quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Carnaval trabalhando



Esse Carnaval foi o finalzinho das minhas férias. E eu tirei os dias de folia para me mudar. Mudar tem um significado interessante.

v.t. Remover, pôr em outro lugar, deslocar.
Alterar, modificar, transformar, converter.
Trocar, substituir.
V.i. e v.pr. Transferir a residência, trocar de domicílio.

Estou me sentindo muito assim. Como quem se transforma, se converte em outra coisa, sai do casulo, deixa de ser lagarta e vira borboleta. Como quem vai para o lugar onde tudo faz sentido, como se onde eu estivesse não fora mais meu porto seguro há muito tempo.

E assim como quem se transforma jamais fica igual, eu também tenho ganas de não levar nada comigo, nada que represente o meu passado mal passado, cozido e ensopado. Não consigo arrumar minhas roupas e quando tento, fico tentada a separar tudo para doação. Não sei o que está acontecendo comigo. Mas tenho que levá-las, não é mesmo? Pelo menos, parte dela...

Não é falta de espaço, muito pelo contrário. Mas, é como se eu não quisesse levar nada do que eu tenho comigo, nada do que eu fui, nada do que eu construí. Dá vontade de rasgar o caderno da vida, e começar tudo novo... de novo...

Por isso, escolhi esta música do Moska, que eu amo tanto, para ilustrar o post de hoje. Vamos começar? Hoje tem um sol diferente no céu...

Música do dia: "Tudo novo de novo" - Moska

terça-feira, fevereiro 21, 2012

É Carnaval! Abram alas!


Desde que vi a minissérie sobre a Chiquinha Gonzaga, fiquei impressionada com a história dela. Que mulher valente e inteligente, pois sabia usar sua valentia de todos os jeitos possíveis, mas sem apelar para a força.

Eu sei que Chiquinha gostaria de ser mais lembrada por suas músicas, mas essa é realmente famosíssima!

Ó Abre Alas
Chiquinha Gonzaga

Ó abre alas
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar

Eu sou da Lira
Não posso negar
Eu sou da Lira
Não posso negar

Ó abre alas
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar

Rosa de Ouro
É que vai ganhar
Rosa de Ouro
É que vai ganhar.

Até mudando um pouco o ritmo da música, ela é uma graça. Viva o Zé Renato!

É Carnaval! Mas, que calor!

Alá-la-ô ô ô
Nássara

Alá-la-ô ô ô,
mas que calor ô ô.
Atravessando o deserto do Saara,
o sol estava quente
e queimou a nossa cara,
Alá-la-ô ô ô.

Viemos do Egito
e muitas vezes nós tivemos que rezar:
Alá, Alá Alá,
Meu bom Alá,
mande água para ioiô,
mande água para iaiá,
Alá, meu bom Alá...


Diz Nássara em entrevista: Eu tinha ido à RCA Victor e o chefe, Mr. Evans, me disse que era preciso adiantar a gravação do Alá-la-ô. Quem fazia as orquestrações para a RCA, na época, era o Pixinguinha. Levei a partitura para o imortal Pixinguinha, que residia na rua Chichorro, 84, em Catumbi. Sabe como é o Catumbi, ao meio-dia no verão? O sol chega a furar o asfalto. Encontrei o Pixinguinha de cuecas, no piano, suando por todo lado e mostrei-lhe Alá-la-ô juntamente com uma parte, já pronta par ao piano. Apesar de bastante atolado com inúmeros trabalhos, Pixinguinha mandou eu cantar e leu a melodia. Falou-me: Nássara, tudo errado! E rasgou a parte feita para o piano cuja linha melódica não caía perfeitamente. Chamou sua mulher, Geny, e disse: Traga papel de música. Escreveu novamente toda a melodia e fez o arranjo que todos conhecem. No dia da gravação eu e Carlos Galhardo ficamos estarrecidos, Pixinguinha tinha dividido a melodia em compassos marcantes, saltitantes, brejeiros, originais, vestindo-a com roupagem da alma popular. E eu tive uma sorte danada porque Alá-la-ô ficou sendo uma das músicas mais tocadas no carnaval. Das que fiz, foi a única música que me rendeu alguma coisa.

Veja o Eduardo Dussek cantando isso daquele jeitinho dele... e de quebra fazendo uma homenagem pra Bethânia!

segunda-feira, fevereiro 20, 2012

Quem nunca achou que a grama do vizinho era mais verde do que a sua?

Poema em linha reta

Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Lindo!


    ESTATUTO DO HOMEM
    (Ato Institucional Permanente)

    A Carlos Heitor Cony

    Artigo I

    Fica decretado que agora vale a verdade.
    agora vale a vida,
    e de mãos dadas,
    marcharemos todos pela vida verdadeira.


    Artigo II

    Fica decretado que todos os dias da semana,
    inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
    têm direito a converter-se em manhãs de domingo.


    Artigo III

    Fica decretado que, a partir deste instante,
    haverá girassóis em todas as janelas,
    que os girassóis terão direito
    a abrir-se dentro da sombra;
    e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
    abertas para o verde onde cresce a esperança.


    Artigo IV

    Fica decretado que o homem
    não precisará nunca mais
    duvidar do homem.
    Que o homem confiará no homem
    como a palmeira confia no vento,
    como o vento confia no ar,
    como o ar confia no campo azul do céu.


    Parágrafo único:

    O homem, confiará no homem
    como um menino confia em outro menino.


    Artigo V

    Fica decretado que os homens
    estão livres do jugo da mentira.
    Nunca mais será preciso usar
    a couraça do silêncio
    nem a armadura de palavras.
    O homem se sentará à mesa
    com seu olhar limpo
    porque a verdade passará a ser servida
    antes da sobremesa.


    Artigo VI

    Fica estabelecida, durante dez séculos,
    a prática sonhada pelo profeta Isaías,
    e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
    e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.


