domingo, abril 26, 2009

O jogo - making of

Já deu para perceber que eu adoro escrever, não é mesmo? Escrever esta história foi uma experiência realmente bacana, porque me permitiu resolver uma série de questões internas que os anos de análise não haviam servido para tratar. Trabalhei os meus medos, os meus desejos, as minhas dificuldades, meus dilemas afetivos e, sinceramente, pude colocar um pouco de mim em cada um dos personagens.

A Tamara, personagem principal da história, era uma moça ingênua que acreditava no amor, que transava por amor - apesar de alguns leitores incentivarem uma postura motivada pela transa, pura e simplesmente - que queria muito encontrar o seu par. Naquela época, ela buscava ardentemente por alguém que a completasse e com quem ela pudesse construir uma vida. Não foi dessa vez, infelizmente, mas ela nunca deixou de tentar. Não havia na Tamara a segurança de uma mulher que já passou pela fase 'balzaquiana': ela era frágil demais emocionalmente para se aventurar a ser uma 'bad-girl'.

Ao João, eu destinei o perdão. Dei a ele o perdão por tudo que ele não disse, por todas as vezes que ele relegou a Tamara com um profundo e lacônico silêncio (como diz a minha irmã), daqueles que doem por dentro, justamente pela indiferença, ou pela incapacidade de dizer alguma coisa que demonstre afeto. Já que muitas vezes o João não disse nada, desta vez eu o fiz dizer. E mesmo no meio das suas dúvidas, ele foi sincero. Ele não sabia mesmo o que fazer e continuou a viver a vida sem saber o que fazer. Sempre foi e sempre será um perdido.

A Cecília também foi um personagem forte, que carreguei nas tintas do cuidado fraternal, quase maternal. Ela tem o excesso do carinho e do zelo de quem não tem importância pro outro e vive buscando uma maneira de se fazer presente. Ela cuida, mas não é cuidada. Ela ama, mas passa desapercebida. Ela é boa de coração, mas espera demais. Talvez, vivendo em Salvador e com uma família só dela, ela já tenha evoluído em alguma coisa.

Os outros dois personagens, para lá de coadjuvantes, são os estrangeiros. Eles foram os 'malas' da história, os caras chatos, inconvenientes, que ficam o tempo todo ocupando os computadores como se só eles tivessem o direito de usá-los e que se fazem de vítima e de coitados para que seus pedidos, por mais estapafurdios que sejam, sejam atendidos. Não que eu considere todos os estrangeiros assim - é claro que eles não são assim. Só que neste caso, os estrangeiros eram 'malas' mesmo, e sem alça.

Eu fui um pouco 'mala', um pouco perdida, um pouco desastrada nos meus afetos, um pouco afobada, um pouco mais segura, enfim, fui um pouco de tudo que eu escrevi nesta história, de todas as características que imprimi nos personagens. Tratei de me divertir muito cuidando da continuidade do texto e de escrevê-lo sempre - o máximo possível - no tempo presente, de modo a torná-lo interessante aos leitores que acompanhavam a história. Não sei quantos estavam lendo e se gostaram. Pelo menos, não recebi nenhum comentário indignado neste meio tempo.

Já tenho uma história nova na cabeça. Mas, agora, meu desafio será torná-la mais interativa. Vocês me ajudam?

Abraços e até a próxima!

3 comentários:

Letícia disse...

Ficou muito boa a história!
Adorei!
Beijos

Lady Shady disse...

hahaha! Sei bem quem incentivava a transa pela transa...
Repara não, querida, ando muito desacreditada no amor mas creio totalmente nas inúmeras possibilidades de diversão.
Escreve outra sim!
Várias!
bjs

Luis Paulo disse...

Valeu pela história. Mais ainda por desnudar a alma e confiá-la a nós. Aproveitei a carona para incorporar parte da Tamara e tentar exorcizar alguns fantasmas. Gostoso incenso!
Algumas almas permanecem crianças, no aspecto imaturo do conceito. E vão ainda vagar por muitos corpos até atingir a maturidade necessária para vivenciar a genuína entrega. Antes disso só existe medo e insegurança...
Aguardo ansioso muitos outros posts, sejam novelas, contos ou reflexões. Sempre valem a pena. Beijos.