...

sábado, maio 14, 2011

O primeiro dia do resto da minha vida

Estranho como, de repente, tudo que você construiu ao longo da vida deixa de fazer sentido. Num momento, estou lá, com o maior cuidado, garimpando peças bonitas e interessantes para decorar a casa, no outro, estou pensando em fazer uma mala com uma muda de roupas e desaparecer.

Hoje de madrugada, por volta das duas da manhã, eu tive a minha primeira e verdadeira crise de pânico da vida (pelo menos foi assim que eu entendi aquilo que eu tive hoje): uma forte dor no externo, um angústia siderada, uma falta de ar louca, um enjôo generalizado, uma dor intensa no corpo inteiro e uma sensação de morte preemente. Eu sentia de maneira muito intensa que eu ia "falir", que não ia dar, que eu não ia conseguir suportar, muito menos gerenciar aquilo.

Racionalmente, quando eu páro para pensar nos motivos que me levaram a ter uma coisa assim, vejo que está tudo, mas TUDO mesmo, muito ERRADO. É como se eu tivesse passado a vida inteira jogando pérolas aos porcos. Ou {traduzindo} oferecendo o melhor de mim a quem nunca esteve preparado para esse melhor... seja na vida pessoal, seja no trabalho, ou em qualquer canto. E olha que ao longo de todo esse tempo, tudo que eu sempre quis foi ter uma vida normal, igual a de todo mundo: ter uma profissão, um trabalho bacana, uma família, filhos correndo pela casa, um jardim e quem sabe até um cachorro.

Hoje, quando eu penso no meu trabalho, eu me lembro lá atrás, com 17 anos, conversando com meu pai que queria fazer arquitetura, projetar casas, fazer design de interiores e paisagismo, e ele me orientou a seguir a carreira de engenheira civil, que eu nunca exerci depois que me formei, porque arquitetura não dava futuro... Tudo teria sido tão diferente, o caminho teria sido outro.

Já começo a pensar na idéia, na vontade de fazer um novo curso, quem sabe uma extensão em Design de Interiores, depois Paisagismo (já que eu tenho o "dedo verde" mesmo...), e então, mudar tudo, sair daquele escritório onde só consegue as coisas quem "baba o ovo" do chefe, quem bajula, muito mais esses dos que os que têm competência. Odeio essa politicagem e quanto mais o tempo passa, mais eu percebo que não tenho tino pra isso.

Então, quem sabe, mudando esse aspecto da minha vida, por que não mudar tudo de uma vez? Repensar os sonhos e viabilizá-los de outros jeitos. A gente não precisa forçar ninguém a nada, mas tenho certeza que tem um monte de gente a fim de embarcar em sonhos parecidos com os meus por aí... eu não preciso estar sozinha nessa, mas posso dar conta deles muito bem SOZINHA se eu quiser. Aliás, basta querer.

Há um tempo atrás, quando eu ainda estava com a outra terapeuta, ela me dizia que, na vida, a gente não pode ter o desejo fraco, que a gente tem que querer mesmo. Quer ter uma família, queira de verdade, quer dar pro vizinho, queira mesmo, quer mudar de emprego, vai lá e mude... (ai, que exemplos, eu nunca quis dar pro vizinho, que fique bem claro)... Mas, o fato é que ela dizia da importância do QUERER... e dizia que tudo na vida era uma questão de planos, que a gente devia fazê-los, mas de preferência, tentar tirá-los do papel, da imaginação, do potencial, do virtual, e torná-los REAIS.

Acho que hoje é o primeiro dia do resto da minha vida. Aguardem novidades.

Deixa eu ir que hoje eu ainda tenho 8 horas de aula para dar. Inté.

quarta-feira, maio 11, 2011

Angústia

Dor no peito. Uma agulha. Duas agulhas. Três agulhas. {nossa, como dá vontade de chorar} Sinal de angústia. Vai passar, já passou, tá passando? {não, continua doendo}. Ai, agora é a minha cabeça que dói. Tudo dói. A jaula {capa} que protege também enclausura. Tenho que me libertar da armadilha que eu mesma criei. Coragem. Angústia. Medo. Desalento.

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Dor no peito. Dor em tudo.

sexta-feira, maio 06, 2011

Silêncios

Ele olhou pra mim e disse: "pelo menos fui eu quem te estendeu a mão e te ajudou a se levantar"... e mais algumas bobagens desnecessárias depois. Eu sublinhei a frase: "você já fez isso umas 5 vezes, nessa nossa curta jornada... obrigada".

(...)

Foi então que ele se calou.

quarta-feira, maio 04, 2011

E no final...


... tudo acabou bem! Aliás, se não acabou bem, é porque ainda não chegou ao final... (já dizia meu orientador de Doutorado)...




"E vejo flores em você" - Ira!, Acústico Mtv

Somatização

Onze da manhã, eu andava pelo quarto do hospital impaciente e uma dor lancinante no peito me consumia. Mas, eu só conseguia pensar: "Você não pode ficar doente, você não pode ficar doente! Afinal, tem tanta gente precisando de você."