    Artigo VII

    Por decreto irrevogável fica estabelecido
    o reinado permanente da justiça e da claridade,
    e a alegria será uma bandeira generosa
    para sempre desfraldada na alma do povo.


    Artigo VIII

    Fica decretado que a maior dor
    sempre foi e será sempre
    não poder dar-se amor a quem se ama
    e saber que é a água
    que dá à planta o milagre da flor.


    Artigo IX

    Fica permitido que o pão de cada dia
    tenha no homem o sinal de seu suor.
    Mas que sobretudo tenha
    sempre o quente sabor da ternura.


    Artigo X

    Fica permitido a qualquer pessoa,
    qualquer hora da vida,
    o uso do traje branco.


    Artigo XI

    Fica decretado, por definição,
    que o homem é um animal que ama
    e que por isso é belo,
    muito mais belo que a estrela da manhã.


    Artigo XII

    Decreta-se que nada será obrigado
    nem proibido,
    tudo será permitido,
    inclusive brincar com os rinocerontes
    e caminhar pelas tardes
    com uma imensa begônia na lapela.


    Parágrafo único:

    Só uma coisa fica proibida:
    amar sem amor.


    Artigo XIII

    Fica decretado que o dinheiro
    não poderá nunca mais comprar
    o sol das manhãs vindouras.
    Expulso do grande baú do medo,
    o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
    para defender o direito de cantar
    e a festa do dia que chegou.


    Artigo Final.

    Fica proibido o uso da palavra liberdade,
    a qual será suprimida dos dicionários
    e do pântano enganoso das bocas.
    A partir deste instante
    a liberdade será algo vivo e transparente
    como um fogo ou um rio,
    e a sua morada será sempre
    o coração do homem.

Thiago de Mello
Santiago do Chile, abril de 1964

domingo, fevereiro 19, 2012

É preciso...


... esclarecer: não vou pular carnaval, nem quero ver desfiles! Mas, tô de boa! Vai brincar na fé, se esta é a tua!

É Carnaval! E elas não negam a raça...

Thalma de Freitas


Sheron Menezes


Cris Vianna


A gente não pode esquecer de "O teu cabelo não nega", uma música do Lamartine Babo e Irmãos Valença, que também é sucesso em qualquer bloco, em todos os carnavais.

Nesse vídeo, Haroldo Costa conta um pouquinho da história da música, e Eduardo Dussek e José Renato dão uma palinha fantástica, suavizando o ritmo e tornando-a mais cadenciada. Aprecie!

Aproveito para homenagear três mulatas lindíssimas, que cuidam maravilhosamente bem dos seus cabelos!



O Teu Cabelo Não Nega
Marchinhas de Carnaval

O teu cabelo não nega, mulata,
Porque és mulata na cor,
Mas como a cor não pega, mulata,
Mulata eu quero o teu amor.

Tens um sabor bem do Brasil;
Tens a alma cor de anil;
Mulata, mulatinha, meu amor,
Fui nomeado teu tenente interventor.

Quem te inventou, meu pancadão
Teve uma consagração.
A lua te invejando faz careta,
Porque, mulata tu não és deste planeta.

Quando, meu bem, vieste à Terra,
Portugal declarou guerra.
A concorrência então foi colossal:
Vasco da Gama contra o batalhão naval.




Difícil é ficar parado, não é mesmo?

É Carnaval! E ele não poderia faltar...


Sempre o vi como um homem cultíssimo, que eu queria para meu avô, para me contar histórias com aquela dicção sensacional e aquele ar de sabedoria, apesar de ter tido dois avôs sensacionais. Se pudesse ter mais um, queria que fosse o Mário. Mário Lago, advogado, poeta, letrista, morreu aos 90 anos, atuando firme e forte (talvez não tão firme, nem tão forte, mas atuando!). E escreveu a marchinha "Aurora" que cantamos incessantemente todo carnaval. Salve ele!

Aurora
Mário Lago

Se você fosse sincera
Oh, oh, oh, Aurora
Veja só que bom que era
Oh, oh, oh, Aurora

Um lindo apartamento
Com porteiro, elevador
Um ar refrigerado
Para os dias de calor
Madame antes do nome
Você teria agora
Oh, oh, oh, Aurora




Essa que está cantando a marchinha é nossa querida Teresa Cristina, que tive o prazer de ver cantar ao vivo no "Carioca da Gema", na Lapa. E aí? Vai dizer que não está cantando junto?

sábado, fevereiro 18, 2012

É Carnaval! E eu não estou exultante de alegria...


Sinto muito, mas cansei desse imperativo de folia. Não que eu insista em ser melancólica. Mas, eu não quero ter que esbanjar alegria ao Deus dará só porque é Carnaval. Não vou me fantasiar, nem encarar algum bloco, nem deixar a vida me levar nos cordões da folia de um domingo de Carnaval qualquer. Não quero. Simples assim. Quero o sossego da vida pacata e o distanciamento de tudo que é exagerado. Quero um silêncio profundo, para ouvir meus pensamentos e entender meu coração, que às vezes dispara apressado, sem saber muito bem onde vai chegar. Quero me curar da dor que eu vivi no passado, e que está demorando um pouco mais do que eu gostaria para passar. Quero paz!

Só isso.

Música do dia: Nem o sol, nem a lua, nem eu - Lenine

É Carnaval! E eu sinto saudades...


Hoje a minha avó Irma faria aniversário. Como ela me faz falta. Já se vão 4 anos que ela se foi e eu ainda sinto o vazio de não tê-la para conversar ao telefone quando eu chego do trabalho. Era sempre assim, uma rotina, um ritual. Quando eu achava que ia me atrasar, ligava do caminho, era bom, era quase uma terapia extra. Explicar para a vovó as modernidades da vida, o que era e-mail, o que era internet e, principalmente, o que eu fazia no meu trabalho... um sufoco, mas bem gostoso!

Eu pensei numa música de Carnaval alegre, para homenagear a Irma, que faria muitos anos hoje, se estivesse viva (90)!!! E lembrei de Fita Amarela, do Noel Rosa. Noel, sempre ele.

