terça-feira, abril 07, 2009

O jogo [3]

Finalmente, o professor encerrou a aula, uma verdadeira tortura. Ela não consegue entender como alguns conseguem gostar daquela aula, gostar de ficar ali, olhando aquele cara divagando, bradando suas alucinações... desconfia que alguns o aturam apenas para serem convidados para suas fantásticas festas juninas no sítio... dizem que são imperdíveis.

Depois que o professor saiu da sala, o grupo ficou discutindo o trabalho. Uns, muito animados, dizem como pretendem fazê-lo. Outros estão se perguntando ainda "Será que eu entendi bem?", "Será que eu sei o que é pra fazer?", "Não é melhor nós falarmos com ele pra ver se compreendemos o que ele quer?", "É só pra fazer um relatório da visita, ou ele quer alguma coisa a mais?"...

Ela está cansada da aula e resolve dar um pulo na sala de apoio para ver se um dos dois computadores está vazio. Quer olhar seus e-mails pra ver se há alguma novidade. Anda fascinada com essa tal de internet, que aproxima as pessoas de uma maneira incrível. Mas, não, os computadores não estão vazios. Os dois estrangeiros estão lá, como de costume, aboletados sobre os computadores. Um deles ainda olha pra ela e pergunta se há espaço em seu armário, porque ele precisa guardar umas coisas. Ela até responde algo como "mas você não tem um armário só pra você?". E ele diz que o dele já está muito cheio e que precisa compartilhar o armário de alguém... Ela simplesmente se vira e vai embora, assustada com tanta cara-de-pau...

Ao sair do departamento, ouve a porta de ferro bater ameaçadoramente atrás dela e pensa: "puxa, esqueci desta porta de novo!"

Quando está quase chegando à entrada do bloco onde estuda, sente que alguém se aproxima por trás dela e pára. Ele vem de mansinho e sussurrando em seu ouvido diz: "Quer carona? Hoje eu queria te levar em casa..."

Mesmo sabendo que ele nunca está de brincadeira, ela aceita. "É mais um lance do jogo", ela pensa. "Vamos lá, vamos encarar!"

3 comentários:

Lady Shady disse...

Noooooossa!

Letícia disse...

E se não for jogo?

Rebecca Leão disse...

Quando não é jogo?