Eu sabia, racionalmente falando, que estava somatizando o medo, ou melhor, o pânico que eu estava sentindo com a cirurgia da minha mãe, que estava demorando mais do que eu esperava. É lógico que eu estava confiante, tinha fé que daria tudo certo, que a equipe médica era competente, que ia dar conta do recado, que ela ia voltar bem, mas,..., eu tinha pego um tremendo engarrafamento numa via que tinha tudo pra ser "expressa", e demorado exatos 8 minutos a mais para chegar ao hospital antes dela ser levada para a sala de cirurgia. Acho que estava com medo do "E SE...?", ainda mais porque mamãe sempre falou - com todas as letras - que tinha pavor de anestesia... "E se alguma coisa acontecesse e eu não tivesse conseguido vê-la antes?"

Meia hora depois, meu marido dá a deixa: "Amor, eu acho que eu vou embora, porque eu estou gripado, estou com febre, não dormi direito..." Então tá, a primeira coisa que eu pensei foi: "Esse homem está com febre? Opa, a coisa é séria. Que ir embora que o quê, você está num hospital"... E não deixei ele sair. Depois, enquanto esperava pelo atendimento na emergência, me dei conta de que, com o problema da minha mãe, eu nem tinha olhado pro meu marido hoje de manhã... e fui cuidar dele.

A essas alturas, a dor no peito já tinha passado, pois eu tinha que estar alerta, para cuidar da minha mãe, do meu marido com suspeita de dengue (pois é, foi a primeira coisa que a médica aventou...), do meu pai, que estava tão nervoso quanto eu, mas estava tentando se segurar, enfim, de todos, porque eu sou a "Mulher Maravilha" !!!!

O dia passa, a gente se espreme entre as dezenas de pessoas que aguardam atendimento na emergência do Barra D'Or e, ao final do expediente (das 8 às 5, ficamos por lá), saímos do hospital sem um diagnóstico conclusivo, e o marido com febre (mínimo de 38,5 oC). Ainda...

Na yoga, vem o resultado de tanta tensão: TUDO DÓI... Assim como na acupuntura desta semana, em que todas as agulhas me doeram terrivelmente, todas as posturas de hoje foram torturantes, eu fiz um esforço hercúleo para terminar tudo direitinho, e o professor ainda me fez uma cara de interrogação no final... "Ah, professor, foi a minha lombar que doeu muito, você sabe, 8 horas de sala de emergência no hospital, não dá pra não ficar quebrada"... no que ele retruca: "Você tem que ter disciplina, se são 8 horas numa cadeira desconfortável, são 8 horas sem encostar nessa cadeira, são 8 horas em posição de asana..."

Hã? Hellooooooooo.... como assim?

A minha mãe recém-operada, meu marido reclamando de febre e dor no corpo, meu pai murchinho de dar dó, eu com dor no peito e ainda tenho que ser disciplinada?

Se a coluna dói, é porque a gente tem essa mania de carregar o mundo nas costas. E uma grande lição que eu aprendi é que tudo que você faz com muita iniciativa para todo mundo, se é algo que se repete por muito tempo, acaba virando obrigação, ou seja, acaba sendo o seu defaut, aquilo que todos esperam de você, pois, aliás, nem requer muito esforço seu pra fazer, não é mesmo?

Ai, como esse mundo moderno nos cobra perfeição, não?

quinta-feira, abril 28, 2011

Um amor maluco...

“What did it feel like, I wondered, to love someone that much? So much that you couldn’t even control yourself when they came close, as if you might just break free of whatever was holding you and throw yourself at them with enough force to easily overwhelm you both.”
— Sarah Dessen (This Lullaby)

Amo a Giraflô...

quarta-feira, abril 27, 2011

Uma verdade

“There’s always going to be bad stuff out there. But here’s the amazing thing — light trumps darkness, every time. You stick a candle into the dark, but you can’t stick the dark into the light.”
— Jodi Picoult (Change of Heart)

Um pouco de força e fé não faz mal a ninguém!

Para mim mesma...



domingo, abril 24, 2011

Minha casa

Tem coisas que a gente tem orgulho de mostrar. Eu gosto muito da minha casa, e depois de tanto tempo de casada, estou trabalhando para melhorá-la ainda mais, torná-la mais aconchegante.

Eu queria mostrar alguns detalhes dela, dos quais eu me orgulho. O primeiro deles é a porta da minha geladeira...



Esses ímãs de geladeira mostram por onde nós temos andado. Cada um deles representa um lugar. Ah, alguns também foram presentes de amigos que foram e lembraram de nós (como a lhama do Peru, por exemplo, lugar que ainda queremos muito conhecer)... Todos têm uma história e trazem uma gostosa recordação.



Esse ímã traz uma frase incrível, com a qual eu me identifiquei muito... "O primeiro sentimento de quem está de dieta é o de revolta. Dá vontade de acabar com tudo, a começar pelo que tem na geladeira."... Nossa, como eu me identifico com isso!!!

Essa outra imagem mostra a minha estante. Combina minha paixão por canecas com minha paixão por lápis e canetinhas coloridas. Ah, e a minha paixão por livros, ora bolas! A propósito, eu me fartei nas papelarias de Berlim!


Pra finalizar, estou melhorando a minha varanda. Já compramos um banco de madeira, importado diretamente de Tiradentes (MG), que nós envernizamos para ficar na cor que queríamos, e colocamos os futons e almofadas, para ele ficar bem confortável. A planta ao lado veio da CADEG, está cada vez mais amarela! O quadrinho que imita uma bromélia veio de Petrópolis, e é engraçado, volta-e-meia um beija-flor aparece para tentar buscar nectar na flor-imitação!