Fita Amarela
Noel Rosa

Quando eu morrer, não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela gravada com o nome dela
Se existe alma, se há outra encarnação
Eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão

Não quero flores nem coroa com espinho
Só quero choro de flauta, violão e cavaquinho
Estou contente, consolado por saber
Que as morenas tão formosas a terra um dia vai comer.

Não tenho herdeiros, não possuo um só vintém
Eu vivi devendo a todos mas não paguei a ninguém
Meus inimigos que hoje falam mal de mim
Vão dizer que nunca viram uma pessoa tão boa assim.


É Carnaval!


Pierrot Apaixonado
Noel Rosa

Um pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma colombina
Acabou chorando, acabou chorando

A colombina entrou num butiquim
Bebeu, bebeu, saiu assim, assim

Dizendo: pierrô cacete
Vai tomar sorvete com o arlequim

Um grande amor tem sempre um triste fim
Com o pierrô aconteceu assim
Levando esse grande chute
Foi tomar vermute com amendoim



De novo!


Ouça a música aqui... e cante!

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Dica milagrosa

Pra mim, eles têm sido um verdadeiro MILAGRE. Desde que descobri este produto numa viagem a Portugal, na qual meus pés e mãos andaram muito secos por conta da água na Europa, eu nunca mais deixei de usá-los. Estou falando dos cremes Lipikar Xerand (para as mãos) e Lipikar Podologics (para os pés).



Sinto muito dizer, mas não tem para nenhuma marca nacional: Granado, Boticário, Natura, Avon, nada, nada. Esses dois cremes são imbatíveis.

Sabe aquele pezinho com a sola rachada de tanto usar sandália no verão? Pois o Lipikar Podologics resolve, se usado toda noite, na maior disciplina.

Agora, é importante dizer que é preciso ter disciplina, porque paga-se caro, e não dá para deixar o produto estragar sem uso. O bom é que o creme é caro, mas dura bastante. A dica é só passar o produto no pé na hora de dormir, pois a pele do pé leva alguns minutinhos para absorver todo o creme. E olha que eu nem sou especialista, apenas uma curiosa. E curiosamente, esse foi o creme que a dermatologista da minha mãe receitou pra ela com a finalidade de tratar o mesmo problema. Descobrimos por acaso outro dia.

O mesmo vale para as mãos. Deixe para usá-lo quando estiver se hidratando, pois se em seguida você tiver que segurar alguma coisa, fará uma pequena meleca, pois a absorção é um pouco mais lenta que a dos nossos cremes nacionais. Mas, também, a água dos europeus é muito dura, o que resseca a pele loucamente, então o creme tem mesmo que ter mais uréia.

Eu não estou ganhando nada da La roche-Posay para falar destes produtos, mas sou fã da marca há muito tempo, então, se alguém quiser saber mais sobre eles, taí os links Lipikar Xerand e
Lipikar Podologics.

Então, essa é a minha dica milagrosa e valiosa de hoje. Estou testando um outro produto interessante, e já, já postarei alguma coisa sobre ele aqui. Bye!

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Luz


Tem gente que aparece na vida da gente pela fresta, como uma pequena abertura na janela, e vem pra trazer luz. No fundo do poço, é preciso que se tenha muita serenidade para que se consiga enxergar alguma coisa. E aí, uma mão amiga, que nem sabe de seu efeito salvador, aparece e te puxa pra cima, te dando uma energia nova. Opa, que bom o ar aqui em cima! Lá embaixo era tão difícil de respirar!

O impressionante é que quando se sai de lá, da escuridão, é possível enxergar tanta coisa. Vida, principalmente. Eu acredito em Deus, e também em karma. E acho que não passamos por tudo que passamos por mero acaso. Era pra ser assim. Toda hora, ao longo de 2011, ficava me perguntando o que é que eu tinha para aprender afinal... talvez fosse a contar mais comigo do que com os outros. De fato, nós somos, e sempre seremos, nossos melhores amigos, ou os piores inimigos.

Se nos sabotamos ou não, é por nossa conta. Nós temos que cuidar de nos proteger, ou mesmo de nos mostrar para vida. Há o tempo de se abrir para as energias do mundo, e o tempo de se guardar. Eu soube fazer isso. Que bom! Só que sofri muito. Foi o que me disseram na semana passada: "injustiça dói". E eu completei: "dói todo dia".



Aqui estou eu, de pé, como uma gata de sete vidas, determinada, consciente do que eu sou, e do que eu quero, a fim de fazer mais por mim, de conquistar meu lugar no mundo, de trazer esse mundo para perto de mim, para que eu possa usufruir de tudo que ele tem de melhor para me oferecer...

Se 2011 foi um tempo de plantar, reservadamente, com temperança, 2012 é minha hora de colher. O jardim está repleto de frutas e elas estão doces. Cabe a mim não deixá-las passar do ponto. Cabe a mim aproveitar o doce da vida.

Estou aqui, digitando isso, e enquanto escrevo, penso nessa cabeça novamente cheia de ideias, planos, esperanças pro futuro. Ah, como gosto dela assim!

E começo a me dar conta de como mudar é bom! Mudar é fantástico. Estão germinando as sementes, e os novos amigos estão chegando, para contemplar o sol comigo...

Música do dia

terça-feira, fevereiro 14, 2012

Terapiando


Toda terça-feira chove. Chove bem na hora da terapia, ou começa no almoço e não pára mais. Vou anotar. Hoje choveu muito na hora que eu estava saindo de casa.

Acho que é pra testar minha força de vontade. Na maioria das vezes, dá vontade de não ir...

Mas, eu tenho ido. E tem sido bom!

Whitney


Neste sábado que passou, perdemos precocemente a estrela Whitney Houston. Ela, que estava afastada dos palcos há muito tempo por causa das drogas, tentava retornar, como tentou o Michael Jackson há dois anos (ou já são três?) atrás.