A almofada do meio é da Besi, as das pontas são produção da minha mãe, com tecidos que compramos no Pólo de Malha do Rio Comprido, os futons lilazes são da Toc&Stok e as almofadas-futons verdes são da Stilo Asia.

Finalmente, meu altarzinho pra Budha. Com uma luminária e um porta-incensos, não quero mais nada nessa vida... Se você quer montar um, visite a Balisun.

Ler o jornal nessa varanda está cada vez mais gostoso, meu programinha de domingo!

sábado, abril 23, 2011

Songs for Japan

Nesta quinta-feira do Feriadão, eu e maridão fomos almoçar no Bazzar, delicioso restaurante dentro da Livraria da Travessa no Shopping Leblon. E, por causa disso, mais uma vez eu - e minha compulsiva mania de comprar livros, livros e mais livros - fiz uma comprinha-básica na livraria.

Na hora de pagar, passei a mão num CD duplo, com músicas de diversos artistas, em prol do Japão. Se chama "Songs for Japan" e é da Sony Music.

Ao preço de R$ 9,90, tem a renda 100% destinada às vítimas do terremoto-tsunami-acidente nuclear no Japão. As músicas são legais, olha só:

* John Lennon - Imagine
* U2 - Walk on

* Bob Dylan - Shelter From the Storm
* Red Hot Chili Peppers - Around the World (ao vivo)

* Lady Gaga - Born This Way (Starsmith remix)
* Beyonce - Irreplaceable

* Bruno Mars - Talking to the Moon (versão acústica)
* Katy Perry - Firework

* Rihanna - Only Girl (In the World)
* Justin Timberlake - Like I Love You

* Madonna - Miles Away (ao vivo)
* David Guetta - When Love Takes Over (com Kelly Rowland)

* Eminem - Love The Way You Lie (com Rihanna)
* Bruce Springsteen - Human Touch

* Josh Groban - Awake (ao vivo)
* Keith Urban - 'Better Life

* The Black Eyed Peas - One Tribe
* P!nk - Sober

* Cee Lo Green - It's OK
* Lady Antebellum - I Run to You

* Bon Jovi - What Do You Got?
* Foo Fighters - My Hero

* R.E.M. - Man on the Moon (ao vivo)
* Nicki Minaj - Save me

* Sade - By your Side
* Michael Buble - Hold on (radio mix)

* Justin Bieber - Pray (acústico)
* Adele - Make You Feel my Love

* Enya - If I Could Be Where You Are
* Elton John - Don't Let the Sun Go Down on me

* John Mayer - Waiting On the World to Change
* Queen - Teo Torriatte (Let Us Cling Together)

* Kings of Leon - Use Somebody
* Sting, Steven Mercurio & The Royal Philharmonic Orchestra - Fragile (ao vivo em Berlim)

* Leona Lewis - Better in Time
* Ne-Yo - One in a Million

* Shakira - Whenever Wherever
* Norah Jones - Sunrise


Se você puder ajudar, compra um também. Dá pra alguém de presente, caso esse não seja o seu tipo de música preferido.

Agora, vamos combinar, bem que a gente podia ter se organizado aqui no Brasil para fazer algo parecido para as vítimas de tantos "acidentes naturais" que já aconteceram esse ano, né?

quinta-feira, abril 21, 2011

Resoluções de outono

Foto: Abdalla Naas, Flickr.

Começou o outono. Dentro da minha perspectiva de "estar gordinha" e não de "ser gordinha", coloquei uma malha de ginástica, logo de manhã, com meu tênis mais confortável, meus óculos mais escuros, um bom boné de aba grande e fui caminhar.

Da temporada na Europa no ano passado, tirei minha maior lição: caminhar realmente emagrece. Precisamente, 8 kg em 35 dias (que eu já recuperei uma parte, infelizmente). Como a gente só andava a pé, de metrô, ou de bonde, e ainda tinha que subir os 4 andares de escada do prédio velhinho em que estávamos em Bermim (21 dias), a perna voltou dura, condicionada. Minha massagista que o diga.

Bom, mas voltando ao dia de hoje, era uma incrível manhã de outono, sem uma nuvem no céu. Salvo os mal educados que andam de bicicleta e motocicleta nas calçadas e os malucos que não respeitam o sinal vermelho às dez e meia da manhã, o dia estava perfeito. Lindo, agradável, com uma temperatura ideal, nem muito quente, nem muito fresco.

Um beija-flor já havia me dito isso logo pela manhã, ao pousar nos galhos do bouganville rosa que enfeita minha varanda. Enquanto eu tomava meu café da manhã, podia apreciar os primeiros raios de sol a bater na janela e nas folhas das plantas e a desenvoltura do pequeno pássaro a me dizer "bom dia".

A natureza estava realmente em festa. Por todo lado que andei, vi árvores e arbustos floridos, pessoas nas ruas, apesar do comércio fechado do feriado, crianças brincando e aproveitando o dia de sol. Uma delas aprendia a andar de bicicleta e eu subitamente me remeti aos meus dez anos de idade, quando encarei esse desafio... andar de bicicleta é tão bom!