Eu adorava a Whitney. Acho que ela fez a minha cabeça muito seriamente na adolescência. Contra tudo e contra todos, eu escutava a Whitney dia e noite. E a imitava. Gostava de tremer os lábios como ela fazia quando cantava. Isso era coisa de diva negra, pensava. E os meus amigos não suportavam aquele estilo de música. Nem o assaltante que roubou nossa casa e levou todos os nossos CDs quis o da Whitney (graças à Deus!)...

Quando vi o filme "O Guarda Costas", com ela e o Kevin Costner, saí do cinema imediatamente para a loja de CDs e comprei a trilha, que ouvi incessantemente até aposentá-la definitivamente e nunca mais escutá-la na vida. Aquele ato da gente que não sabemos explicar: ouve-se um CD até cansar, para depois nunca mais conseguir ouvir uma música sequer.


Até que sábado, a Whitney faleceu. Aliás, não sei o que estão querendo investigar. As pessoas podem morrer afogadas se dormem profundamente numa banheira cheia d'água. Por isso, é tão perigoso entrar numa banheira para relaxar. Porque nem sempre a gente acorda.

E a tv começou a falar da cantora, da sua história, dos seus problemas com drogas, de seu casamento falido, de sua decadência... enfim, tudo pelo que parece têm que passar as divas da música para que sejam consideradas divas (e é por isso que eu peço a Adele que vá devagar, por favor).

Fazendo uma retrospectiva de sua vida, várias de suas músicas foram mostradas na tv... e eu me dei conta de que ainda sei contá-las todas, que ainda gosto delas, e que elas estão guardadas aqui dentro, no meu sótão intangível particular... em alguma gaveta perdida.



Fiquei me perguntando como uma pessoa que gravou "The greatest love of all" pode ter descido tão fundo...? E talvez, se ela tivesse escutado sua música todos os dias, e cantado a plenos pulmões, ela não tivesse ido tão cedo, não tivesse se entregado tão rápido... É fato que no clipe de "I look to you", ela já estava bem caidinha e sua voz não era a mesma... mas precisava ser mesmo assim? Precisa ser assim com todas elas? A vida da Etta James, por exemplo, também não foi fácil...

Uma pena!

Para quem não se lembra, aqui estão letra e música.

The Greatest Love Of All

I believe that children are our future,
Teach them well and let them lead the way.

Show them all the beauty they possess inside,
Give them a sense of pride... to make it easier,
Let the children's laughter,
Remind us how we used to be .

Everybody's searching for a hero,
People need someone to look up to.
I never found anyone who fulfilled my needs...
Lonely place to be and so i learned to depend on me.

I decided long ago, never to walk in anyone's shadow,
If i fail if i succeed at least
I'll live as i believe
No matter what they take from me.
They can't take away my dignity...
Because the greatest, love of all, is happening to me.

I've found the greatest love of all inside of me
The greatest love of all, is easy to achieve
Learning to love yourself, it is the greatest love of all

And if by chance that special place that ...
You've been dreaminf of
Leads you to a lonely place
Find your strength in love.


segunda-feira, fevereiro 13, 2012

Coleções



Gosto de colecionar
livros, discos e amigos.
De alguns, eu cuido.
Tiro a poeira, revisito.
Outros, cuidam de mim.
Se desfrutam da minha companhia,
Ou abusam da minha
boa-vontade
É porque eu deixo.
Inexoravelmente, estão
no meu coração.
Tenho ciúmes.
Fazem parte da minha vida.
Os mais importantes, conto nos dedos.
Das mãos.


Música do dia

sábado, fevereiro 11, 2012

Reincidente



“Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.

Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?

A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?

A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.

Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?

E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará.

A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente.
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”

Caio Fernando Abreu


Música do dia

quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Do que a gente não pode falar...


Tem um nó aqui dentro do meu peito. Tudo que está guardado e eu não posso dizer. Eu olho nos seus olhos e suplico mentalmente que você me entenda. Que você me leia de uma vez só e consiga compreender um pouquinho do que vai aqui dentro. Só por hoje.

Well, she's walking through the clouds
with a circus mind
that's running round.
Butterflies and zebras and moonbeams
and fairy tales,

That's all she ever thinks about ...

Riding with the wind.


E toda vez que a verdade vem, e eu a soterro dentro de mim, vão se acumulando os entulhos de uma construção que desaba por dentro, frágil, um perigo para quem se aventura aqui dentro. Eu já nem gosto de examinar com cuidado o que só eu vejo. Só eu vejo, mais ninguém...

When I'm sad, she comes to me
with a thousand smiles.
She gives to me free.


Soubesse eu que a vida é assim tão complexa, que muitas vezes a gente não alcança o que gostaríamos, não temos braços para tomar para nós o que nos faria felizes, que o que temos não nos basta, que tem horas que nos falta voz, e só nos comunicamos por meio das lágrimas, teria pedido a sua presença muito antes, para caminhar junto comigo e me apoiar nas horas mais difíceis...

It's alright, she said,
it's alright.
Take anything you want from me,
You can take anything, anything.


Qual é a cor do amor que eu sinto por você? Qual a cor?

Fly on, little wing
Yeah, yeah, yeah, little wing...


Qual a cor, little wing?


Música do Dia: Little Wing - Jimy Hendrix

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Chantagista, como o Leão


Tem sido recorrente. Abrir o Segundo Caderno do jornal e cair na armadilha de ler meu horóscopo, às vezes sem muito acreditar. Na maioria das vezes, ou a astróloga recomenda que o povo do meu signo deixe de fazer o possível e o impossível para chamar a atenção, ou preste mais atenção nos desejos alheios, enfim, recomenda que deixemos de fazer chantagem emocional...

Será que eu sou chantagista?

Eu tenho me perguntado isso muito. Não sou do tipo que cobra atenção dos amigos... Não mesmo... só de alguns. E estes, estão cada vez mais restritos. Faz tempo que eu entendi que cada um tem a sua vida, e que temos mais tempo para Facebooks e Orkuts do que para encontros face-a-face. Já não sei mais muito o que as pessoas querem. Eu queria ver mais aqueles com os quais mantenho encontros bissextos, mas, fazer o quê?

Será que sou chantagista?

Ora, uma chantagista é muito egocêntrica, e eu até acho que me permito cuidar dos outros, pensar nos seus problemas, tentar ajudar... sendo assim, seria eu uma egocêntrica?

Ou só alguém muito atrapalhada com a quantidade de afazeres do dia-a-dia?

Eu sei, eu sei, são muitas perguntas para uma pessoinha só... Mas, não esqueça, minha terapeuta está de férias... é natural que eu enlouqueça um pouquinho, mas não ao ponto de me jogar da plataforma do metrô, como têm feito uns loucos por aí...

E o que me resta é perguntar ao espelho:
"Espelho, espelho meu, tem alguém mais chantagista do que eu?"

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Muito é muito pouco...


De repente, você está lá... ouvindo tudo que achou que ia ouvir um dia, ... só que muito antes.

De repente, você começa a se perguntar por que precisou passar por tanto sofrimento, se em tão pouco tempo iam perceber que você, de fato, fazia falta.

De repente, você se dá conta de que aquele que fala, que declara algo, levou tempo demais para conseguir falar, teve que vencer inúmeras barreiras para expressar algo que estava há muito guardado, represado pelo medo de ser mal interpretado...

De repente, alguém que não sabia mais quem você era, percebeu que você nunca deixou de ser aquela pessoa boa de sempre, com um bom coração, sempre disposta a ajudar...

De repente, alguém abaixa os olhos, e até com um pouco de vergonha, diz que sente muitas saudades do tempo em que vocês trilharam juntos o mesmo caminho...

De repente, tudo fica estranhamente pesado, sufocante, e você pede pra sair, muda o rumo da prosa, entorta a conversa...

De repente, muito é muito pouco...

segunda-feira, janeiro 30, 2012

Triste que só...


Hoje eu acordei meio triste. Triste que só. Peguei o taxi para o trabalho depois de sofrer para escolher uma roupa. Estava lá, morna, sôfrega, cheia de saudade. É isso, estava explodindo de saudade. Mas, aguentando firme. Entrei no taxi e o motorista ouvia rádio. Músicas tão lindas, mas tão lindas, que transbordei. As lágrimas pingavam sobre a minha calça bege e eu ali pensando que ia chegar inchada no trabalho. Chorei à beça, o motorista ali, me olhando de rabo-de-olho, sem ter muita certeza se eu estava gripada ou chorando mesmo. Eu bege como a calça, mas fechada no meu mundinho triste, com as lágrimas pulando...

É isso, a estratégia é passar em algum lugar antes de ir ao trabalho. Está bem, vou ao caixa eletrônico.

Ao longo do dia, a sensação de desânimo foi passando. Eu fui pensando em outras coisas, trabalhando, trabalhando... A vida é mesmo curiosa. Atividade não me deixou menos triste. Mas, é isso. Um dia estamos bem, noutro um pouco mais amoadas e só nos resta esperar um novo dia... Só não podemos esquecer que somos "da raça da pedra dura"...








Somos mesmo!


Música do dia

Grande verdade

Dear girls,

If a boy pauses a video game just to text you back...

... marry him!

sábado, janeiro 28, 2012

Elegância

Elegância. Isto é uma questão de berço. Ainda esta semana, estava conversando com o pessoal lá do trabalho sobre algo que trago muito comigo. O ensinamento de meus pais que não devemos fazer com os outros o que não gostaríamos que fizessem conosco.

Mas, tem gente que não aprende. Hoje, estive num batizado, que se prolongou num almoço. Estávamos chegando ao restaurante quando fomos informados que havia ocorrido um probleminha com a feijoada contratada, que ia atrasar. Todo mundo estava na maior boa vontade de tentar contornar o problema pois o que queríamos mesmo era passar algumas horas juntos em família. As mães, com sempre, foram logo providenciando soluções para aplacar a fome da moçada, e de repente surgiram pastinhas e torradinhas por todos os lados.

No entanto, presenciei uma cena um pouco bizarra, com uma das avós de uma das crianças batizadas e sua irmã. Ainda assim, apesar da estupidez e da grosseria que eu tive que "engolir" antes do almoço, eu pensei que era coisa entre irmãs, e que isso pode acontecer a qualquer tempo e hora (pensando bem, não pode não, não em público).

Quando finalmente a feijoada saiu, fomos convidados pelo dono do restaurante a nos dirigir para o segundo andar. A senhora empurrava o carrinho do neto, quando se viu tendo que subir uma escada com o carrinho e o neto. Ordenou ao garçom que carregasse o neto e o carrinho escadas a cima, o que já foi estranho. Pronto, o sujeito se achou no direito de dar uma sugestão à senhora: Por que a senhora não leva o bebê e eu levo o carrinho?

A mulher começou a gritar, a dizer que o homem estava maluco de falar com ela daquele jeito, a chamá-lo de retardado, e outras coisas piores. Eu fiquei estarrecida. Não conhecia aquela pessoa, e rogo em dizer que ela não é da minha família, mas a minha impressão foi péssima. Fomos todos solidários ao garçom, pois presenciamos a cena. Comentamos a da falta que um bom "tarja-preta" faz, mas de fato, isso é falta de educação, não de remédio... falta muita elegância para essa senhora, que se acha no direito de tratar a qualquer um, seja um desconhecido ou sua própria irmã, com uma rudeza, uma aspereza, uma grosseria atroz. Eu confesso que perdi a fome e quase não comi mais.

Essa cena me lembrou a Sandra Annerberg, que ficou falada em 2011 nas redes sociais por criar um bordão e usá-lo a toda hora: "Sejamos mais elegantes!". Ela chegou a desejar, no final do ano, que fôssemos mais elegantes em 2012. Isso começou por causa de um incidente com a repórter Monalisa Perrone, que estava fazendo uma reportagem em SP e foi agredida. E ela, já naquela época, pediu elegância!