Pude contemplar as borboletas e os besouros aproveitando-se das flores abertas. Essa semana, por acaso, aprendi que as borboletas só voam em dias de sol.

Enfim, um dia que começou bem, melhor ainda por ter conseguido deixar meus pensamentos nervosos a angustiados em casa, e sair leve para a rua. Mais algumas manhãs como essa, e eu terei um saldo super positivo no final do ano, sem nem lembrar o quão dura é a vida.

______________________

Enquanto isso, minha irmã chorava a dor da perda de uma amiga num acidente de ônibus em Ubatuba. Ao que parece, o motorista tentou desviar de um carro que fazia uma ultrapassagem em local proibido (uma curva, acreditam?) e perdeu o controle do ônibus, que capotou. Três pessoas morreram, mais de 40 feridos. O mundo está mesmo cheio de canalhas.

Ser x Estar - dramas de uma mulher contemporânea

Ai, eu não quero levantar não!
Esse negócio de malhar é muito chato!



Eu sempre fui magra. 51 kg distribuídos em 1,74 m. As rótulas dos meus joelhos saltavam das minhas pernas, "carinhosamente" chamadas pelos mais próximos de "gambitos". Meus braços eram muito magros e eu me achava estranha quando me olhava no espelho.

Por causa de uma anemia crônica, diagnosticada pelos médicos quando eu tinha 7 anos, sempre que mamãe levava a qualquer médico e dava essa informação, ouvia a mesma recomendação: fazer poucos exercícios físicos, nada de musculação.

A musculação, a partir dos 14 anos, teria resolvido muita coisa, mas, não deu. Se ao menos eu tivesse conseguido manter o corpo em movimento ininterruptamente, com disciplina, tudo tinha se resolvido por si só. Eu teria ganhado "corpo"(massa muscular) com o tempo, na medida certa.

Lembro que fiz um pouco de balé na escola, jazz, natação, volei, futebol de salão, mas nada por muito tempo. Bem, a natação eu fiz por mais tempo, ainda adolescente, quando aprendi a nadar e depois mais velha, já namorando o meu marido. Mas, não foi tempo suficiente para me transformar em uma desportista.

Eu sempre quis ter um corpão, para me olhar no espelho e gostar do que via. Isso aconteceu por volta dos 25 anos, quando então eu comecei a comer demais, a tomar comprimidos de levedo de cerveja, a ingerir bombas calóricas no meio da tarde (duas bananas com meia lata de leite condensado, por exemplo) e, assim, achava que estava fazendo a coisa certa. Qual o quê.

Depois de muito tempo de engorda, hoje sou uma pessoa pesada, com um sobrepeso considerável. A gente se acostuma a comer muito, é fato. Como a maioria das mulheres, a gordura se concentra na barriga, nos quadris e nos glúteos. Ao contrário do que possa parecer, hoje eu já consigo me sentir até bem com essa minha nova figura, mas tenho saudades do tempo em que todas as roupas que eu usava me caíam bem.

Hoje, sou uma pessoa que pode comprar o que quer - demorei quase 40 anos para isso. Mas, ao contrário do que eu gostaria, é muito mais difícil lidar com sobrepeso sendo uma pessoa relativamente alta. O que me angustia é em que todos os lugares que vendem roupas com uma modelagem que me serve, a moda é para mulheres que estão, pelo menos, uma geração a frente da minha, o que me faz ter que pensar sempre ao comprar uma roupa: "essa roupa me envelhece?"

Essa semana, minha terapeuta me perguntou como eu me sinto em relação a isso. Confessei a ela que me sinto muito, muito triste, chateada mesmo. E, ao que parece, as luzes das cabines de provadores são luzes da verdade: mesmo que você não se veja gorda, aquelas luzes te darão 10 kg a mais.

Esse sobrepeso foi resultado da Síndrome do Mestrado/Doutorado: uma combinação de sedentarismo com solidão. Fazer um Doutorado em seguida a um Mestrado, com uma terrível crença de que não há tempo para nada além de estudar e produzir artigos e monografias, num isolamento de amigos e familiares, gera isso. Mas, de fato, ninguém precisa prescindir de uma vida normal para realizar uma empreitada dessas. Essa solidão foi algo que me impus inadvertidamente. Não é preciso buscar isolamento nem trocar festas familiares para ficar debruçada sobre os livros. Amigos, lembrem-se disso sempre.

Se a gente acaba o dia lendo, lendo, lendo, na companhia de um pacote de biscoitos, e uma garrafa de refrigerante, a tendência é essa mesmo, ENGORDAR!

Perder peso é algo que requer um esforço sobrenatural. Difícil, complicado e nada agradável. Precisa gastar energia, malhar, andar, se exercitar... afe! Cansa! Só de pensar, dá preguiça de sair da cama...

Ainda mais quando se ama os bolos, os pudins, os biscoitos recheados, os chocolates, os sorvetes... Amo mesmo, confesso. Tenho que fugir deles, não comprar. Chego a sentir água na boca quando passo pela banquinha em frente a minha empresa, mas tento não passar por lá, ou se passo, não páro.

E o que me resta agora é perseverança pra entrar na linha, pra retomar algo que chamam por aí de auto-estima. Porque eu posso ESTAR gordinha, mas não quero SER gordinha... isso é meta de futuro (médio, longo prazo, quem sabe?). Com vontade, determinação e fé.