Olha só a cena...




Ninguém merece, não é mesmo?

O interessante foi o comentário do garçom: "ela faz isso comigo porque está aqui dentro, e eu sou profissional. Mas, ela não pode me tratar que nem cachorro. Queria ver se fosse lá fora..."

Não pode mesmo.

A gente vê isso também no ambiente de trabalho a toda hora. Quando é que vamos atender ao pedido da Sandra?

E você, tem se lembrado de ser elegante e educado com os seus?

sexta-feira, janeiro 27, 2012

Pai dos Burros*

Outro dia, estávamos comentando lá no trabalho que algumas expressões empobrecem o texto. Podemos até utilizá-las no Português coloquial, mas ao escrevê-las, tornamos o texto menos interessante e, por isso, é preciso ter muito cuidado. Fiz de tudo para lembrar um exmplo, mas não consegui. Eis que hoje eu recebi uma e-mail da minha sogra, que é professora de Português, com o maior dos exemplos. Olha ele aqui...

Alguém sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de linguagem, o que quer dizer a expressão "no frigir dos ovos"?

Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar. Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos. Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre você tem idéias e pra descascar esse abacaxi só metendo a mão na massa.

E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas.

Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo.

Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher linguiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos.

Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e vai com muita sede ao pote. Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha, são escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.

Há também aqueles que são arroz de festa, com a faca e o queijo nas mãos, eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese etc.). Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca, e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de quem comeu e não gostou.

O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente.

Por outro lado se você tiver os olhos maiores que a barriga o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha, não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco...

A carne é fraca, eu sei. Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas. Mas quem não arrisca não petisca, e depois quando se junta a fome com a vontade de comer as coisas mudam da água pro vinho.

Esse nosso Português é um barato, né?

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* Ah, esqueci de dizer, existe um livro bem legal, chama-se O Pai dos Burros, que versa sobre estas expressões coloquiais e é do Humberto Werneck. É super útil nas horas difíceis!

Para colorir a vida, porque ela anda muito triste...

Com essas tragédias esbarrando na gente vez em quando, o jeito é pensar em coisas bonitas!


Num mar de guarda-chuvas coloridos!


Numa porção de borboletas!


Num jardim bem florido!


No vôo livre da gaivota!


Num campo de flores ensolarado!


Uma homenagem a todos os que perderam seus entes queridos no acidente da Av. Treze de Maio esta semana no Rio de Janeiro.

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Tragédia no Centro do Rio de Janeiro

Fiquei tão chocada com a tragédia de ontem, no Centro do Rio de Janeiro, praticamente ao lado de onde eu trabalhava, que me peguei chorando ao ver o noticiário hoje de manhã. Coincidentemente, ao abrir o computador, achei o seguinte depoimento do Ted Talk, que havia salvo por ser curto e muito bonito.

Acho que você vai se emocionar!



Ric Elias - Pouso forçado no Rio Hudson (Ted Talk)

É para refletir mesmo!

Cicatrizes

Sempre que eu penso em cicatrizes, eu lembro do Máquina Mortífera e da cena da comparação das cicatrizes... é hilária... como eles conseguem acabar na cama depois disso, não sei!



Apesar de só ter a cena sem legenda, espero que você se lembre e se divirta!

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Um dia quente...



Tem dias que a vida da gente se mistura com a vida dos outros. Hoje à noite um prédio desabou ao lado - praticamente - do prédio onde eu trabalhava e, por acaso, estive de tarde até o começo da noite.

Quando saí do prédio do meu antigo trabalho, depois da sensação de estranhamento de sempre (é incrível a sensação de despertencimento), eu tomei outro rumo, meio perdida, meio sem saber porquê. Fui para o lado oposto que eu costumo ir. Acabei tomando uma condução umas quadras adiante, no local mais improvável do mundo, contradizendo a minha rotina, mas é que eu pensei que ali eu enfrentaria um engarrafamento menor. Doce ilusão.

Não quis enfrentar o metrô. Estava esgotada. E aí, não vi nada. Não vi prédio caindo, gente morrendo, nada, nada... Está certo, saí um pouco antes, mas... como eu acredito muito nEle, não foi à toa que eu fui para o outro lado.

Nada é por acaso, certo?

O que me incomoda é o descaso. Isso não podia estar acontecendo. Não em pleno século XXI. Qual é a dos nossos Governantes? Até quando eles vão ficar postergando a necessidade de se fazer algo sério quanto a isso? Até quando vamos aguentar calados o descaso quanto à impunidade e a corrupção de fiscais que aprovam qualquer coisa ilícita em troca de uns bons tostões?

Ainda dá pra acreditar no Brasil?

terça-feira, janeiro 24, 2012

Feridas e cicatrizes


Lembro-me do dia em que, sentada à mesa do jantar, provoquei um corte profundo na primeira falange do dedo médio, próximo à unha, que me rendeu uma cicatriz que tenho até hoje. Tinha dez anos. O sangue demorou a estancar, mas não levei pontos.


E de quando ainda mais menina, abri o queixo ao cair sobre o tapete do quarto de meus pais, num salto mal calculado sobre a perna de meu pai. Também não levei pontos. O tempo e um bom esparadrapo colaram aquele lábio extra no rosto, quase não deixou marca. Minha mãe tinha razão, que brincadeira infame.


Lembro-me do dia em que caí do balanço e ralei as costas, na altura das lombares. Por anos, tive ali uma pele mais áspera a me lembrar da travessura.


Eu tinha era muita coragem. Me ralava toda, mas não deixava de brincar.