Porque a luz no fim do túnel não é a de um trem vindo na minha direção.

terça-feira, abril 19, 2011

Áreas abandonadas no Japão


Essa foto aí em cima me impressionou. Ela foi tirada recentemente, em Odaka, pelo fotógrafo David Guttenfelder, e mostra um gatinho abandonado numa localidade deserta, onde só entram os policiais a procura de corpos de vítimas do tsunami e até da radiação, por que não? A cidade está naquele raio de evacuação da usina nuclear de Fukushima.

E daí que esqueceram o gatinho dentro de casa? E daí que ele ainda está vivo?

TADINHO!!!!

Ai, agora não vou conseguir dormir pensando nisso...

domingo, abril 17, 2011

Facebook

Quando eu criei a conta do Facebook, gostava demais da interface do Orkut e acabei achando que não ia conseguir usar minha conta nunca...

Com o tempo, fui experimentando e virando fã. Adoro o FB. Acabei abandonando o Orkut, até porque, ao que parece, todo mundo migrou...

Só que, junto com a minha familiaridade com o FB, fui deixando os blogs de lado. Não que eu não tenha mais assunto, não é isso. Mas, com a vida corrida e a quantidade de coisas que eu tenho pra fazer durante a semana, quase nào me sobra mais tempo para vir aqui.

Eu até quero retomar o blog, mostrar pra vocês as coisas que eu ando descobrindo, o que eu ando fazendo... mas, não tenho tido tempo, juro!

E com as facilidades do FB, eu tenho andado mais por lá, é quase a minha página inicial, se ele fosse acessível do trabalho, seria.

Assim que eu puder, coloco o papo em dia, combinado?

quinta-feira, março 31, 2011

Em aula...out of the office

Esta semana, estou em aula. Depois de anos, estou uma semana, de oito às cinco, em sala de aula, naquele esquema professor-falando-da-transparência-e-aluno-assistindo-passivo-e-bocejando.

Quando contei pro maridão que ia ficar fora do escritório uma semana, ele disse: "ai, que solidão boa"...

Eu me assustei hoje ao constatar que não haviam e-mails de trabalho solicitando nada, que ninguém ligou perguntando sobre algum detalhe de um projeto, que as pessoas não estão sequer se falando... depois ninguém sabe porque nosso resultado do clima organizacional está tão ruim!

Tudo bem, trabalho numa empresa controlada pelo Governo, e estamos em plena fase de transição, ninguém está se movimentando, ninguém está fazendo mesmo muita coisa. Mas, acho que assim já é demais... esse marasmo é assustador.

Antigamente, meu celular não parava... agora, ele emudeceu. E eu estou começando a ficar preocupada...

domingo, março 13, 2011

Be yourself is all that you can do...

Be Yourself
Audioslave

Someone falls to pieces
Sleeping all alone
Someone kills the pain
Spinning in the silence
She finally drifts away

Someone gets excited
In a chapel-yard
and catches a bouquet
Another lays a dozen
white roses on a grave
Yeah

[Chorus]
And to be yourself is all that you can do
Hey
To be yourself is all that you can do

Someone finds salvation in everyone
Another only pain
Someone tries to hide himself
Down inside himself he prays

Someone swears his true love
Until the end of time
Another runs away
Separate or united
Healthy or insane

[Chorus]
And be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can do
All that you can do
Be yourself is all that you can do

Even when you've paid enough
Been put upon or been held up
Every single memory of the good or bad
Faces of Luck
Don't lose any sleep tonight
I'm sure everything will end up alright
You may win or lose

[Chorus]
but be yourself is all that you can do
Yeah
To be yourself is all that you can do
Oh
To be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can
Be yourself is all that you can
Be yourself is all that you can do


segunda-feira, março 07, 2011

Sem...

Abriu a torneira e ficou observando a água escorrer pela pia. Fria.
Tirou uma tesoura da gaveta e checou seu fio. Estava bom.
Segurou uma mecha de cabelo. Cortou. Depois outra. E mais outra.
Observou com calma sua transformação.
Não queria mais nada.
Nem a moldura do rosto.
Usou uma loção adstringente para limpar o rosto.
Nada, nem impurezas da rua.
Tirou os óculos e os colocou sob os pés, a estraçalhar suas lentes.
Não precisava mais de nitidez.
Pra quê enxergar?
Despiu-se das roupas que trazia no corpo e olhou pra ele.
Contou uma, duas, três, várias cicatrizes.
Quantas vezes lutou pela vida?
Achava que tinha algo maior pra fazer...
Que nada!
Lembrou-se de ter lido que a medida de sua importância é proporcional ao quanto se lembram de você depois que você se vai... Dez anos é um bom número.
Nos tempos de hoje, dez minutos é um bom número.
Questionou-se do quanto já quis ser lembrada e do quanto desejava hoje ser esquecida.
Olhou praquela mulher no espelho e viu a menina que brincava com os primos de bola de gude, pique e outras artes.
Era outra mulher.
Sem vaidade, sem medo, sem...

domingo, março 06, 2011

Fita vermelha

I
Ela amarrou a fita vermelha nos cabelos, passou o batom, também vermelho, e saiu pela rua, no meio do bloco.