As primeiras vezes a me equilibrar na bicicleta “de adulto”, aro 20, também me renderam marcas. Estava no prédio dos meus primos, e o bando de meninos que ali viviam resolveu me mostrar que eu tinha que saber como dominar a magrela. Ainda hoje, tenho a marca na perna da ralada contra o muro na altura do joelho, por causa de uma imprensada deles. “Não doeu”, eu disse com o sangue escorrendo na perna, mas olhando firme no fundo dos olhos deles.


Desde sempre foi assim.


A poucos, eu me mostrei sem esse orgulho todo, por inteiro. Na maioria das vezes, o tamanho das feridas e das cicatrizes só viu quem eu amei muito.


Quando pequena, deixava para chorar em casa. Tudo excedia a menina magra e frágil, mas o choro, eu deixava para a solidão da minha cama e o calor do meu travesseiro. Acho que é por isso que eu ainda gosto tanto dele.


A menina foi crescendo e, por vezes, não conseguiu deixar para chorar em casa. Teve sorte de ter encontrado em seu caminho alguns bons anjos da guarda.


Sofri, ri e, no final, já adulta, tive certeza que as maiores cicatrizes não são as físicas, mesmo aquelas tratadas na base da costura, sem anestesia, como o corte que levei na cabeça provocado por um tombo dentro de casa e um acerto em cheio na chave da porta do armário.


As maiores cicatrizes são aquelas provocadas pelas peças que o destino nos prega, pelas frustrações do caminho, pelo excesso de expectativa que colocamos nas pessoas, pela incapacidade que temos em “dar, sem querer nada em troca”. Não fosse esse um dos maiores desafios da vida terrena!!!


As maiores feridas não fecham. Passa o tempo e elas estão lá, latejando, pulsando junto com o coração (aliás, não é ele que está ferido?). Não há abraço que aplaque essa dor, nem cuidado de mãe, a oferecer band-aid e merthiolate, com direito a sopro no final.


A cura para essas feridas tem que vir de dentro de nós, o remédio está aqui, em algum lugar. O tempo é um bom enfermeiro, mas somente a vida é capaz de nos ensinar a viver com elas.

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Recomeçar...


De repente, um sorriso. Fez bem em não pré-julgar ninguém. De um jeito ou de outro, a cumplicidade surge. Pode demorar. Mas, um dia ela vem... em gestos, ou palavras, mas ela vem.

Daquela janela, onde ela olhava a rua e pensava na vontade de não estar ali, já não vê mais o desejo de ir, e sim o de ficar. Aquela casa estranha, esquisita, um pouco feia, vai aos poucos de tornando acolhedora. Os medos - seus e dos outros - se dissipam, e ela não é mais a estranha, nem pra ela, nem pra todos os que a receberam, alguns bem, outros com desconfiança. O caminho não é suave, mas ela não duvida de sua força, nem de sua perseverança (ou seria teimosia?).

Ao caminhar pelo entorno, vai descobrindo uma outra cidade. Bonita, cheia de belas construções, cantos e recantos para conhecer. Ou melhor, para olhar com outros olhos. Tem que carregar uma máquina fotográfica, tamanha é a vontade de gritar pro mundo: "Olha o que eu descobri!"

A vida vai lhe oferecendo devagarzinho uma oportunidade de recomeço, com um sabor de conquista delicioso. O que ficou pra trás, ficou. Hora de sacudir a poeira dos sapatos e da roupa e seguir em frente.

Com o tempo, será só saudade. Ela sabe.

Música de hoje...

domingo, janeiro 22, 2012

Planos e sonhos


Nada mais gostoso nesta vida do que fazer planos. Pegar o limão, e imaginar a caipivodka! Tornar algo improvável uma delícia a cada momento. Pensar em cada detalhe, cultivar a expectativa, torcer para chegar o momento em que se possa usufruir de tudo...

Os planos são equivalentes aos sonhos. Por isso, sonho grande, sonho pra mim... penso que se desejo algo com muita força, essa coisa pode se realizar. Então, tenho que ser responsável.

Lido com o risco sim, mas lido bem. Porque, antes de mais nada, acredito em mim. Por que não acreditaria?

O mais gostoso é que me dou ao direito de mudar ao longo do tempo. E assim, vou crescendo, vou vivendo, e vou trazendo pra minha vida o que há de melhor...

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Férias forçadas





Minha terapeuta me deu férias. Achei que estava bem, que ia encarar numa boa. Até que cheguei em casa e algo me tirou do prumo. Deu logo uma dor no externo, o famoso "aperto no peito". Além de sentir isso no sentido figurado, sinto de verdade, somatizando de todo modo.



São duas semanas. Acho que vou aparecer mais por aqui. Me aguardem.

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Se eu pudesse esquecer...


Tem dias que a gente simplesmente não quer lembrar, não quer se deparar com nada que lembre, não quer uma centelha de pensamento voltada para o passado, quer rasgar a página do caderno da vida, quer tirar da memória toda e qualquer lembrança de algo que doeu, que feriu, que nos mudou de direção.

A gente vê o carro do mesmo modelo, vê uma foto nas redes sociais, sente um perfume, ouve uma voz parecida, vê alguém que anda igual, vê um recado no qual reconhece um traço da ternura que um dia pareceu tão verdadeira, e aí aquilo tudo vem à garganta, como vaca que rumina o pasto e regurgita a comida que já está no estômago.

Tudo o que se quer é apagar o slot lotado de memórias sem sentido, de algo que te fizeram e você nem sabe bem porquê. Não, é fato, a vida dos outros, ainda que parentes e amigos, não gira ao redor de nós. Mas, no fundo, no fundo, a gente espera que aqueles que nos amam saibam conciliar o que é inconciliável, saibam dar "nó em pingo d'água", façam de tudo para nos ter por perto. E, principalmente, para não nos magoar deliberadamente.

De repente, tudo que se percebe é que não é bem assim. Então, só nos resta olhar pra frente. Antolhos às vezes são muito úteis quando se quer ter foco...

Impressionamente o que somos capazes de fazer quando acreditamos em nós mesmos. Quando nós miramos numa meta pré-estabelecida e vamos em frente... "para frente e avante", como diziam antigamente os escoteiros e as bandeirantes.