Estava exultante, orgulhosa de sua fantasia, planejada e confeccionada por ela mesma, em janeiro. Nunca tinha se permitido brincar o carnaval de rua, nunca tinha se dado o direito de "construir e viver uma fantasia".

Estava cansada de tanta caretice, queria matar as saudades de um tempo que não tinha vivido e que só conhecia pelas revistas e pela televisão.

Olhando as pessoas que estavam curtindo a festa, dentro e fora do bloco, fantasiadas ou não, ela viu, pela primeira vez, a alegria estampada, viu um sopro de felicidade nunca visto outrora. Seus cabelos rubros, cacheados, amarrados na fita vermelha compunham uma pintura com sua fantasia, e ela emanava paixão: pelos outros, por si mesma e pela vida!

As velhas marchinhas de carnaval, todas cantadas de cór, serviam de trilha sonora para aquele momento mágico, um pano de fundo para um sonho de liberdade...nem que este sonho durasse apenas os quatro dias de carnaval e se acabasse na quarta-feira de cinzas.

Pulando com o povo no bloco, sentia aquela alegria invadindo-lhe o peito, tornando-a leve, fazendo com que ela esquecesse os problemas da vida. Tanto tempo perdido...

II
Olhando nos olhos dos homens, sentia de novo o desejo surgindo, sentia que estava viva. Sentia-se bonita, tão saudável, tão cheia de amor. Há muito sentia-se cansada, mas naquele dia, estava disposta, havia se encontrado...

No meio da multidão, avistou um antigo amor, Marcos. Pensou que não poderia ser verdade, pois já não o via há mais de quinze anos. Arriscou chamá-lo, mesmo com todo aquele barulho:
- Marcos! Marcos!

Ele ouviu sua voz e abriu-lhe um sorriso escancarado, fitando-a nos olhos como fazia quando eram namorados. De braços abertos, pulando ao som da marchinha, ele caminhou em sua direção, enquanto ela tentava vencer a multidão (que insistia em estar ali se divertindo) e chegar onde ele estava.

III
O Marcos que ela conheceu era um homem alto, forte, corpulento, de cabelos negros e espessos. Hoje, havia se transformado num homem bonito, porém já meio grisalho, mas ainda era o homem mais cheiroso da face da Terra...

- Luísa, quanto tempo! Dá aqui um abraço!

- Ô, Marcos! Por que a gente ficou tanto tempo sem se ver!?

Num primeiro momento, eram bons amigos que se encontravam depois de anos. Um abraço, depois outro abraço...

- Vamos tomar um choppinho, para matar as saudades!

- Como nos velhos tempos? Vamos! Você está sozinho?

Isso fazia mesmo diferença? Sentaram-se num barzinho que margeava a rua e pediram dois choppinhos bem gelados. O papo se seguiu enquanto o bloco passava. Como a música era altíssima, tinham necessidade de cochichar nos ouvidos, de falar bem pertinho, encostando os rostos. Ela foi sentindo uma saudade dele, do seu toque, do seu cheiro...ainda usava o mesmo perfume...

Ele sentia o mesmo, o coração chegou a disparar algumas vezes. Não sabia se era ela ou uma sensação de voltar a ser adolescente. O fato é que seus cabelos, seu hálito, seu toque, o estavam remetendo a uma época de sua vida em que ele era livre, feliz, inconsequente até!

IV
De repente, um desejo louco por um outro abraço acometeu os dois...e do abraço veio a vontade de um beijo... e eles ficaram se perguntando por que mesmo o namoro deles tinha acabado...
E depois daquele beijo, veio outro beijo, e mais outro, e mais outro...

Ah, que carnaval! Bendita fita vermelha no cabelo da Luísa! Bendito batom...que sabor de cereja! Bendita cerveja gelada, deixando as pessoas mais descontraídas, mais à vontade!

Como eles estavam próximos da casa da Luísa, resolveram continuar o papo por lá, mais reservados, sem a presença daquele mundo de gente jogando confete e serpentina nos pierrôs e colombinas perdidos na tarde festiva...

Marcos havia ficado tão bom com o tempo, tão habilidoso com as mãos! Luísa, por sua vez, sabia o que queria, conhecia melhor o seu corpo e o seu desejo. A saudade era muito grande: o amor começou na sala, estendeu-se pelo quarto, pela cozinha, no banho gelado, e terminou numa noite estrelada, com o casal caminhando pelas ruas da cidade de mãos dadas.

V
Quando finalmente Marcos deixou Luísa de volta em casa, já no raiar do dia, um olhou bem fundo nos olhos do outro, e ambos agradeceram pelas noites vividas e revividas naquele encontro. Sem precisar de um acordo, resolveram não trocar telefones. Se o destino assim o quizesse, Marcos saberia como encontrar Luísa, como voltar àquela casa, como retomar aquele amor.

E, depois de um sono tranquilo e abençoado, foi hora da Luísa trocar de fantasia e se preparar para outro bloco, outra aventura, outro dia feliz de carnaval.

_________________
Publicado neste blog em outubro de 2006.

quarta-feira, março 02, 2011

Mário Quintana, lindo...

Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... Uma fita... Dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola. Vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando... Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah, então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Fechada para balanço

Parou no boteco, escolheu uma mesa perto da entrada e sentou-se, displicientemente. Pediu uma dose de gim tônica, acendeu um cigarro que pousou delicadamente no pequeno cinzeiro nadir figueiredo trazido pelo garçom e que deixou queimar, e se perdeu numa desconstrução detalhada de sonhos e misérias pessoais.