São esses valores que nos são incutidos na infância que vão moldando o que somos quando adultos. E se refletem nos nossos atos. Naquilo de que não abrimos mão, ou o que simplesmente não aceitamos, por não compactuar com certas atitudes dos outros.

Vale à pena continuar? Sempre. Mas, é preciso ter muita coragem, porque essa vida, ah, ela não é bolinho, não!

sábado, janeiro 14, 2012

Rio de Janeiro

Não sei porquê mas tenho achado o Rio de Janeiro tão parecido com Paris... não, não é o preço dos apartamentos não. São as ruas, as árvores, todas se desfolhando, como se estivéssemos no outono. Um verão outonal, sem aquele sol de rachar côco, um cenário parisiense.


Um pouco de Paris pra você...


Gal Costa

Faz uma semana que eu vi o Altas Horas, programa do Serginho Grossman, e lá estava ela, a maravilhosa Gal Costa, tocando com Caetano Veloso, as músicas de seu novo disco. Eu confesso que fiquei um pouco chocada. Não porque a Gal envelheceu, e não é mais aquele mulherão que costumava ser quando eu era adolescente, com aquele sorriso fascinante, que teimava em manter aberta aquela boca enorme.

O que me chocou foi ver a Gal lendo as músicas. Mal comparando, a Bethânia deve ter mais ou menos a mesma idade. E está inteiraça. Então, o que será que houve? A Gal enferrujou? Mas, a voz dela continua tão linda.

Eu torço para que tenha sido apenas coisa daquele dia, que ela consiga dar a volta por cima e que volte a fazer grandes shows. Sem cola.


Irmã de coração


Sentou-se na cafeteria do shopping e pediu uma água. Estava cansada. Muito cansada. Ainda que estivesse bem, e que a médica lhe tivesse dado alta, ainda tinha dias em que ela ficava mais cansada do que o normal. Aquele era um deles. Muita andança, muito calor, muito sol, muito cansaço.

Abriu água e a bebeu toda, quase que num gole só. Depois, ficou olhando ao redor. Duas amigas na mesa ao lado conversavam, falavam da vida. Coisas banais. Ela se lembrou da última vez em que estivera ali. Estava com sua melhor amiga, aquela de quem ela ousou dizer um dia que era uma outra irmã que tinha ganho nesta vida. Pensava nela agora como alguém de uma vida que não esta, uma encarnação remota, algo como um grande equívoco, alguém que ela nunca enxergou direito, uma visão míope. Como pudera errar tanto na sua avaliação? Como pudera gostar tanto de alguém que ela não entendia?

Lembrava de suas palavras na última vez em que estiveram ali, como ela estava vestida, de short, parecendo uma menina, ela que às vezes parecia tão garota, mas em outras, tão cansada de uma vida não muito amiga dela. E, de repente, sem que ela pudesse entender, ela tinha deixado de ter importância para essa sua irmã de coração. Sentia que tinha virado um estorvo, alguém para quem essa amiga não queria mais contar seus segredos, como antes. Alguém em quem ela não confiava mais, talvez nunca confiara, de quem talvez ela até sentisse vergonha. Um susto. Uma surpresa. Uma dor. Uma mágoa. Sempre tivera a certeza que, acontecesse o que acontecesse, fizessem o que fizessem, seriam sempre cúmplices, tentariam sempre entender o ponto de vista da outra.

Afinal, foi assim que aconteceu quando, mesmo contra tudo e contra todos, ela tinha resolvido voltar para um namorado muito cretino que tivera quando ainda era muito nova. A outra podia até não concordar, até se preocupar por saber que aquilo acabaria em muito sofrimento para sua amiga, mas entendia que o coração prega peças, é mais dono da nossa razão do que podemos imaginar. E dava o suporte. Quem sabe sua amiga não tivesse tido certeza de que receberia o mesmo apoio, que a outra seria capaz de lhe oferecer reciprocidade...?

Então ela pediu um café e uma porção de pães de queijo (mesmo sabendo que isso era um crime contra a dieta que iniciara na última semana) e ficou pensando nos erros de avaliação que fizera ao longo da vida, com outras pessoas. Em algum momento sua amiga havia mudado e ela não percebeu. Talvez tivesse tentado lhe dizer das decisões que ia tomar, e ela não lhe deu abertura. Talvez, tivesse tentado até lhe pedir ajuda para decidir, mas ela estava preocupada demais em sobreviver a um ano difícil, em que a saúde, o coração e o trabalho estiveram muito mal, e foram massacrantes pra ela.

O fato é que tudo isso não teve explicação. Abriu uma cratera gigante em seu coração, como a imagem da cratera do metrô de São Paulo, engolindo tudo. De repente, tudo que ela acreditava não fazia mais sentido. Não sobrou nada. Só que ela olha pros lados agora, e no meio da enorme mágoa que ficou, vê um oceano de possibilidades. Vê relações mais leves. Vê pessoas interessadas em iniciar um novo caminho ao lado dela, em compartilhar a sua companhia, em curtir com ela muitas coisas... vê o quanto ela se limitava a cultivar algumas poucas relações tendo o mundo a sua frente. Vê que sim, é possível. Consegue enxergar conquistas advindas da tsunami. Foi difícil, ela bebeu muita água, mas está firme, como sempre. De pé.

Caia, mas de pé.


Começa a entender quando dizem que você pode levar uma pessoa até uma fonte de águas cristalinas, mas não pode obrigá-la a beber da água. É isso, as coisas mudam, desde que você mude primeiro. Tem muito a ver com o post anterior. Não tentar mudar os outros já é um grande entendimento.

E se alguém resolve mudar de caminho e prescindir da sua companhia, só o que se tem a fazer é torcer para que este alguém seja feliz, se um dia ele lhe foi importante. Porque a vida é isso. Como dizia a Elis, vivendo e aprendendo a jogar... nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas, aprendendo a jogar...