De tempos em tempos, dava crédito à paisagem da Lapa, ao quadro movimentado de pessoas indo e vindo em pleno entardecer. Mas, era no balanço de sua vida que ela se entretinha, nas conquistas, nas perdas, nos aprendizados, nas escolhas... "E se?" era algo que ela não se permitia perguntar, mesmo sabendo no fundo de seu coração que havia um tempo em que tudo era mais fácil.

Tinha se tornado a pessoa mais segura e forte do mundo, aquela que os amigos admiravam e em quem se apoiavam, só que estava em frangalhos, em pedaços, catando os caquinhos e tentando tornar a ser aquela que, em essência, vinha tentando esconder nos recônditos de sua alma, intacta ao longo do caminho. "Quem sou eu agora?", ela se perguntava sem saber a resposta, enquanto tomava um gole, dava um trago comprido no cigarro e observava um casal a trocar juras de um amor bandido na mesa do lado. "Um dos dois é casado", ela concluiu pela conversa, descrente das pessoas e das relações humanas que estava.

"Por que tudo é tão difícil? Por que sempre queremos o que não podemos ter? É esse destino traçado, é aquilo que pedimos quando estamos chegando neste plano, tudo aquilo que devemos resgatar e aprender e, ainda assim, sofremos, nos desesperamos e não aceitamos uma dor que nós mesmos nos impomos... Desse livre arbítrio que temos, algumas decisões podem ser impensadas, são inaceitáveis pela maioria mas, de qualquer modo, são só nossas, e nós é que vamos prestar contas delas no final..."

O garçom, que observava aquela mulher a tocar a borda do copo com o dedo indicador, apoiando a cabeça em sua mão esquerda, ofereceu mais uma dose, que ela aceitou mas não bebeu.

O tempo passou e só Carolina não viu. Os últimos anos foram tão intensos. Tudo o que ela ganhou, tudo o que ela perdeu... no balanço, o saldo era positivo. Deitou a cabeça em trilhos algumas vezes, a esperar intensamente que um trem viesse de algum canto e pusesse um fim naquilo tudo, mas acabou por se surpreender com uma força inexplicável que havia dentro dela e que ela não sabia existir.

Ainda espera o milagre que a fará mãe, que lhe permitirá exercer a dádiva de ser mãe, de cuidar de um filho ou filha, de vê-lo crescer, aprender a falar, a andar, ouví-lo chamá-la de mãe, vê-lo brincar com os avós, gritar de fome, pedir para segurar a sua mão à noite... Ainda se sente patética por ter que explicar aos outros esse desejo, àqueles que acham que ela devia simplesmente aceitar a sua "incapacidade de gerar". Não, mesmo que seja destino, uma peça do acaso, ela não vai desistir...

"Em algum lugar, no fim do arco-íris, deve haver um pote de ouro onde eu vá, enfim, encontrar a minha criança..."

Sentiu as lágrimas escorrerem pelo seu rosto frágil e marcado de mulher madura e, como acredita que isso não combina com o espírito alegre e juvenil da noite carioca, pagou a conta e saiu.

domingo, fevereiro 20, 2011

Quatro estações

"O verão é um senhor gordo sentado na varanda e reclamando cerveja.
O inverno é um vovozinho tiritante.
O outono, um tio solteirão.
A primavera, em compensação, é uma menina pulando na corda".
Mário Quintana
Para viver com poesia
Ah, primavera, chega logo!

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Coisas que eu amo...

Pois é, né, gente, eu sou normal, amo e odeio com a mesma intensidade. E amo um monte de coisas...

1) Carinho dos amigos;

2) Me permitir um picolé na hora do almoço, no calor escaldante do verão;

3) Ir à praia e ficar olhando o mar (praia vazia, de preferência);

4) Feijão - arroz - bife - batata-frita;

5) Dormir à tarde sem hora pra acordar;

6) Escurinho do cinema bem agarradinho ao meu amor;

7) Um carinho do homem que eu amo;

8) Chinelos, amo chinelos, tenho muitos!

9) Livros de ficção;

10) Trabalho desafiador;

11) Viajar, e descobrir novos lugares, cheiros e paladares;

12) Sentir que tem alguém pra cuidar de mim um pouquinho de vez em quando.

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Coisas que eu odeio...

As coisas que eu mais odeio na vida são:

1) Lidar com os que vêem qualquer coisa na tua mão (biscoito, jornal, revista...) e já vão logo dizendo: "eu quero"!

2) Aqueles caras que remexem o lixo na rua e deixam tudo sujo e fedorento, sem se importar com o trabalho dos lixeiros que têm que recolher tudo depois.

3) Suvaco molhado e fedido encostando em você no metrô lotado.

4) Banheiro de academia cheio de pelos, molhado, bagunçado.

5) Pia cheia de louça suja de manhã cedo (sou eu que lavo, né?).

6) Passar roupa nesse calor escaldante de verão.

7) Chegar em casa louca por um banho gelado e a água (que deveria ser fria) cair morna do chuveiro (porque a caixa d'água ficou no sol o dia inteiro).

8) Pergunta muito óbvia.

9) Demanda obscena de trabalho (seja por um prazo muito impossível, ou por um escopo muito irreal).

10) Gente impaciente no trânsito, gente molenga no trânsito, gente abusada no trânsito.

11) Gente que não entende "meias palavras".

12) Gente que tenta me fazer de otária.

E você?

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

A "forte"

A "forte" estava com dor no peito hoje. Chegou na acupuntura e sofreu quando a terapeuta cravou a agulha no chacra do plexo solar. Tudo nela é angústia e ansiedade. Aos poucos, a dor foi se dissipando...

Dos colegas que a viram hoje, apenas um lhe segurou a mão, e depois lhe deu um abraço apertado. Os demais, como sempre, pediram à "forte" um sorriso, nem que breve. Pediram também um conselho, ou dois. Uma sugestão. Ela foi serena, plausível, racional, engraçada, e encantadora como faz todos os dias. Usou todas as máscaras que dispõe... algumas já tão incorporadas ao seu dia-a-dia, que ela já nem lembra mais como é ser ela mesma. Mas, ela é a "forte", e veio à este mundo para apoiar, suportar, dar força, oferecer um ombro amigo, dar coragem, ela não desiste nunca.

Quando à tarde lhe ofereceram um carinho, ela ficou emocionada só pela oferta...

Foi pra ela uma benção chegar em casa e encontrar um ramalhete de flores de sua irmã. O bilhetinho dizia assim:

"
Minha irmã,
pode não ter sido agora, mas vai acontecer!
Lembre-se: tudo, tudo, tudo vai dar pé.
Estou na torcida!
Amo você. Beijos".


Obrigada, minha irmã. Eu também te amo.

Baile de máscaras...

This Masquerade
George Benson

Are we really happy here
With this lonely game we play
Looking for words to say
Searching but not finding
understanding anywhere
We're lost in a masquerade

Both afraid to say we're just to far away
From being close together from the start
We tried to talk it over but the words got in the way
We're lost inside this lonely game we play

Thoughts of leaving disappear
Every time I see your face
No matter how hard I try
To understand the reasons
Why we carry on this way
We're lost in a masquerade


you are destined for me


domingo, fevereiro 06, 2011

Passado, presente e futuro

"Não se vive no presente. E é daí que vem os nossos problemas. Vivemos, na maior parte do tempo, em alguma saliência do passado. O hoje não existe na realidade. E o amanhã desaparece antes mesmo de nascer".

Martin Page
A gente se acostuma com o fim do mundo, 2007


Quanto mais eu leio os livros do Page, mais eu me identifico com eles. Ele escreve ficção de uma forma peculiar, como se estivesse traduzindo, nos seus livros pra lá de melancólicos, a agonia de toda uma geração, a minha. É uma geração que sofre, que complica as coisas, que enxerga as coisas simples da forma mais complexa que pode haver, antes mesmo que elas comecem a existir.

O futuro é algo que depende profundamente da nossa imaginação, do que queremos pra nós. Acho que, pra ajudar, precisamos ter fé. Fé em alguma coisa. Tá bom, a gente pode até não acreditar em Deus, mas, precisamos ao menos, acreditar em nós mesmos.

O mais complicado é que a gente tem a mania de se apegar a algo, a Deus, a uma religião, ou a qualquer coisa, quando está tudo muito ruim. Daí a gente se queixa, se sente infeliz, fica com uma tremenda pena de nós mesmos, acha que Deus nos abandonou, enfim... Como a gente se esquece de agradecer por todas as oportunidades que temos todos os dias... chance de acordar, chance de andar, chance de ir ao banheiro sozinho, facilidade pra comer, ter comida na geladeira, grana no banco, até dívida pra pagar (com capacidade de pagá-las), emprego, trabalho, saúde...

Este ano, eu decidi que seria o meu ano da virada, que eu ia conseguir realizar um grande sonho. Não vai ser tão fácil como pareceu no início, mas eu estou firme, só me dou por vencida depois que ele se realizar. Depois do primeiro revés, eu fui lá conversar com Ele, na casa dEle, pra pedir a ele que me permita compreender as lições dessa vida, que me dê serenidade pra aceitar o que eu não compreendo, e que me dê perseverança para continuar tentando, que me permita essa benção. Mas, eu fui prioritariamente, agradecer a oportunidade de tentar, porque eu sei que tem gente que nem essa chance tem.

Quando eu olho pro passado, e penso no que eu poderia ter feito melhor, vejo que a maior dificuldade é lidar com a culpa, uma culpa que não necessariamente é minha. Às vezes, a gente faz escolhas que mudam o nosso destino, e foi isso que eu fiz. Posterguei tudo que eu podia na minha vida pessoal para dar espaço para a vida profissional, e agora tive que dar às costas pra tudo que eu construí em prol desse sonho. Mas, sei que tenho que aceitar essas escolhas, sem transformá-las em culpa, porque essas escolhas me trouxeram coisas muito, mas muito boas...

Esse potencial de futuro, a gente que constrói. Feliz ou não, alegre ou não, são as nossas escolhas nesse hoje que não é real, que vão construir o futuro potencial, o futuro virtual que a gente imagina. Por isso que o segredo daquele livro, aquele que ficou famoso, é pensar positivo. Porque...




"...você tem que ter cuidado com o que deseja. Pode acabar por conseguir".